Depois de vender a rede de ensino de inglês Wise Up por R$ 877 milhões, empresário aposta em equipe da Flórida
Próximo passo é construir estádio para até 25 mil pessoas; popularidade do esporte cresce no país
Do cheque especial para uma escola de inglês para uma rede de ensino em seis países. E agora, o futebol.
Após vender a Wise Up e toda a holding que cresceu em seu entorno, no mês passado, Flávio Augusto da Silva, 41, dá os primeiros passos no seu novo projeto. Quer se tornar o primeiro brasileiro dono de um time numa liga top do esporte nos EUA.
Em fevereiro, o carioca comprou o Orlando City, da Flórida, clube fundado em 2010 e que hoje disputa uma espécie de terceira divisão no país. Sua ideia é aproveitar o plano de expansão da MLS (Major League Soccer, a principal liga dos EUA) e adquirir uma franquia para jogar o campeonato a partir de 2015.
O empresário estima seu investimento entre US$ 60 milhões e US$ 80 milhões (R$ 117 milhões a R$ 156 milhões) e espera contrapartida semelhante da Prefeitura de Orlando, do condado e do Estado.
"Temos um estudo que mostra que o time pode atrair US$ 1,3 bilhão [R$ 2,5 bilhões] para a região nos próximos 30 anos", diz Silva, à Folha.
Caso ele consiga replicar no futebol o sucesso da empreitada anterior, os torcedores do Orlando City terão motivos para comemorar.
A fortuna de Silva foi construída em 18 anos. Em 1995, após raspar os R$ 20 mil do cheque especial, abriu uma escola de inglês, a Wise Up, na rua da Alfândega, no centro do Rio. Seis meses depois, abriu uma unidade em São Paulo, na avenida Paulista.
Em fevereiro, vendeu para a Abril Educação o grupo que construiu, incluindo marcas como Put2gether, Wise Up Teens e Lexical, com unidades em EUA, Colômbia, México, Argentina e China. O valor do negócio foi R$ 877 milhões.
Segundo ele, um movimento não está ligado ao outro. "A negociação com o Orlando City já vinha acontecendo. Acima de tudo, vi ali uma boa oportunidade."
Sua lógica: "Os EUA são o maior mercado do mundo e o futebol é o esporte mais popular do mundo. Não tem como não ser destaque. Enquanto muita gente ainda acha que o futebol é o esporte do futuro nos EUA, tenho estudos que mostram que já é uma realidade. E ainda está com preço de passado".
AUDIÊNCIA E ESTÁDIO
De fato, a temporada passada registrou os maiores índices de audiência na TV americana: 6,5% de crescimento no cabo e 79% na TV aberta, com a mudança da Fox para a NBC. Nos estádios, a média de público alcançou 18.807 torcedores por partida, ante 12.983 do Campeonato Brasileiro de 2012.
Não por coincidência, a primeira providência agora é construir um estádio com capacidade para de 20 mil a 25 mil pessoas, exigência da cúpula da MLS.
A iniciativa é alvo de polêmica na Flórida, com uma parcela dos moradores defendendo investimentos em outras áreas. Mas uma sondagem do site do jornal "Orlando Sentinel", feita na semana passada, indicou apoio de 91% dos internautas.
O fato de ter um dono brasileiro também começa a dar frutos. Em junho, o Orlando vai receber o Fluminense, atual campeão brasileiro, para um jogo amistoso. E Silva promete um reforço "de primeira linha internacional, brasileiro" para 2015.
"Peladeiro de fim de semana" assumido, Silva não acha que a falta de experiência seja um empecilho para o novo negócio: "Também nunca fui professor de inglês". FÁBIO SEIXAS DO RIO
Fonte: Folha de São Paulo 10/03/2013
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