O banco Santander anuncia hoje uma parceria no Brasil com a empresa sueca de pagamentos móveis iZettle, apurou o Valor. Nos moldes da associação que os dois firmaram no México, em junho deste ano, a aliança tem como objetivo fortalecer a atuação do banco junto a pequenos e médios lojistas. A iZettle fabrica um leitor de cartões que, ao ser acoplado a um celular, permite ao comerciante aceitar uma transação de pagamento eletrônico sem a tradicional máquina POS (Point of Sales, na sigla em inglês). Procurados, tanto Santander como iZettle não comentaram o assunto.
O acordo prevê que a iZettle possa distribuir seu leitor de cartões usando a rede de agências do Santander no Brasil. O equipamento desenvolvido pela companhia permite tanto a captura de cartões que usam a tarja magnética como aqueles com chip, caso da maior parte dos meios de pagamento brasileiros. É a mesma tecnologia oferecida por empresas como Square ou PayPal, no exterior, e, no Brasil, pela PagPop. Em inglês, o aparelho é conhecido como "dongle".
Criada em 2010 na Suécia, a iZettle atua no continente europeu em países como Alemanha, Reino Unido e Espanha - nos dois últimos também em conjunto com o banco espanhol. Em junho, o Santander investiu ? 5,2 milhões na empresa de pagamentos pouco antes de anunciar que atuariam juntos no México. Além do Santander, a iZettle já recebeu investimentos de outros grandes nomes da indústria de pagamentos, como MasterCard e American Express.
Para os pequenos e médios lojistas, a vantagem desse tipo de tecnologia é lhes permitir aceitar cartões sem pagar o aluguel mensal de uma máquina POS. Segundo dados mais recentes divulgados pelo Banco Central, em média, o preço por mês pago pelos lojistas por uma maquininha dessas estava na casa de R$ 64, em junho do ano passado.
No México, país com acordo semelhante ao que será anunciado no Brasil, o lojista paga apenas uma vez pelo leitor da iZettle, sendo que clientes do banco têm desconto. O lojista não paga mensalidades, apenas a tradicional taxa de desconto (MDR, na sigla em inglês) que também é cobrada pelas credenciadoras tradicionais. O MDR é calculado como um percentual sobre as transações e, no caso mexicano, é de 3,75% em compras de cartões com chip.
Desde que começou a operar na captura de compras com cartão no varejo, em 2010, o Santander Brasil concentra seus esforços em pequenos e médios comerciantes. Em um modelo de negócios que adota também em outros países, como o próprio México, o banco espanhol combina os serviços de credenciadora com a venda de outros produtos bancários - como linhas de crédito - aos pequenos lojistas.
A credenciadora de cartões do Santander capturou R$ 17,97 bilhões em transações no varejo no primeiro semestre, quase o dobro do registrado em igual período de 2012. O banco detém hoje uma fatia próxima de 5% das transações em cartões, ainda distante das duas líderes desse segmento, a Cielo e a Redecard. Até o fim deste ano, a meta é chegar aos 7%.
A Cielo, controlada por Bradesco e Banco do Brasil, também oferece aos lojistas a possibilidade de captura de transações via um celular smartphone, sem o uso de uma máquina POS. A tecnologia criada pela credenciadora, porém, não usa um leitor de cartões separado, apenas um aplicativo instalado no celular, onde o lojista digita os dados do cartão do cliente. O serviço é chamado de Cielo Mobile.
Em 2012, passaram pelo Cielo Mobile R$ 94,3 milhões em transações, ante R$ 29,78 milhões em 2011. Os principais clientes da ferramenta são lojistas do setor de serviços. Por Felipe Marques | Valor Econômico
Fonte: contraf 27/08/2013
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