100 dos maiores bancos mundiais podem ser desmantelados ou ser alvo de aquisição nos próximos anos, de acordo com a consultora McKinsey que antecipa uma consolidação "radical" no sector e um certo "regresso às origens".
Entre os 500 maiores bancos do mundo, 20% vão desaparecer nos próximos anos através de duas maneiras: ou são adquiridos por rivais em condições financeiras mais fortes, ou serão desmantelados e divididos em bancos de menor dimensão.
A previsão consta do relatório anual da McKinsey sobre o sector bancário mundial, divulgado esta quinta-feira, onde a consultora antecipa uma “correcção radical” no sector, que será implementada sobretudo através de fusões e aquisições.
Este movimento de fusões e aquisições também terá forte impacto no número de bancos universais, que deverá baixar para menos de 10, face aos actuais 25. A McKinsey antecipa este movimento com a necessidade dos bancos aumentarem o retorno aos seus accionistas, o que levará as instituições financeiras menos rentáveis a ser alvo de aquisição. Entre as 100 que irão desaparecer estarão também as que não se conseguirem adaptar-se às novas condições de mercado na sequência da crise financeira.
Além disso, a McKinsey antecipa que os bancos vão deixar de ter como objectivo assegurar uma actividade global e universal, para se focarem antes em determinados produtos e regiões. Daí a queda mais acentuada no número de bancos universais e globais para cerca de uma dezena.
A McKinsey defende que a estratégia dos bancos deve passar por um “regresso às origens”, para evitar as “armadilhas” que podem levar o fim das instituições. “Os bancos que forem apanhados nestas armadilhas têm maior probabilidade de estarem nos 20% de instituições mundiais que, na nossa estimativa, podem vir a ser alvo de aquisições nos próximos anos”, refere o relatório, citado pelo “Telegraph”.
A estimativa da McKinsey aponta para que a rentabilidade dos capitais próprios (ROE) dos 500 maiores bancos tenha subido para 8,6% em 2012, contra 7,9% um ano antes. Contudo, excluindo operações extraordinárias, o ROE desceu para 7%, afastando-se cada vez mais do custo médio do capital, que a consultora estima situar-se entre 10 e 12%.
No pico da crise financeira, em 2008, o ROE desceu para um mínimo de 4%, quando antes de 2006 se situava-se em torno de 20%.
É a descida acentuada deste indicador, reflexo da redução da actividade e da dificuldade em reduzir custos, que leva a McKinsey a estimar uma forte onda fusões e aquisições na indústria financeira nos próximos anos.
Fritz Nauck, director da consultora internacional, acredita que os maiores bancos que tenham um ROE abaixo do custo do capital e transaccionem em bolsa abaixo do valor contabilístico serão colocados à venda. Em declarações à Bloomberg, citou como exemplo o que se passou aquando da crise bancária dos anos 80, que desencadeou uma dinâmica que fez com que, nos 20 anos seguintes, o número de instituições tivesse caído para cerca de metade.
“Penso que não precisamos nem de chegar perto desse número [de redução e bancos], mas haverá uma indústria financeira mais forte para os clientes, reguladores, se os bancos mais fracos puderem ser absorvidos e geridos pelos bancos mais fortes”, acrescentou Fritz Nauck.
Fonte: jornaldenegocios 07/11/2013
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