A iniciativa de expansão da Telefónica SA no Brasil por meio de aquisições acaba de receber um impulso. O motivo é que, após encontrar um comprador para sua empresa britânica, a empresa se coloca em posição de receber cerca de US$ 15 bilhões.
Os recursos provenientes da venda da O2 à Hutchison Whampoa Ltd. permitiriam que a operadora de telefonia espanhola reduzisse suas dívidas e realizasse negócios no Brasil, onde está reforçando sua unidade local, disse Carlos Winzer, analista da Moody's Investors Service. A Moody's classifica a Telefónica em Baa2, o segundo mais baixo grau de investimento, com uma perspectiva negativa.
A Telefónica vem estudando uma aliança no Brasil com a Oi SA e a América Móvil SAB na qual as três comprariam, em conjunto, a TIM Participações SA para depois dividi-la, disseram fontes familiarizadas com as negociações. O Brasil é o segundo maior mercado da Telefónica e o crescimento no país supera o da Europa.
"A prioridade número 1 deles é reduzir a dívida e promover a consolidação no Brasil", disse Andrés Bolumburu, analista do Banco de Sabadell SA que tem um rating de "compra" para as ações da Telefónica. "Haverá espaço suficiente para ambas as coisas porque eles receberão bastante dinheiro".
As operadoras brasileiras estão buscando consolidar um mercado no qual a base de novos usuários potenciais está encolhendo e os investimentos bilionários em redes, exigidos pelos órgãos reguladores, estão prejudicando as margens de lucro. Em um sinal de que os negócios estão esquentando, a Telefónica fechou um acordo para compra da GVT, a unidade de banda larga da Vivendi SA, por 7,69 bilhões de euros (US$ 8,6 bilhões), no ano passado, superando a Telecom Italia SpA na disputa.
'Exercício de equilíbrio'
A Hutchison, que pertence ao bilionário Li Ka-shing e é dona da operadora Three no Reino Unido, e a Telefónica disseram hoje que iniciaram negociações exclusivas para venda da O2. O acordo depende da análise de informações (due diligence) e de aprovação regulatória e provavelmente não será fechado antes de 2016.
A Telefónica disse no início de 2014 que sua dívida líquida ficaria em menos de 43 bilhões de euros no ano em um momento em que a empresa está se empenhando para manter sua classificação de crédito. Em novembro, a operadora com sede em Madri disse que a dívida estava em 45 bilhões de euros. A empresa tentou, sem sucesso, vender a O2 em dezembro para a BT Group Plc, que em vez disso escolheu comprar a operadora de telefonia celular EE.
"A Telefónica precisará realizar um exercício de equilíbrio entre desalavancagem, despesas de capital, fusões e aquisições e remuneração aos acionistas", disse Winzer.
Entre as outras opções da Telefónica está a de aumentar sua participação na unidade Telefonica Deutschland Holding AG por meio da compra da participação de 20,5 por cento da Royal KPN NV na empresa alemã, disseram analistas da SNS Securities hoje em uma nota. A fatia está avaliada em cerca de 3 bilhões de euros.
Mais flexibilidade
É certo que ainda existem vários obstáculos às ambições da Telefónica no Brasil. A TIM está estudando a aquisição da Oi, um acordo que poderia tornar mais difícil a aquisição da TIM pela Telefónica. Qualquer consolidação no Brasil enfrentaria, ainda, a análise dos órgãos reguladores do país.
Ao participar de um negócio para compra da TIM, que é controlada pela Telecom Italia, a Telefónica reforçaria sua posição de número 1 do mercado brasileiro de telefonia celular. A TIM, que tem um valor de mercado de cerca de US$ 12 bilhões, é atualmente a número 2. A Claro SA, controlada pela América Móvil, é a terceira maior operadora, seguida pela Oi.
A Oi também deverá receber fundos de potenciais negócios. Uma reunião de acionistas realizada em Lisboa, ontem à noite, eliminou um obstáculo para a venda dos ativos portugueses da empresa, que geraria mais de US$ 8 bilhões em recursos.
Um representante da Telefónica preferiu não comentar. Em seu comunicado, divulgado hoje, a Telefónica disse que a venda da O2 "melhora a flexibilidade financeira" da empresa, sem dar mais detalhes.
Em novembro, o diretor financeiro da Telefónica, Ángel Vilá Boix, disse que a empresa será favorável a uma maior consolidação no Brasil "se e quando isso acontecer". Bloomberg Rodrigo Orihuela Leia mais em Uol 23/01/2015
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