14 março 2016

Empresa japonesa sai do Estaleiro Atlântico Sul (EAS)

O grupo tinha 33% de participação. As construtoras Camargo Corrêa e Queiroz Galvão continuam sócias do empreendimento e são investigadas pela Operação Lava Jato

Companhia japonesa IHI Corporationa deixa de ser sócia do Estaleiro Atlântico Sul (EAS)

O Estaleiro Atlântico Sul (EAS) sofre mais um golpe: a empresa de origem japonesa IHI Corporation (antiga Ishikawajima Harima Heavy Industries) saiu da composição acionária do empreendimento. Até então, o IHI era a grande parceira tecnológica da fábrica de embarcações instaladas no Complexo Industrial e Portuário de Suape. Informações do mercado indicam que os outros dois acionistas, as construtoras Queiroz Galvão e Camargo Correa, vão dividir a parte da sociedade que era da IHI do Brasil, o braço nacional da IHI Corporation. A Queiroz Galvão e a Camargo Corrêa estão sendo investigadas pela Operação Lava Jato que encontrou um esquema de corrupção milionário com fraudes em licitações realizadas pela Petrobras, chegando a condenar executivos de algumas empreiteiras, como a Odebrecht.

A saída dos japoneses levanta dúvidas sobre o futuro do empreendimento, atingido diretamente pela crise da Petrobras. No mercado, a principal dúvida é quem será o novo parceiro tecnológico do estaleiro. As duas outras sócias são da área de construção. Antes da saída da japonesa, as três tinham, cada uma, 33% das ações do empreendimento.

Ainda de acordo com informações do mercado, a gota da água para a saída da companhia japonesa ocorreu numa reunião realizada no último dia 27 de janeiro, quando foi divulgada uma proposta para aumentar o capital social do EAS em R$ 340 milhões. Os acionistas teriam que bancar esse investimento. Em 2015, foram realizados aportes no valor de R$ 500 milhões no EAS e o sócio japonês se recusou a colocar o valor equivalente a sua participação de 33% no capital do estaleiro.

A IHI entrou como acionista do EAS em 2013 com uma participação de 25% no empreendimento e um investimento de R$ 207 milhões na época. Depois, a participação do grupo japonês aumentou para 33%.

A Operação Lava Jato impactou diretamente o EAS. As principais encomendas do estaleiro eram da Transpetro, o braço de logística da Petrobras que reduziu os seus investimentos por causa da crise provocada pela Lava Jato, queda no valor do barril do petróleo, entre outros fatores. A Lava Jato também impactou diretamente a empresa Sete Brasil que tinha encomendado sete navios sonda ao EAS. Do total de encomendas, o EAS entregou sete embarcações à Transpetro e nenhuma à Sete Brasil.

O Atlântico Sul registrou, no ano passado, uma dívida de R$ 1,2 bilhão com instituições bancárias (principalmente o BNDES) e de R$ 2 bilhões com fornecedores. Nos últimos 17 meses, foram demitidos cerca de 3 mil funcionários.

O empreendimento era tido como um marco na retomada da indústria naval nacional.Ontem, a reportagem do JC entrou em contato com a assessoria de imprensa do EAS que não confirmou a operação. A assessoria de imprensa da Queiroz Galvão informou que não se pronunciará sobre o assunto por questões de confidencialidade entre as empresas acionistas. E a assessoria de imprensa da Camargo Corrêa pediu para a reportagem procurar a assessoria de imprensa do EAS. Ricardo B. Labastier Da Editoria de Economia Leia mais em jconline 11/03/2016

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