15 julho 2015

Chineses da COOEC têm interesse no ERG

A China Offshore Oil Engineering Corporation (COOEC) tem interesse em entrar como sócia no Estaleiro Rio Grande (ERG), da Engevix Construções Oceânicas (Ecovix), segundo confirmaram fontes ouvidas pelo Valor. O estaleiro vem enfrentando dificuldades financeiras e busca alternativas para se capitalizar desde que a Engevix, sua controladora, foi envolvida nas denúncias da Operação Lava-Jato, que investiga desvios de recursos da Petrobras. A partir de 2016, o ERG vai precisar passar por uma capitalização em valor entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões.

Procurada para falar sobre o financiamento ao ERG, a CEF afirmou: “A Caixa Econômica Federal esclarece que as informações solicitadas são protegidas por sigilo bancário. No entanto, a Caixa ressalta que está cumprindo todos os procedimentos previstos em contrato.” Desde 2013, a Ecovix, dona do ERG, é controlada pelo grupo Engexiv em parceria com um consórcio de empresas japonesas lideradas pela Mitsubishi Heavy Industries (MHI). Os japoneses aportaram cerca de US$ 300 milhões para ficar com 30% da Ecovix.

O aporte de recursos será necessário considerando os investimentos já feitos no ERG, um estaleiro novo, e também o fato de que a empresa contava com financiamentos de bancos públicos, entre os quais da Caixa Econômica Federal (CEF), que até agora não foram liberados. Uma fonte disse que o ERG tinha parcela de R$ 62 milhões da CEF para receber, relativa a obras realizadas no estaleiro, mas o dinheiro não saiu. O ERG também tinha expectativa de receber mais de R$ 500 milhões em outro financiamento com recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM), fonte de financiamento de longo prazo para o setor, empréstimo que não se confirmou. Uma fonte disse que esse financiamento estava em negociação quando surgiram as denúncias da Lava-jato.

Uma fonte disse que os japoneses não têm condições hoje de fazer um aumento de capital no estaleiro, mas manifestaram intenção de permanecer com sua fatia na Ecovix apostando na demanda futura do setor. Há quem entenda no mercado que a permanência dos japoneses pode dificultar a entrada da COOEC no ERG. “Não há qualquer conflito societário ou de interesses. Há conversas que buscam olhar a estrutura de capital do estaleiro para a frente”, rebateu fonte próxima das discussões.

A situação do ERG, com caixa apertado, evidência a importância da entrada de novos investidores no capital do estaleiro. Fonte disse que há várias possibilidades sendo analisadas, entre as quais a entrada dos chineses, mas também o aporte de fundos de investimento. A Engevix tem interesse de vender sua participação como forma de livrar-se da dívida, disse outra fonte. Os japoneses, por sua vez, têm direito de preferência pelo acordo de acionistas em uma eventual venda da fatia acionária da Engevix, mas querem um sócio brasileiro para o negócio. Até agora, porém, não existe uma proposta dos chineses para comprar parte do ERG.

O interesse da COOEC no ERG faz sentido, dizem as fontes, uma vez que a empresa pertence ao mesmo grupo da China National Offshore Oil Corporation (CNOOC), sócia da Petrobras no campo de Libra, no pré-sal. O desenvolvimento de Libra vai demandar novas plataformas que poderão ser erguidas no ERG no futuro. Em maio, a COOEC fez acordo com o consórcio Integra (Mendes Junior / OSX) para assumir o contrato de integração de módulos das plataformas “replicantes” P-67 e P-70.

A MHI já disse que a Ecovix está em uma difícil situação financeira como resultado da Lava-Jato e da crise na Sete Brasil. Os japoneses afirmaram que continuam analisando medidas a serem tomadas. Fonte: Valor Econômico – Francisco Góes e Cláudia Schüffner Leia mais em Sinaval 09/07/2015

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