Com a conclusão da venda do porto Sudeste, a MMX, de Eike Batista, está concentrando seus esforços em encontrar um sócio para seus negócios de mineração, afirmou ontem o presidente da companhia, Carlos Gonzalez. Segundo ele, a busca por parceiros está em fase avançada e o negócio deve ser fechado ainda no primeiro semestre. "Tivemos a grata surpresa de ter bastante propostas. Algumas delas já estão em fase de auditoria [due diligence]", disse o executivo em teleconferência.
Ontem, a companhia concluiu a venda de uma fatia de 65% do Porto Sudeste, principal ativo da companhia, para a Impala, uma divisão da holandesa Trafigura, e para a Mubadala, uma empresa de investimentos de Abu Dhabi, por US$ 400 milhões.
Na operação, os dois novos controladores do porto assumiram a dívida bancária de R$ 1,3 bilhão da MMX, deixando o negócio de mineração praticamente sem passivos, o que diminui o risco para interessados no negócio, afirmou Gonzales.
A MMX tem um projeto de mineração em Serra Azul, já operante, e cuja fase de expansão - que levaria a produção de 15 milhões de toneladas para 29 milhões - está parado por falta de recursos. A empresa tem os direitos minerários da cidade mineira de Bom Sucesso, mas que ainda não saíram do papel.
No Porto do Sudeste, localizado em Itaguaí (RJ), os novos sócios já aportaram quase US$ 100 milhões dos US$ 400 milhões totais da operação desde o fim do ano passado para que as obras não fossem interrompidas, disse Mariano Marcondes, membro do conselho do Porto Sudeste ao Valor. "A gente pagou alguns juros devidos, para que não houvesse atrasos na obra", explicou o executivo.
Os dois novos sócios têm participações iguais no consórcio que formaram para adquirir o controle do porto, mas a operação ficará a cargo da Impala, que já atua nesse segmento em 30 países. O conselho do Porto Sudeste do Brasil terá sete conselheiros: três representantes da Impala, três da Mubadala e um da MMX, que segue com os 35% restantes no negócio.
O executivo afirmou que a previsão para o início da operação do porto permanece para agosto deste ano. A meta é embarcar um total de 7 milhões de toneladas de minério ainda em 2014, vindos principalmente da MMX. Esse montante que deve passar para entre 34 milhões e 36 milhões já no próximo ano. Para 2015, a estimativa é que a capacidade total de embarque chegue a 50 milhões.
Hoje, o porto tem contratos assinados com a MMX, de 7 milhões de toneladas, com opção de mais 6 milhões; e com a Mineração Usiminas (Musa), de 12 milhões de toneladas. Os novos controladores já estão em conversas com outros possíveis interessados em embarcar minério no porto. Sem revelar nomes, Marcondes diz que são empresas de pequeno e médio porte.
O conselheiro disse que 75% dos investimentos de R$ 4 bilhões previstos para a primeira fase do porto já foram executados. Os cerca de R$ 1 bilhão restantes serão empenhados até o início da operação do porto. Uma segunda fase do projeto, para atingir a capacidade de 100 milhões de toneladas, já está nos planos, mas ainda em fase de avaliação. Segundo Marcondes, as empresas examinando o orçamento dessa possível expansão e não há cronograma fechado para que ela ocorra.
Questionado se prevê contratar novas dívidas, o executivo afirmou que a previsão é que isso só ocorra na eventual expansão. "A gente hoje está bem equacionado com o capital que vai colocar no porto, já para a expansão é outra coisa", afirmou. Marcondes preferiu não dar detalhes sobre a reestruturação da dívida bilionária assumida da MMX no negócio, alegando motivos contratuais. O conselheiro se limitou apenas a dizer que a renegociação com credores envolveu a extensão de prazos para pagamento.
A conclusão da venda impulsionou os papéis da MMX na bolsa. Ontem, as ações terminaram o dia em alta 5,28%, a R$ 3,19.
Fonte: Valor Econômico/Marta Nogueira e Natalia Viri
Fonte: portosenavios 28/02/2014
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