A Península, gestora de investimentos do empresário Abilio Diniz, vai ampliar sua atuação em private equity, para comprar participação em empresas, apurou o jornal "O Estado de S. Paulo".
A companhia quer fatias minoritárias em empresas que atuam nos setores de educação, consumo, varejo e bem-estar (negócio ligado à qualidade de vida), com a condição de ter voz ativa no conselho dessas companhias.
O tíquete médio para investimentos será entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões em cada negócio. Tradicionalmente, os fundos de private equity ficam entre três e cinco anos em cada negócio.
A Península pretende fazer investimento de longo prazo, de acordo com fontes familiarizadas com a operação.
O jornal apurou que já há conversas em andamento com algumas empresas, mas nada que possa ser fechado nas próximas semanas. Procurada, a gestora não quis comentar o assunto.
O fundo de private equity da Península já tem investimentos na Anima Educação, com 6% de participação, e na rede de padarias Benjamin Abrahão (fatia não revelada).
Com R$ 12 bilhões sob gestão, a Península chegou a analisar a compra de uma participação minoritária na Rede DOr, que teve neste ano aportes dos fundos GIC, Carlyle e Advent, mas não avançou, segundo fontes.
A companhia também avaliou recentemente a aquisição de imóveis no Brasil, em Portugal e em Nova York (lajes industriais), mas decidiu que não era o momento adequado para fechar o negócio.
A gestora dos Diniz divide seus investimentos em quatro segmentos de atuação: real estate (mercado imobiliário - o que inclui 62 lojas alugadas para o Pão de Açúcar), mesa de negociação (de moedas, renda fixa e ações de empresas nas quais não tem voz no conselho, como a Dufry), private equity e investimentos considerados estratégicos, como a gigante de alimentos BRF e Carrefour (participações na subsidiária do Brasil e na matriz).
Ao sair definitivamente do Grupo Pão de Açúcar (GPA), em 2013, varejista fundada pelo pai de Abilio em 1948, após um grande embate com o sócio francês Casino, a família Diniz decidiu turbinar os negócios da Península.
A equipe da gestora visitou cerca de 50 family offices (estrutura montada por famílias com grande soma de dinheiro disponível para investimento) pelo mundo, sob a coordenação da consultoria McKinsey, segundo fontes com conhecimento no assunto.
"Tradicionalmente, as family offices são mais conservadoras em seus investimentos durante a crise, focando mais em renda fixa. O caso da Península é exceção", disse um gestor de um grande fundo de investimento.
Para Herbert Steinberg, sócio da consultoria Mesa Corporate Governance, a gestão da Península funciona, na prática, como um fundo de investimento tradicional, com apostas em diversos segmentos.
"A gestora dos Diniz fez aportes relevantes em companhias importantes em parceria com fundos tradicionais, como a Tarpon na BRF."
Nesta semana, o empresário Abilio Diniz declarou, em Nova York, durante evento da BRF para analistas que "o Brasil está em liquidação, muito barato."
Carrefour
Os planos da Península para a rede varejista Carrefour são ambiciosos. Além da fatia de 12% na subsidiária brasileira, a gestora tem 5,07% na matriz francesa.
Nos próximos meses, a gestora quer reestruturar a subsidiária brasileira e depois abrir o capital da companhia. Com essa operação, a Península poderá aumentar sua fatia para 16%.
A gestora não descarta aumentar sua fatia no Carrefour global, se o investimento for considerado atrativo.
Principal concorrente do GPA, o Carrefour registrou queda nas vendas de 2,8% no terceiro trimestre na América Latina, mas conseguiu avançar em participação de mercado sobre o Grupo Pão da Açúcar por estar melhor posicionado no formato de atacarejo (mistura de atacado com varejo), com a bandeira Atacadão, segundo analistas de mercado.
Para ganhar mais mercado, boa parte das lojas do Carrefour está passando por reformas. Mônica Scaramuzzo, do Estadão Leia mais em exame 05/11/2015
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