As duas principais interessadas em ingressar no mercado brasileiro de negociação de ações para competir com a BM&FBovespa agora são uma só. Em mais uma etapa no processo de consolidação global das bolsas de valores, as americanas Bats Global Markets e Direct Edge confirmaram ontem os planos de fusão entre as companhias.
Juntas, as empresas formarão a segunda maior bolsa americana, com uma participação de mercado de aproximadamente 20,5%. As plataformas de negociação de ambas as companhias continuarão em operação, mas agora sob a tecnologia e a marca da Bats. O negócio, cujo valor não foi revelado, depende de aprovação dos órgãos reguladores.
As duas bolsas anunciaram há dois anos a intenção de criar plataformas de negociação de ações concorrentes à BM&FBovespa. A Bats, porém, desistiu do projeto no ano passado, enquanto a Direct Edge manteve os planos, mas ainda não formalizou o pedido à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para atuar no país.
A fusão anunciada ontem não interfere na iniciativa de atuação no mercado brasileiro, segundo Anthony Barchetto, chefe da área de estratégia da Direct Edge. "Continuamos avançando no processo e estamos em contato com nossos assessores legais no Brasil para definir as condições para formalizar o pedido na CVM", afirma.
A principal barreira de entrada de concorrentes no país está na chamada "pós-negociação", quando ocorrem os serviços de compensação (clearing) e custódia dos ativos. A única empresa que presta esse serviço no país é a CBLC, da BM&FBovespa. A bolsa, porém, só aceita oferecer serviços a terceiros após o processo de integração de suas quatro clearings, cuja conclusão está prevista para o fim de 2014.
A Direct Edge continua em conversas com a BM&FBovespa, mas como a fusão com a Bats deve ser fechada até o primeiro semestre do ano que vem, o cronograma de entrada no Brasil não deve ser afetado, segundo Barchetto.
Em junho, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu uma consulta ao mercado para receber sugestões sobre os impactos na regulação com a entrada da concorrência entre plataformas de negociação no Brasil. A Direct Edge enviou seus comentários e aguarda o resultado do processo para ingressar oficialmente na autarquia com um pedido para atuar no país. "Acreditamos que o regulador caminha na direção correta", diz.
Em um evento realizado em junho do ano passado na sede da CVM, as duas bolsas apresentaram visões distintas sobre a atuação no Brasil. Enquanto a Bats defendeu um modelo verticalizado, com a constituição de uma clearing própria para atender aos negócios realizados na plataforma, a Direct Edge sempre apontou uma solução que envolvesse o uso da CBLC. Questionado sobre o assunto, Barchetto diz que a decisão final será tomada conforme avançar a integração com a Bats, mas afirma que a intenção por ora é se valer dos serviços da BM&FBovespa.
Até o momento, apenas a ATS Brasil, resultado de uma parceria da brasileira Americas Trading Group (ATG) com a Nyse Euronext, formalizou a intenção de concorrer com a BM&FBovespa no mercado de negociação de ações. A empresa não revelou como pretende lidar com a clearing, mas disse que a questão está "equacionada" e que não depende dos serviços da bolsa para entrar em operação.Autor(es): Por Vinícius Pinheiro | Valor Econômico
Fonte: clippingmp 27/08/2013
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