07 março 2013

Gafisa negocia venda de Alphaville com Sam Zell e mais dois interessados

A construtora Gafisa está negociando a venda da loteadora Alphaville Urbanismo, e três potenciais compradores estão na disputa, segundo fontes próximas à negociação informaram à 'Broadcast', serviço em tempo real da 'Agência Estado'. 

 O grupo de interessados é composto pela gestora de recursos GP Investimentos em parceria com a Equity International, do investidor americano Sam Zell; pela gestora Hemisfério Sul Investimentos (HSI, ex-Prospéritas), controladora da loteadora concorrente Cipasa; e um terceiro interessado do setor financeiro, não revelado pelas fontes. 

 As propostas para compra serão apresentadas no dia 22. A negociação para venda da Alphaville é a segunda etapa de uma movimentação que começou em setembro do ano passado, quando a Gafisa informou que havia iniciado a "análise de opções estratégicas" para a loteadora, o que incluía a possibilidade de venda ou abertura de capital (IPO, na sigla em inglês). 

 A intenção da Gafisa é gerar valor para os acionistas no longo prazo. Atualmente, a incorporadora é dona de 80% da empresa de loteamentos, que está avaliada em R$ 1,8 bilhão. A fatia de 20% pertence a Alphapar e está em processo de venda, sob arbitragem, para a Gafisa. 

 A venda da Alphaville, porém, ainda não está decidida. Parte do conselho de administração da Gafisa é a favor do negócio, sob o argumento de que a loteadora não tem sinergia com os demais segmentos (construção e incorporação de imóveis residenciais). Além disso, a venda serviria para reduzir a dívida do grupo, que totalizava R$ 2,94 bilhões até o terceiro trimestre do ano passado, com alavancagem (relação entre dívida e patrimônio líquido) de 106%, um dos índices mais altos do setor. 

 Já a outra parte dos conselheiros e o próprio presidente da Gafisa, Duilio Calciolari, não gostariam de se desfazer da Alphaville e cogitam a abertura de capital. Como a loteadora tem resultados operacionais e marca forte no setor, o apelo entre investidores seria grande em um eventual IPO, explicam as fontes. "Por enquanto, todas as cartas estão na mesa", disse uma das pessoas próximas da negociação. "Mas quando as propostas forem apresentadas, o conselho terá que bater o martelo." 

 Compradores. 
Em setembro, o banco de investimentos Rothschild foi contratado pela Gafisa como assessor financeiro para organizar as opções de negócio com a loteadora. De lá pra cá, cerca de 20 gestoras, fundos e empresas de construção, incluindo concorrentes diretas, foram olhar de perto a Alphaville. Entre os pretendentes reais e meros curiosos, três foram considerados aptos a apresentar as propostas vinculantes, de acordo com as fontes. 

 Um deles é a Equity, de Sam Zell, velho conhecido da Gafisa. O investidor foi acionista relevante até 2010, quando vendeu sua participação pouco antes de a companhia começar a enfrentar atrasos de obras, estouros de orçamentos e cancelamentos de vendas que culminaram no prejuízo total de R$ 1,1 bilhão em 2011. Nos Estados Unidos, Zell fez fortuna e ficou conhecido por entrar em empresas quebradas, reerguê-las e sair com bons rendimentos. Em 2012, chegou a sondar a compra da Tenda, construtora que faz parte do grupo Gafisa e passa por reestruturação. Mas o negócio não foi adiante, pois os gestores consideraram o valor da oferta baixo. 

 Dessa vez, a investida sobre Alphaville tem um perfil diferente. Ao contrário de Gafisa e Tenda, que estão se recuperando, a loteadora está "redondinha", segundo as fontes. A empresa tem a maior rentabilidade entre as divisões do grupo e sua participação no total de negócios é crescente. Os lançamentos da Alphaville somaram R$ 1,3 bilhão em 2012, 38% mais do que em 2011. 

 "O ganho (de Sam Zell) estaria em levar a Alphaville à bolsa após a compra", cogitou uma das fontes. "Primeiro, ele deixa que o porco engorde mais um pouco e depois busca o IPO", avaliou. "O momento é bom para um IPO. O ano passado foi fraco para a bolsa, e o mercado está carente de papel de qualidade", disse a segunda fonte. 

 Procurados, Gafisa, GP, HSI e Equity International não comentaram a questão.  Por CIRCE BONATELLI, 

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