Os fundos de pensão que estão sob guarda-chuva da Bonaire Participações, empresa que detém 15,1% do capital da CPFL Energia, contrataram o banco J.P. Morgan para "sondar" o apetite do mercado. O Valor apurou que a ideia é avaliar o interesse de potenciais compradores, mas os fundos não têm pressa em deixar o capital da companhia paulista, um dos maiores grupos do setor elétrico do país.
As fundações fazem parte do fundo de investimento Energia São Paulo FIA, que é controlado é pela Bonaire. Participam da empresa os fundos de pensão Petros (ligado à Petrobras), Fundação Cesp (ligada às empresas do setor elétrico), Sabesprev (da Sabesp) e Sistel (ligado à empresas de telecomunicações).
A Bonaire é a terceira maior acionista da CPFL, atrás da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, que detém 30% do capital da elétrica, e da construtora Camargo Corrêa, que possui 24,4%. O restante das ações está em circulação no mercado.
A participação da Bonaire na CPFL pode render algo próximo a R$ 3 bilhões aos fundos de pensão. A empresa vale atualmente perto de R$ 19 bilhões na BM&FBovespa, e, entre as elétricas negociadas na bolsa, fica atrás apenas da Tractebel, geradora controlada pelo grupo francês GDF Suez, cujo valor de mercado está em R$ 22 bilhões.
Por não ter concessões de geração prestes a vencer, a CPFL não foi alcançada pelo decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff, que renovou ou extinguiu os contratos, em 2012. No setor de distribuição, porém, as subsidiárias da CPFL têm se submetido a ciclos de revisão tarifária, assim como todas companhias, o que tem reduzido suas margens.
Mas a participação no capital da CPFL ainda é vista pelos de fundos de pensão como um "belíssimo ativo", nas palavras de um executivo consultado pelo Valor, para quem a qualidade da empresa é indiscutível, principalmente quando comparada a outras empresas do setor elétrico. O banco J.P. Morgan foi contratado para "consultar" investidores. Os fundos querem medir a temperatura do mercado, tendo em vista as recentes reviravoltas no setor elétrico.
Outra fonte afirma que são infundados os rumores de que a Camargo Corrêa teria contratado um assessor financeiro para vender sua participação na companhia. O Valor apurou que o grupo não tem planos, por ora, de sair da empresa.
A CPFL é a maior empresa de distribuição de energia em volume vendido, com uma participação de mercado no país de 13%. A empresa também é a maior comercializadora de energia no mercado livre, além de atuar no segmento de geração, com participações em hidrelétricas. A empresa detém ainda 58,8% de participação indireta na CPFL Renováveis, maior empresas de geração de energia de fontes alternativas, como eólica, térmicas a biomassa (bagaço de cana) e solar.
Em 2013, a CPFL pagou R$ 931 milhões em dividendos, o que representou um "dividend yield" (rendimento sobre o preço da ação) de 4,8% em 12 meses.
O lucro líquido da companhia, contudo, foi 21,4% menor no ano passado se comparado ao obtido em 2012, totalizando R$ 950 milhões. O resultado refletiu a terceira revisão tarifária.
(Valor Econômico)
TALITA MOREIRA/CLAUDIA FACCHINI | Leia mais em e-usinas 17/04/2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário