O grupo belga Solvay, controlador da Rhodia, anunciou ontem a aquisição da fábrica da empresa de especialidades químicas Erca no Brasil. Nessa operação foram incluídas a unidade fabril da companhia, instalada em Itatiba, no interior de São Paulo, e o portfólio de produtos de formulações para as áreas de cuidados pessoais e agronegócios.
O investimento total foi de R$ 100 milhões. Esse valor também já prevê o projeto de expansão da fábrica programado para o início do ano que vem, disse Valdirene Licht, vice-presidente da Solvay Novecare (produtos de alto desempenho) para a América Latina.
"Essa aquisição é estratégica, uma vez que vai permitir a ampliação de nosso portfólio para a produção de especialidades químicas no País", afirmou a executiva. A Erca, uma multinacional de capital italiano, atua no Brasil com formulações químicas para as áreas têxtil e construção, mas esses portfólios ficaram de fora da transação. "Fizemos uma parceria com a Erca para fornecer esses produtos para eles no País."
A produção de especialidades químicas da companhia belga no Brasil estava, até então, concentrada na fábrica do grupo em Santo André (no ABC Paulista). Essa unidade do ABC será desativada nos próximos 18 a 24 meses e toda a produção será concentrada em fábrica de Itatiba, que terá investimentos para ampliação da capacidade. Os funcionários da unidade do ABC já foram avisados sobre a transferência de produção.
"Com a compra dos ativos da Erca, vamos dobrar nossa capacidade de produção de surfactantes e especialidades químicas no País para atender aos mercados de agroquímicos, cuidados pessoais, tintas, mineração e óleo e gás", disse a executiva. De acordo com Valdirene, as divisões de agronegócios e personal care crescem acima de dois dígitos no País e a aquisição deverá atender uma demanda crescente nesses dois mercados. "A operação vai reduzir nossa dependência de importação de insumos", afirma.
Desde 2010, a companhia belga tem realizado pesadas aquisições na área de especialidade química para reforçar sua posição nesse segmento. Em 2010, comprou uma unidade na China e no ano passado fechou uma aquisição na Índia. Uma outra unidade foi adquirida este ano nos Estados Unidos. "A compra da Erca marca a intenção do grupo de crescer no Brasil e expandir seus negócios na América Latina", disse Valdirene.
Com faturamento global de 12,4 bilhões de euros no ano passado, a divisão de Novecare da Solvay é a maior em receita da companhia. No Brasil, onde o grupo registrou faturamento de US$ 1,4 bilhão no ano passado, a participação desse negócio ainda é pequena. "A aquisição dos ativos da Erca deverá elevar a importância dessa área para o grupo, que prevê exportar especialidades químicas a partir da unidade brasileira", diz Valdirene.
Desinvestimento.
No ano passado, o grupo belga anunciou que deverá fazer desinvestimentos em áreas consideradas não estratégicas para a companhia para se dedicar a especialidades químicas e negócios com margens mais atraentes. Os ativos de PVC do grupo - um deles no Brasil e outro na Argentina - foram incluídos nesse pacote. A fábrica de PVC da Solvay no País está instalada em Santo André e a da Argentina na região da Baía Blanca. A petroquímica nacional Braskem é apontada pelo mercado como uma das fortes interessadas nesse negócio.
Com forte dependência de importações de insumos, as indústrias químicas devem encerrar este ano com recorde no déficit da balança comercial do setor. No acumulado dos últimos 12 meses, o déficit se mantém em US$ 32 bilhões. Nesse período, as importações somaram US$ 46,2 bilhões e as exportações, US$ 14,2 bilhões. CÁTIA LUZ/COLABOROU MÔNICA SCARAMUZZO
Fonte: O Estado de S.Paulo 23/11/2013
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