Há cinco anos, Tiago Moura Mendonça assumiu o comando de uma das empresas de sua família, uma rede de lojas de materiais de construção de Minas Gerais, chamada ABC da Construção. Foi seu avô, que tinha uma bagagem de anos no ramo, quem fundou a empresa em 1990. Quando se sentou na cadeira de diretor-presidente, Mendonça, que à época tinha apenas 27 anos, começou a pôr em prática mudanças para profissionalizar e expandir o negócio.
Na semana passada, ele fechou um acordo para uma injeção de R$ 70 milhões na empresa. O objetivo é dar base a um plano de crescimento ambicioso: até 2016, passar das atuais 32 lojas para 90 unidades e elevar o faturamento para R$ 500 milhões - este ano deve ficar um pouco abaixo de R$ 180 milhões. Hoje, diz o empresário, a ABC já é, em número de lojas, a maior varejista do ramo de construção em Minas.
Parte dos R$ 70 milhões virá da própria família do empresário.
Parte virá da Conedi Participações, uma companhia da família Menin - fundadora e proprietária da construtora MRV. As duas são mineiras.
"Eu tinha sido procurado por fundos, mas esse relacionamento mais próximo [com os Menin] vai nos ajudar melhor a concretizar nossos planos de expansão", disse Mendonça. O diretor-presidente da Conedi (holding que atua como investidora em diversas empresas pelo país) é outro jovem herdeiro empresarial, João Vitor Menin, filho de Rubens Menin, da MRV. Rubens é também o presidente do conselho da Conedi, que para essa operação com a rede de materiais de construção foi assessorada pelo banco BTG Pactual.
Os Menin terão participação nas decisões da ABC da Construção, por meio de sua participação no conselho administrativo da empresa. As partes não revelaram qual a fatia de cada uma no aporte de R$ 70 milhões.
O varejo de material de construção brasileiro - que de janeiro a agosto registrou alta de vendas de 7% em volume e de 10% em valor, segundo dados do IBGE - tem chamado a atenção de investidores e também de grupos internacionais. O maior e mais recente movimento nessa área foi feito pelo grupo chileno Falabella, que entrou no país com a compra do controle da Dicico, numa operação de R$ 388 milhões.
Tiago Mendonça já havia feito uma operação de captação em 2011. A Fir Capital investiu um montante não divulgado, que ajudou a ABC da Construção, diz o empresário, a contratar uma diretoria profissional e a adotar métodos de governança - os resultados passaram a ser auditados pela KPMG.
Formado em engenharia, Mendonça enveredou pela administração. Completou seus estudos nessa área na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio e em IAE Grenoble, na França.
A ampliação no número de lojas da ABC já está em andamento. "Definimos 40 locais e os nossos planos são abrir essas lojas nos próximos 18 meses. Já estamos treinando equipe", disse Mendonça.
As novas unidades serão principalmente em Minas Gerais. O objetivo é consolidar a presença em regiões onde a ABC já opera e estrear em outras. "Esse caixa vai nos permitir avaliar oportunidades de atuar em outros Estados e também de algumas aquisições."
A ABC concorre com grandes redes, como Leroy Merlin e Telha Norte, e com uma miríade de lojas locais, que no interior conta com uma clientela fiel - e que em muitos casos faz uma concorrência desleal e difícil por causa da informalidade, segundo Mendonça.
Mesmo assim, a ABC tem crescido ao ritmo de 40% ano. "O nosso plano de expansão prevê pelo menos manter essa taxa de crescimento". Para ele, o desempenho está diretamente associado às melhorias em sua empresa, mas também à elevação da renda e ao aumento do número de famílias com casa própria, graças ao crédito imobiliário mais fácil.
Além da expansão da rede e de possíveis aquisições, estão nos planos de Mendonça a criação de uma plataforma para compras on-line. "Esse novo aporte será todo para a expansão. A empresa tem zero de dívida líquida", disse. Marcos de Moura Souza | Valor Econômico
Fonte: ademi 04/11/2013
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