A Infosys anunciou, ontem, a aquisição da consultoria Lodestone, da Suíça. A compra é parte do controvertido plano da segunda maior empresa de desenvolvimento de sistemas de tecnologia da informação (TI) da Índia, em volume de vendas, para redirecionar seu foco a negócios de maior valor.
Sediada em Bangalore, a Infosys recentemente reduziu sua previsão de receita para o próximo ano fiscal para cerca de US$ 7,5 bilhões. A empresa informou, ontem, ter chegado a um "acordo definitivo" para comprar a consultoria de Zurique, em um negócio totalmente em dinheiro, citando o valor da empresa em 330 milhões de francos suíços (US$ 349 milhões).
A notícia segue-se a declarações repetidas do grupo de que iria empregar suas reservas de caixa de US$ 3,7 bilhões na compra de companhias que a ajudassem a entrar em novos mercados e desenvolver produtos mais sofisticados.
A administração da empresa, no entanto, tem sido atacada por investidores e analistas. Eles temem que sua estratégia "Infosys 3.0" não esteja conseguindo melhorar o desempenho da empresa, ou reparar a diferença crescente entre as receitas e os lucros da companhia frente aos da líder de mercado Tata Consultancy Services.
O desempenho fraco da companhia também ocorre no momento em que as empresas especializadas em software sob encomenda da Índia lutam contra o fraco crescimento econômico dos mercados americano e europeu, destino de que quase todas as exportações do setor.
"Uma base importante de nossa estratégia Infosys 3.0 é a ampliação de nossos negócios de consultoria e integração de sistemas. A aquisição se encaixa perfeitamente nessa estratégia", disse S.D. Shibulal, executivo-chefe da Infosys.
Em entrevista recente ao "Financial Times", Shibulal disse que pretende acelerar as aquisições na Europa para rebalancear a receita do grupo - da qual dois terços vêm do desenvolvimento de sistemas básicos de TI - e fazê-lo crescer fora de seus maiores mercados, os Estados Unidos e o Reino Unido.
A Lodestone é especializada em serviços de consultoria baseados em softwares criados pela SAP, da Alemanha, e a agregação de seus 200 clientes ajudará a Infosys a aumentar as receitas na área para mais de US$ 1 bilhão, segundo a própria companhia.
Analistas disseram, ontem, que o negócio provavelmente agradará aos investidores, que anseiam por resultados da estratégia de Shibulal, mas alertaram que a aquisição de uma empresa suíça relativamente pequena não deverá reorientar as operações da Infosys.
"Ela [a aquisição] está ocorrendo no lugar certo, visto que a Lodestone tem uma presença na Europa continental, especialmente na Suíça e na Alemanha, uma região onde a Infosys vinha querendo aumentar sua importância nos últimos anos", disse Ankur Rudra, analista da Ambit, uma corretora de Mumbai. "Dito isso, a aquisição vai contribuir com um aumento de apenas 10% em sua receita de consultoria, e de 3% a 4% da receita total, de modo que eles precisarão de mais dessas aquisições se quiserem conseguir algo com sua estratégia de negócios de maior valor." Por James Crabtree | Financial Times, de Mumbai(Tradução de Mário Zamarian)
Em expansão no Brasil, companhia avalia impactos
A Infosys passa por um momento de expansão no Brasil. Planeja contratar mais 200 funcionários até o fim do ano e abrir um escritório em São Paulo até o início de 2013. Nos últimos seis meses, a empresa informou ter fechado vários novos projetos, o que está exigindo uma estrutura maior no país.
Os eventuais reflexos da aquisição da consultoria Lodestone pela Infosys nos negócios no Brasil ainda não estavam claros ontem. O principal executivo da subsidiária brasileira, o indiano Puneet Gill, disse que ainda precisava analisar os possíveis efeitos que a incorporação poderá trazer para os negócios locais.
Sediada em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, a Infosys tinha, até o início do ano, 16 clientes no Brasil. Os novos projetos - a companhia indiana não revela quem são os clientes - são com empresas estrangeiras que mantêm operações no Brasil. Apenas um é com uma companhia brasileira.
A empresa vem aumentando seu quadro de funcionários desde que se instalou no Brasil, em outubro de 2009. Começou com 20 pessoas; em março já eram 200; este mês, 300. O objetivo é chegar a 500 até o fim do ano.
No edifício de cinco andares, onde está instalada, a Infosys procura novas salas para acolher o aumento no quadro de funcionários. Em sua estratégia de ampliação, a direção da companhia disse que também estuda abrir um escritório em São Paulo, entre o fim do ano e o início de 2013. Atualmente, a empresa mantém mais de cem funcionários na cidade, que ficam baseados nas instalações dos clientes.
A Infosys não divulga números sobre faturamento no Brasil. Globalmente, fechou 2011 com uma receita de US$ 6,82 bilhões. O peso da subsidiária no Brasil ainda é pequeno, segundo disse Gill ao Valor, em março.
Na ocasião, o executivo contou que um dos desafios da subsidiária era conquistar empresas brasileiras. Seus clientes eram e continuam sendo multinacionais com operações no Brasil.
A multinacional indiana não tem laboratório de desenvolvimento de softwares no Brasil. Mas, entre os serviços que presta no país estão a adaptação de softwares para as condições locais, para facilitar o trabalho com os clientes, além da terceirização de processos de negócios de TI (Business Process Outsourcing). O BPO envolve, por exemplo, a responsabilidade por folhas de pagamentos, impostos e outras rotinas.
Seus clientes no país atuam, entre outros setores, nos ramos de alimentos e bebidas, varejo e laboratórios farmacêuticos. Por Marcos de Moura e Souza | De Belo Horizonte
Fonte: Valor Econômico 11/09/2012
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