O negócio tem custo de R$2,18 bilhões
A companhia de investimentos em participações GP Investments anunciou no fim de domingo a venda da empresa de infraestrutura de rede de telecomunicações sem fio BR Towers para uma subsidiária da American Tower Corporation.
A transação envolve 100 por cento das ações da BR Towers, incluindo participações detidas pelos demais acionistas da empresa, com um valor proposto de 2,18 bilhões de reais.
O montante corresponde a um valor aproximado de 250 milhões de dólares para a participação de 41 por cento de fundos da GP Investments na BR Towers. (Por Marcela Ayres) reuters | Leia mais em exame 16/06/2014
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American Tower paga R$ 2,18 bi por mais de 4300 antenas no Brasil
A GP Investments anunciou a venda do controle da BR Towers à norte-americana American Tower Corporation, que comprará 100% da empresa brasileira de construção e compartilhamento de torres em negócio de R$ 2,18 bilhões.
Em fato relevante enviado ao mercado na noite de domingo, 15/06, a GP Investments informou que o montante avalia sua participação de 41% na BR Towers em cerca 250 milhões de dólares, gerando um retorno bruto de 2,8 vezes o capital investido na empresa. Fundada por fundos da GP Investments em 2012, a BR Towers opera mais de 4.300 torres em todo o país, incluindo ativos que foram comprados das operadoras de telefonia Vivo e Oi.
A aquisição pela American Tower engloba a totalidade das ações da BR Towers, incluindo as detidas por demais acionistas e por coinvestidores dos fundos da GP Investments. O negócio também está sujeito a determinadas condições suspensivas, como a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), disse a GP no comunicado, acrescentando que o valor proposto de 2,18 bilhões de reais poderá ser ajustado em função da performance da BR Towers até o fechamento da transação.
O anúncio da GP é feito na sequência da venda, na semana passada, de sua fatia na empresa brasileira de gestão de frota Sascar à Michelin por cerca de 260 milhões de dólares. Segundo a GP, a venda das participações na BR Towers e na Sascar vão gerar um impacto no valor patrimonial líquido (NAV) por ação de 0,67 real ante base registrada em 31 de março, após comissões, retenções e impostos aplicáveis às duas transações. Fonte: Agência Reuters | Leia mais em Convergência Digital 16/06/2014
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Com venda da BR Towers, GP sai do setor de telecomunicações
Depois que as operadoras de telecomunicações decidiram que as torres não são mais o mesmo ativo estratégico do início da privatização do setor, esse mercado tem se mantido agitado. Vivo, Oi, TIM e Nextel passaram a vender suas torres, enquanto a América Móvil (dona da Claro, Net e Embratel) segue na contramão, decidida a manter esses ativos. Na sexta-feira à noite foi a vez dos gestores de torres fazerem um movimento. A GP Investments assinou contrato para a venda de 100% da BR Towers para a concorrente American Tower por R$ 2,18 bilhões (cerca de US$ 978 milhões considerando a taxa de câmbio atual).
O negócio consolida a American Tower na liderança do mercado de torres no Brasil. Com o novo ativo, estima-se que a companhia passará de 11,7 mil para 16 mil torres próprias e administradas. No ano passado, a American Tower comprou a MIP Tower Holding, controladora da Global Tower Partners, que tinha 7,1 mil torres no país. Procurada pelo Valor, a American Tower não respondeu ao pedido de entrevista.
Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o Brasil tinha 66 mil torres em operação até abril. Desde 2012, as teles aceleraram um processo de venda desses ativos. A ideia é deixar o balanço “mais leve” e levantar recursos para fazer novos investimentos. Oi, Vivo e Nextel já fizeram isso. A expectativa agora está em torno da TIM, que já anunciou decisão semelhante e pode movimentar US$ 1 bilhão.
A venda da BR Towers retira a GP Investiments completamente do setor de telecomunicações, disse ao Valor o presidente-executivo da GP Investiments, Antonio Bonchristiano. Não há definição se o grupo voltará a investir no setor. A negociação para a venda da empresa começou no fim de 2013, com a necessidade de capitalização.
“O capital inicial de setembro de 2012 tinha se exaurido, a empresa precisava de capital novo”, disse Bonchristiano. Para apresentar sugestões, contratou os bancos Bradesco e Deutsche Bank. Este último aconselhou a gestora a conversar com os concorrentes. Pelo interesse que a companhia despertava, desde o início já se sabia que a estratégia de grupos rivais seria comprá-la integralmente. Por isso, seria lógico que dessem mais valor ao ativo em uma aquisição, do que os investidores financeiros.
“Então, tomamos a decisão difícil de vender a BR Towers, em vez de continuar trabalhando com a empresa. Seria difícil levantar capital e concorrer na compra de novas torres”, afirmou Bonchristiano. Neste mês, o grupo GP vendeu sua fatia de 49% na Sascar Participações por US$ 260 milhões para a Compagnie Financiere du Groupe Michelin “Senard et Cie”.
O valor do contrato entre as duas companhias ainda poderá ser ajustado dependendo da performance da BR Towers até o fechamento da transação. O prazo para isso ainda não pode ser determinado porque depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Até ontem à noite o Cade ainda não havia recebido notificação das empresas sobre a transação, informou a autarquia ao Valor. Só após notificado, o Cade publica um edital no “Diário Oficial da União” para tornar a operação pública e abrir o caso para análise. Por lei, a autarquia tem prazo de até 370 dias para avaliar se o processo envolve concentração de mercado e concluir seu trabalho.
Pelo contrato firmado entre as duas companhias, o total da venda equivale a cerca de US$ 250 milhões atribuído à participação de 41% do GPCPV (controlador da BR Towers) no capital total da BR Towers e vai gerar um retorno bruto de 2,8 vezes o capital investido e uma taxa interna de retorno (TIR) bruta estimada em 67% em dólares, em cerca de dois anos (ou 3,1 vezes o capital investido e TIR de 75% em moeda local) para o GPCPV. O valor da transação está sujeito a eventuais ajustes.
A BR Towers tem em carteira 4,3 mil torres. Mas, como tem um contrato com a Vivo para construir mais 300 torres, pode ser que até a transferência do controle o volume de ativos alcance 4,6 mil, estima Bonchristiano.
Na opinião de João Paulo Bruder, analista de mercado telecom da IDC Brasil, a aquisição para a American Tower representou um importante atalho para a empresa ficar com os ativos sem ter de negociar os contratos com cada operadora e as licenças com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
A BR Towers tem 60 funcionários e registrou receita líquida de R$ 42 milhões no primeiro trimestre deste ano, com o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 36 milhões e margem Ebitda de 86%. Embora Bonchristiano não comente projeções, uma fonte próxima ao grupo informou, há alguns meses, que a expectativa era atingir um Ebitda de R$ 120 milhões neste ano.
Maurício Giusti ainda continua na presidência da BR Towers. Durante entrevista ao Valor no ano passado, o executivo, que trabalhou dez anos na Telefônica, até 2010, disse que a BR Towers estava investindo R$ 1,1 bilhão entre aquisições e construção de torres. A empresa já estava presente em 1,4 mil municípios e em todos os Estados.
Bonchristiano não relacionou a tendência de as teles venderem todas as suas torres a gestores como motivo para a GP se desfazer da BR Towers. “O mercado é promissor e vai precisar de muito investimento. O fato de as empresas de telecomunicações estarem vendendo torres é positivo e nos levaria a permanecer no setor. Existem mais torres para serem compradas, o mercado ainda vai crescer”, afirmou.
Para o sócio da consultoria Value Partners, Francesco Pellegrino, as torres são uma operação financeira, as operadoras não têm foco nisso para rentabilizar o negócio. Ao vendê-las, a vantagem financeira é imediata para elas, disse. Valor – Ivone Santana e Gustavo Brigatto – Leia mais em telecom 17/06/2014
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