Empresas de tecnologia se destacam por procurar profissionais com veia empreendedora, capacidade de inovar e sem medo de arriscar. O problema é que essas pessoas muitas vezes já estão empreendendo, inovando e arriscando – nos seus próprios negócios. Nesses casos, uma oferta de trabalho não basta. A melhor solução para garantir os talentos é levar a empresa toda.
Na semana passada, Google e Facebook fizeram aquisições que exemplificam uma tendência que ganha destaque nos últimos dois anos. O chamado “acqui-hiring”, junção de “acquire”, do “adquirir” em inglês, e “hire”, tradução de “contratar”, é o ato de comprar uma empresa tendo como principal objetivo absorver os profissionais dela.
Na última sexta-feira, o Google comprou a startup francesa de aplicativos para e-mail Sparrow. De acordo com um porta-voz da empresa americana, todos os cinco funcionários da Sparrow agora fazem parte do time que desenvolve o Gmail. No comunicado oficial, o CEO da startup, Dom Leca, diz que o serviço continuará a existir, mas não receberá mais grandes mudanças. Tudo o que for produzido de novo será feito dentro e para a ferramenta de e-mail do Google. “Estamos entrando para a equipe do Gmail para alcançar uma nova visão, que achamos que podemos desenvolver melhor com o Google”, diz.
No mesmo dia, o Facebook anunciou a aquisição da startup canadense de aplicativos Acrylic Software, que está se mudando para a sede da empresa, na cidade americana de São Francisco, para fazer parte da área de design da rede social. “Há uma oportunidade no Facebook de causar um impacto maior na vida das pessoas”, explica o fundador, Dustin MacDonald, no blog oficial da equipe.
Para Edson Rigonatti, sócio do fundo de investimento Astella, focado em empresas inovadoras, a principal motivação para as empresas recorrerem a esse tipo de “recrutamento” é a dificuldade de encontrar profissionais com o talento específico que eles procuram – empreendedores por natureza. “Tem gente que não quer ser funcionário, que prefere correr o risco junto com você”, diz.
Já para os profissionais, há a vantagem de ter à disposição uma plataforma maior – e a perspectiva de ser sócio, e não apenas um colaborador. Ele explica que os casos de “acqui-hiring” sempre envolvem pagamento em ações ligadas ao desempenho dentro da nova empresa, geralmente alinhado com o desenvolvimento de um produto específico. “Assim, podem ganhar muito mais com ações do que ganhariam com um salário”, explica. Pela experiência de Rigonatti na Astella, a tendência, também no Brasil, é que mais empresas apostem nesse tipo de saída quando não conseguem contratar.
Uma situação parecida aconteceu com o site de cursos on-line Portal Educação e a startup de aulas de inglês EnglishVox. Há cerca de dois anos, o portal adquiriu a EnglishVox numa compra em que não levou o CNPJ da empresa, mas os ativos e o presidente da startup, Guilherme Dias. Na época, Ricardo Nantes, fundador do portal, precisava de alguém para liderar a área comercial, e viu em Guilherme, que já conhecia por causa de uma parceria comercial, o profissional perfeito. Junto com o novo diretor, vieram os cursos de inglês que a EnglishVox já vendia para o Portal Educação.
Dias recebeu o pagamento pela sua parte da EnglishVox em ações do portal e virou um dos quatro sócios da empresa. Os outros 11 sócios da EnglishVox receberam pagamentos em dinheiro que terminaram em abril deste ano. Segundo Dias, dar a notícia de que ele estava partindo para outra não foi simples. “Mas eles sabiam que nós estávamos competindo com players de fora, muito fortes, e perdendo”, explica. Ao mesmo tempo, o Portal Educação adquiriu o know-how e os produtos de uma área que ainda não fazia parte do negócio deles. Por Letícia Arcoverde Leia mais em:
Fonte:Valor Econômico27/07/2012
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