14 setembro 2015

Setor de educação espera já ter passado pelo pior

A perda do grau de investimento da Standard & Poor's (S&P) não provocou estragos no setor privado de ensino superior como ocorreu quando houve a redução do Fies, programa de financiamento estudantil do governo, no primeiro semestre deste ano. A crença predominante no setor é que o Fies já passou por ajustes e as ações das companhias foram precificadas. Ainda assim, há ainda um temor de que um novo corte no orçamento atinja o programa estudantil. "A reação política da perda do grau de investimento não deve ser negligenciada e pode ser traduzida em risco de mais cortes no orçamento do Fies", disse Roberto Otero, analista do Bank of America Merrill Lynch (BofA).

"O setor de educação é mais resiliente e os efeitos da perda do grau de investimento da S&P podem ser indiretos com uma combinação de fatores macroeconômicos. Acredito que o programa do Fies já foi redesenhado e me surpreenderia se houvesse mais mudanças, mas há um risco diante deste cenário", disse Bruno Giardino, analista do Santander.

O diretor-executivo do Semesp (sindicato das instituições de ensino superior), Rodrigo Capelato, argumentou que não espera por uma fuga de investidores estrangeiros porque há ainda uma grande demanda no setor, uma vez que o número de brasileiros na universidade é baixo. Segundo dados do IBGE, apenas 16% dos trabalhadores brasileiros têm diploma de ensino superior. Já o consultor especializado em educação, Carlos Monteiro, tem uma visão mais pessimista e acredita que o custo do dinheiro vai aumentar e pode resultar em menos investimento, mais desemprego e obrigando o aluno a trancar ou postergar a matrícula.

No primeiro pregão, após o anúncio da S&P, os investidores não fizeram retiradas bruscas e os papéis das companhias de educação (com exceção da Ser Educacional que perdeu 4,66%) fecharam estáveis. "As ações de educação acompanharam o desempenho do Ibovespa, que fechou em 0,43%. As ações já estavam precificadas com as perdas do Fies", disse Giardino, analista do Santander.

A americana DeVry, que tem 11 instituições de ensino no Brasil, informou que também mantém seus investimentos no país, mas está incomodada com a oscilação do câmbio. "No longo prazo, o setor de educação continua valendo a pena. Mas a alta do dólar, com essa forte volatilidade, é preocupante. A unidade brasileira representa 10% da receita do grupo no mundo, mas com a desvalorização do real essa fatia diminui", disse Carlos Alberto Degas Filgueiras, presidente da DeVry Brasil. Segundo Degas, o patamar considerado extremamente preocupante é se o dólar atingir R$ 4,50 em 2016, considerando uma inflação entre 7% e 8%. "Os investimentos foram feitos com base num dólar a R$ 3,20. Agora, estamos próximos dos R$ 4, o que já é alto, mas a com inflação, o impacto é um pouco menor", disse o presidente da DeVry Brasil, destacando que espera que o anúncio de meta de superávit primário de 0,7% não seja só para acalmar o mercado. Fonte Valor Economico Leia mais em scoop.it 14/09/2015

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