Sequoia Capital se diz motivada pelo amplo mercado do país
Fundo com Apple, Google e LinkedIn no portfólio quer investir no Brasil em empresas já estabelecidas
Uma das maiores firmas de venture capital (capital de risco) do Vale do Silício, nos EUA, a Sequoia Capital desembarca no Brasil em julho.
Presente na Índia, na China, em Israel e com gigantes da tecnologia no portfólio como Apple, Google, Instagram e LinkedIn, o fundo chega motivado pelo mercado consumidor e pelo nível de adesão do brasileiro à tecnologia.
"Estou me mudando para São Paulo para abrir nosso escritório aí", disse à Folha David Velez, responsável da empresa pela América Latina, que assumiu o cargo para preparar o caminho para a trazer a companhia ao Brasil.
A Sequoia se motiva pelas oportunidades que o Brasil propicia, diz Adalberto Brandão, diretor de operações do Centro de Estudo "Private Equity" e Venture Capital da Fundação Getulio Vargas.
"Os jovens estão pensando em empreendedorismo como opção de carreira", diz Brandão. Ele elenca ainda entre as razões o amadurecimento da indústria de tecnologia, as dimensões continentais do país, que tornam qualquer negócio potencialmente rentável, e o alto consumo de tecnologia do país.
O Brasil já é o sétimo em usuários de internet e o quarto em venda de computadores. Em smartphones, pode também ser o quarto em vendas em quatro anos, segundo a consultoria IDC.
Segundo Brandão, a vinda da Sequoia começou muito antes. A Folha apurou que Doug Leone, outro representante da empresa, esteve no país no fim de 2010 para sondar investidores, empresários e centros de pesquisa.
Velez, que também fez o périplo no começo de abril, foi contratado em 2011. Ele ajudou a abrir as operações no Brasil da companhia de investimento General Atlantic e conhece o mercado.
Para entender como funciona a dinâmica do Brasil, a Sequoia fez investimentos em duas empresas que tem o Brasil como foco. A uruguaia Scantech recebeu US$ 50,5 milhões. A argentina Despegar.com -aqui Decolar.com- também recebeu investimento, mas não declarado.
A vinda para o Brasil fecha o ciclo. Segundo investidores que não quiseram se identificar, o fundo, conhecida por investir de US$ 10 mil a US$ 100 milhões, vai trabalhar com um gasto um pouco maior e focar empresas iniciantes, mas já estabelecidas. "Começará investindo em companhias maiores em que o capital de risco é menor", disse um investidor relacionado com a negociação.
A Folha apurou que entre as companhias abordadas pelo fundo está a Boo-box, que associa publicidade a conteúdos publicados na internet.
MAIS INVESTIMENTOS
A vinda da Sequoia é mais um sinal da recente importância dada às startups brasileiras, de acordo com Brandão, da FGV.
No começo do mês, a Mountain, do megainvestidor-anjo Cornelius Boersch, abriu oficialmente seu escritório no país, disposto a desembolsar até € 500 mil para financiar startups. "O Brasil é hoje o que a China era para nós há cinco anos", diz o alemão Boersch à Folha. Ele foi premiado como o investidor-anjo de 2009 na Europa.
O sueco Atomico, do cofundador do Skype Niklas Zennström, já investiu duas vezes na loja de e-commerce Bebê Store e uma na Connect Parts. "Diversos gestores têm capital para investir e isso [a vinda para o Brasil] apoia a internacionalização das empresas em que investem", diz Brandão. HELTON SIMÕES GOMES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Fonte: Folha de São Paulo 19/06/2012
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