Após pisar pela primeira vez no exterior, a metalúrgica de cobre Termomecanica estuda novas aquisições e investimentos em uma fábrica de conexões. A estratégia da empresa da região do ABC paulista é reduzir custos operacionais e expandir para novos mercados.
A companhia quer acompanhar o crescimento da demanda da indústria no Brasil e na América Latina, além ganhar capacidade para enfrentar a concorrência no setor, no qual os produtos finais importados têm ganhado cada vez mais espaço.
"Nós estamos expandindo, pois acreditamos que os projetos de infraestrutura do governo tarão impulso à demanda e queremos estar preparados", afirmou a diretora-presidente da empresa, Regina Celi Venâncio.
No ano passado, a empresa adquiriu o braço de cobre de um grupo chileno - Cembrass Chile e Cembrass Argentina - em uma operação que incluiu duas fábricas de perfis e barras de latão (liga metálica de cobre e zinco), produtos voltados para o setor de construção civil. A capacidade das duas unidades juntas é pequena (12 mil toneladas por ano), mas a decisão foi mais por uma questão estratégica. Hoje, com baixos volumes de exportação (menos de 5% do faturamento), a Termomecanica quer aumentar a participação das vendas externas em seus resultados, via mercados na região latina.
Assim, a fábrica no Chile será uma plataforma de exportações. Além de o país ser grande produtor de cobre, as exportações que saem de lá são mais competitivas do que as que saem do Brasil, onde o câmbio está desfavorável. Os custos das operações no país vizinho também são menores, o que fez com que a empresa já começasse a planejar uma ampliação de portfólio para essa unidade: a ideia é que ela passe a produzir ligas de cobre, um produto de maior valor agregado. A unidade da Argentina, por sua vez, será voltada para abastecer o mercado interno.
"Essa é uma forma de expandir com menores custos operacionais", disse a executiva. Segundo ela, a empresa passou a traçar um novo caminho estratégico, voltado para o crescimento via aquisições. "Queremos estar presentes em outros países. Estamos atentos a novas oportunidades", completou.
No radar da Termomecanica está também a expansão orgânica. A empresa estuda a construção de uma fábrica de conexões de tubos de cobre, um produto que seria novo em seu portfólio. Hoje, a Termomecanica terceiriza o fornecimento das conexões. Segundo Regina, a empresa está no processo de avaliação dos equipamentos necessários para a unidade.
Esses novos investimentos seguem um ciclo de desembolsos realizados pela companhia desde 2010, que devem ser concluídos até 2014. São R$ 300 milhões aplicados na construção de uma nova fábrica de laminados e uma de tubos (ambas em São Bernardo do Campo), além de pesquisa e desenvolvimento e nas aquisições. Neste semestre, a empresa coloca em operação a unidade dos laminados - voltados para uma série de aplicações, como no setores automobilístico e eletroeletrônico - onde foram investidos R$ 100 milhões para a duplicação da capacidade para 40 mil toneladas. Já a fábrica de tubos, onde foi aplicado o mesmo valor, tende a ser concluída no segundo semestre. Com as novas unidades, a empresa passará de uma capacidade de 100 mil toneladas para 130 mil toneladas.
"Tudo isso é para ganharmos produtividade, além de melhorar a qualidade para as exportações", explicou a executiva.
A preocupação de Regina é genuína, principalmente quando se observa a maior competição com os importados no mercado. Segundo dados do Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos (Sindicel), o saldo negativo da balança comercial do segmento de fios e cabos elétricos - grandes consumidores de cobre - quase duplicou entre 2010 e 2011. Enquanto em 2010 as importações superavam as exportações em US$ 251,2 milhões, em 2011 essa diferença alcançou US$ 462 milhões.
Segundo a executiva, os resultados da empresa em 2011 vieram abaixo do planejado, acompanhando o desempenho do setor de semimanufaturados, que, em geral, decepcionou. Mas já há sinais de uma retomada no crescimento no segundo trimestre. Em 2010, a empresa apresentou receita líquida de R$ 890 milhões, vendendo 90 mil toneladas. Por Vanessa Dezem
Fonte:ValorEconômico04/04/2012
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