Especialistas avaliam que setor de renováveis deve ser o mais movimentado; Internacionalização também pode ganhar força
Apesar do cenário deteriorado, repleto de indefinições, especialistas avaliam que as empresas do setor elétrico devem repetir o movimento de 2013 e continuar apostando em fusões e aquisições para ampliar atuação não apenas no Brasil, mas também no exterior.
Levantamento da KPMG, divulgado na última semana, aponta para um crescimento de 10% no número de operações em 2013. No total, foram 33 negociações, sendo 21 domésticas, ou seja, envolvendo empresas de capital estrangeiro.
De acordo com Paulo Guilherme Coimbra, sócio da KPMG. O número surpreendeu. "Levando-se em conta todas as mudanças que aconteceram no final de 2012, o setor deu uma resposta muito
rápida", disse.
Coimbra acredita que os movimentos devem se intensificar nos próximos dois ou três anos."O que prevemos é um processo de consolidação, mesmo sem números tão grandes de transações", disse.
Ao analisar segmento por segmento, Guilherme Valle, sócio da PwC Brasil, acredita que o de energias renováveis deve registrar o maior número de operações. "O atual cenário, de instabilidade hídrica, favorece o aquecimento do mercado de outras fontes, como as eólicas, por exemplo", disse.
A maior transação de 2014 até o momento aconteceu dentro deste escopo. A CPFL Renováveis incorporou 100% dos ativos da Dobrevê Energias Renováveis, o que fez seu portfólio saltar para 2.117,4 MW em capacidade total contratada, aumento de 19%. Saiba mais.
A empresa, que no final do ano passado anunciou em meados do ano passado a compra de eólicas da Rosa dos Ventos, promete manter o apetite. "Continuamos de olho nas oportunidades do mercado", disse o presidente André Dorf", disse. Dinheiro para gastar é o que não falta. A companhia realizou sua oferta pública inicial de ações no ano passado e captou mais de R$1 bilhão junto ao mercado.
A Braxenergy anunciou recentemente que está no mercado. A empresa quer vender todos os seus ativos de geração para focar em transmissão. Helcio Camarinha, diretor executivo da companhia, apontou a instabilidade econômica e regulatória pela qual está passando o setor elétrico brasileiro está passando como a principal motivo para a mudança.
Para Valle, as transações envolvendo distribuidoras devem ficar em stand by no momento. "O movimento da Energisa (que comprou o Grupo Rede) foi muito pontual. Sem a definição do marco regulatório, fica difícil de imaginar o que pode acontecer", disse, referindo-se à renovação das concessões, cuja definição deverá ser anunciada pelo governo nos próximos meses.
Em transmissão, Coimbra disse que muitas transações foram realizadas em um passado recente, o que deixa pouco espaço para novas iniciativas.
Também deve ganhar força em 2014 a internacionalização de empresas brasileiras. "O Brasil tem muitas empresas competentes na construção de grandes projetos, capitalizadas, que podem liderar esse movimento. Isso já aconteceu em outras áreas, como a de frigoríficos e mineração. A Cemig é um grupo que merece destaque", afirmou o sócio da KPMG.
Recentemente, a empresa mineira admitiu ao mercado interesse em participar do processo de privatização da colombiana Isagem, que possui um portfólio de 2212MW, sendo 1912MW de hidrelétricas e 200MW de térmicas. "Esta oportunidade se insere na estratégia de desenvolvimento delineada pelo Plano Diretor da Cemig, que busca um crescimento equilibrado, nos segmentos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, tanto por via orgânica através de novos projetos quanto por via de fusões e aquisições, tendo como principal compromisso o crescimento sustentável e a agregação de valor para os acionistas no longo prazo", disse o diretor de Finanças e Relações com Investidores da companhia, Luiz Fernando Rolla, em comunicado publicado pela empresa.
Movimentos contrários, ou seja, de estrangeiros apostando no setor elétrico brasileiro, também devem ser registrados. Valle destaca a força das chinesas. "A State Grid é um player que veio para ficar", disse.
Outra empresa que está ganhando espaço é a China Three Gorges (Três Gargantas), que recentemente adquiriu participações da EDP Energias do Brasil nas hidrelétricas São Manoel (700MW, recém-arrematada), Cachoeira Caldeirão (219MW) e Santo Antônio do Jari (373,4MW). A companhia chinesa é acionista da Energias de Portugal (EDP), controladora da empresa brasileira.
Por Maria Domingues | Leia mais em jornaldaenergia 07/03/2014
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