08 novembro 2013

Um quinto dos 500 maiores bancos mundiais pode desaparecer nos próximos anos

100 dos maiores bancos mundiais podem ser desmantelados ou ser alvo de aquisição nos próximos anos, de acordo com a consultora McKinsey que antecipa uma consolidação "radical" no sector e um certo "regresso às origens".

Entre os 500 maiores bancos do mundo, 20% vão desaparecer nos próximos anos através de duas maneiras: ou são adquiridos por rivais em condições financeiras mais fortes, ou serão desmantelados e divididos em bancos de menor dimensão.

 A previsão consta do relatório anual da McKinsey sobre o sector bancário mundial, divulgado esta quinta-feira, onde a consultora antecipa uma “correcção radical” no sector, que será implementada sobretudo através de fusões e aquisições.

 Este movimento de fusões e aquisições também terá forte impacto no número de bancos universais, que deverá baixar para menos de 10, face aos actuais 25. A McKinsey antecipa este movimento com a necessidade dos bancos aumentarem o retorno aos seus accionistas, o que levará as instituições financeiras menos rentáveis a ser alvo de aquisição. Entre as 100 que irão desaparecer estarão também as que não se conseguirem adaptar-se às novas condições de mercado na sequência da crise financeira. 

Além disso, a McKinsey antecipa que os bancos vão deixar de ter como objectivo assegurar uma actividade global e universal, para se focarem antes em determinados produtos e regiões. Daí a queda mais acentuada no número de bancos universais e globais para cerca de uma dezena.

 A McKinsey defende que a estratégia dos bancos deve passar por um “regresso às origens”, para evitar as “armadilhas” que podem levar o fim das instituições. “Os bancos que forem apanhados nestas armadilhas têm maior probabilidade de estarem nos 20% de instituições mundiais que, na nossa estimativa, podem vir a ser alvo de aquisições nos próximos anos”, refere o relatório, citado pelo “Telegraph”.

 A estimativa da McKinsey aponta para que a rentabilidade dos capitais próprios (ROE) dos 500 maiores bancos tenha subido para 8,6% em 2012, contra 7,9% um ano antes. Contudo, excluindo operações extraordinárias, o ROE desceu para 7%, afastando-se cada vez mais do custo médio do capital, que a consultora estima situar-se entre 10 e 12%.

 No pico da crise financeira, em 2008, o ROE desceu para um mínimo de 4%, quando antes de 2006 se situava-se em torno de 20%.

 É a descida acentuada deste indicador, reflexo da redução da actividade e da dificuldade em reduzir custos, que leva a McKinsey a estimar uma forte onda fusões e aquisições na indústria financeira nos próximos anos.

 Fritz Nauck, director da consultora internacional, acredita que os maiores bancos que tenham um ROE abaixo do custo do capital e transaccionem em bolsa abaixo do valor contabilístico serão colocados à venda. Em declarações à Bloomberg, citou como exemplo o que se passou aquando da crise bancária dos anos 80, que desencadeou uma dinâmica que fez com que, nos 20 anos seguintes, o número de instituições tivesse caído para cerca de metade.

 “Penso que não precisamos nem de chegar perto desse número [de redução e bancos], mas haverá uma indústria financeira mais forte para os clientes, reguladores, se os bancos mais fracos puderem ser absorvidos e geridos pelos bancos mais fortes”, acrescentou Fritz Nauck.
Fonte: jornaldenegocios 07/11/2013

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