O Facebook Inc. FB +0.35% está gastando US$ 2 bilhões para entrar na área da realidade virtual. No mundo real, o negócio ressalta a corrida acirrada entre as gigantes da indústria de tecnologia para manter o domínio num mundo digital em rápida mutação.
A aquisição da Oculus VR ocorreu apenas semanas após a rede social ter comprado a empresa de mensagens de celular WhatsApp por US$ 19 bilhões. Recentemente, o Google Inc. GOOG -0.64% pagou US$ 3,2 bilhões pela empresa de automação residencial Nest Labs.
O Facebook e o Google, assim como a Amazon Inc. e a Apple Inc., AAPL -0.02% querem todos ser o dono da plataforma que as pessoas usam para se comunicar, fazer compras e se divertir. A disputa é alimentada pela capacidade de gastar dessas empresas — o valor de mercado total delas supera US$1 trilhão — e pelo exemplo das hoje apagadas estrelas de tecnologia que não evoluíram rápido o suficiente.
Isso está provocando uma das maiores ondas de aquisições e investimentos já vista desde a era das pontocom, no fim dos anos 90. O Facebook e o Google, em particular, têm ampla liberdade para fazer grandes investimentos graças à alta de suas ações e os direitos de "supervoto" de seus fundadores (ações especiais que representam um número de votos desproporcionalmente maior que seu peso econômico).
O diretor-presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, "está ciente de todas as grandes empresas que morreram porque se acomodaram com as suas conquistas", diz Jeff Richards, sócio-gerente da firma de capital de risco GGV Capital.
O Facebook tem se interessado por redes sociais com grande base de usuários, já que procura atrair mais pessoas à sua esfera e adquirir mais dados sobre elas para fins de publicidade. Em 2012, ele adquiriu o aplicativo de compartilhamento de fotos Instagram, por US$ 1 bilhão.
O Google busca ir além da geração de informações, criando ferramentas de comunicação, entretenimento e transporte, entre outras. Ele já produziu laptops, smartphones, dispositivos para transmissão de vídeo, além de relógios e óculos inteligentes, e investe em empresas de robótica e inteligência artificial.
A Apple e a Amazon têm sido menos audaciosas, mas têm investido os lucros de seus principais negócios em áreas como vídeo e meios de pagamento.
A Apple, tradicionalmente focada em eletrônicos de consumo sofisticados, está investindo em transmissão de TV em tempo real e, com cautela, busca entrar na indústria de publicidade.
Já a Amazon se aventurou bem longe do varejo on-line, o núcleo de seu negócio, fazendo múltiplas apostas no futuro, desde a transmissão de vídeo até a computação em nuvem e seu próprio aparelho móvel: o Kindle Fire.
As quatro empresas competem para ter o maior controle possível sobre o ecossistema tecnológico. No jargão do Vale do Silício, é tudo uma questão de controlar "a plataforma".
A maioria dos serviços do Google e do Facebook é gratuita. Os usuários pagam, em essência, oferecendo informações pessoais. Quanto mais detalhes souberem sobre os usuários, mais podem cobrar dos anunciantes para atingir clientes potenciais.
A Amazon e a Apple não são essencialmente empresas de publicidade, mas a Apple negocia espaços publicitários nos aplicativos para o iPhone e o iPad. Elas também coletam vários dados. A Amazon quer tornar o ato de comprar o mais simples possível. A Apple sabe o que os usuários assistem, ouvem e jogam.
Todas estão amplamente conscientes das consequências de não se adaptar rapidamente. A Yahoo Inc., YHOO -0.10% por exemplo, perdeu sua liderança nas buscas na internet para o Google e nunca se recuperou completamente. A Microsoft MSFT +1.84% ainda tenta avançar na área de smartphones, tendo feito outra investida com sua pendente aquisição da divisão de telefones da Nokia Corp. NOK1V.HE +0.37%
"A razão principal das companhias fracassarem, na minha opinião, é que elas não viram o futuro", disse o diretor-presidente do Google, Larry Page, numa conferência na semana passada.
No início da revolução dos aparelhos pessoais, os sistemas operacionais da Microsoft eram as plataformas dominantes na computação pessoal. A ampla base de usuários atraiu desenvolvedores que criaram aplicações, de planilhas a jogos, que mantiveram os usuários na órbita da Microsoft.
Já a Apple conquistou uma liderança inicial na era dos smartphones, à medida que usuários e desenvolvedores se uniram em torno do iPhone. Mas o Google contra-atacou com seu sistema operacional Android. Hoje, cerca de 80% dos smartphones no mundo usam o Android.
O Facebook também transformou sua rede social baseada na internet numa plataforma. Ele atraiu desenvolvedores para criarem jogos que os usuários pudessem jogar uns com os outros. Mas com a chegada da revolução móvel, o Facebook se deu conta de que estava à mercê da Apple e do Google.
Os "wearables", ou aparelhos usados no corpo, podem ser um campo de batalha. O Google lançou o Android Wear, sistema operacional para os relógios inteligentes (os "smartwatches") e outros dispositivos do gênero. A Apple está desenvolvendo um relógio inteligente, segundo fontes, e contratou especialistas da área médica para ajudá-la a desenvolver aparelhos para monitorar o desempenho físico e a saúde das pessoas.
"A história indica que mais plataformas estão por vir", disse Zuckerberg na terça-feira. As companhias que possuírem essas plataformas vão "se beneficiar financeiramente e estrategicamente". Zuckerberg disse acreditar que a realidade virtual pode ser outro campo de batalha por plataformas, com muitos serviços potenciais, além de jogos, que podem se tornar úteis a consumidores.
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O Facebook tem mais de um bilhão de usuários e seu negócio com anúncios está crescendo rapidamente. Mas Zuckerberg teme uma mudança radical que torne a rede social obsoleta. "Sabemos que as plataformas que operamos vão evoluir nos próximos dez anos", disse.
Na sede do Facebook, em Menlo Park, Califórnia, uma placa na fachada exibe o símbolo do "curtir" da rede social: uma mão fechada com o polegar apontado para cima. No verso, escondido pelas árvores, ainda aparece o nome da Sun Microsystems Inc., que ocupou o local antes de ser engolida pela Oracle Corp., ORCL +3.73% em 2009. O Facebook deixou o nome da Sun lá para lembrar a si próprio o que acontece com empresas que não inovam.
(Colaboraram Daisuke Wakabayashi e Greg Bensinger.)
Por REED ALBERGOTTI e ROLFE WINKLER CONNECT Leia mais em Thewallstreetjournal 28/03/2014
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