Aquisição faz parte da estratégia de internacionalização da empresa que, nos últimos três anos, se expandiu pela América do Sul
A Eurofarma, quinto maior laboratório do País em vendas no varejo, fechou na segunda-feira a compra da fábrica da Colômbia da Schering Plough, empresa que pertence ao grupo Merck Sharp & Dohme (MSD). O valor não foi revelado. As negociações duraram cerca de um ano.
"O fato de sermos sócios da MSD na Supera RX criou um ambiente favorável às conversas", diz, em entrevista ao Estado, Maurizio Billi, presidente da Eurofarma e filho do fundador, Galliano. A Supera RX é uma joint venture entre o laboratório americano e a Supera, companhia formada em 2011 pelas brasileiras Eurofarma e Cristália.
A Eurofarma Colômbia vai iniciar as operações com um contrato de terceirização da produção da MSD. A intenção é atender outros clientes locais. Com produção de 20 milhões de unidades por ano, a fábrica opera hoje apenas com 60% da capacidade instalada. O faturamento estimado para a unidade em 2012 é de US$ 20 milhões. "Só devemos ingressar com marcas próprias dentro de dois anos, prazo médio necessário para obtermos os registros dos nossos produtos no órgão sanitário colombiano", diz Billi.
Para isso, a empresa terá de investir em contratações - a expectativa é dobrar o número de funcionários da unidade, hoje de 125 pessoas -, e criar uma equipe de força de vendas. Atualmente, a produção é voltada sobretudo para medicamentos que não exigem prescrição médica, os chamados OTC (sigla em inglês para "over the counter"). O carro-chefe é o talco antisséptico Mexsana, popular no país vizinho.
De acordo com Billi, houve um encontro de interesses. "A MSD precisava vender a unidade (herdada da compra da Schering, em 2009) para racionalizar as operações. E nós temos a meta de estar presente em 90% do mercado latino-americano até 2015", afirma.
Exterior
A estratégia de internacionalização da empresa, baseada em aquisições, teve início em 2009, com a compra do laboratório argentino Quesada. Em 2010, a empresa anunciou a aquisição do uruguaio Gautier - que mantém vendas no Paraguai e na Bolívia - e dos chilenos Volta S.A. e Farmindustria. Apenas o ingresso na Venezuela, no ano passado, foi feito a partir de uma operação do zero. Segundo dados da consultoria americana IMS Health, o mercado latino-americano de medicamentos movimenta cerca de US$ 53 bilhões, sendo que o Brasil representa 40% do total.
A investida na América Latina faz parte do esforço da empresa de diversificar seus mercados, afirma Maria Del Pilar Muñoz, diretora de Sustentabilidade e Novos Negócios da Eurofarma. "Além de passar a operar em novos países, a empresa também ampliou a atuação para novos setores", diz.
No final de 2010, a Eurofarma adquiriu a Segmenta, maior fabricante de soros hospitalares do País, estreando em um mercado estimado em R$ 1 bilhão.
Segundo a executiva, a expansão na América Latina é uma forma também de atrair novos acordos de licença, contratos em que a empresa registra, promove e distribui produtos de terceiros. "Pequenos e médios laboratórios, em vez de se instalarem no Brasil - o que envolve mais riscos e exige mais capital - preferem fechar parcerias com uma empresa local", explica Maria Del Pilar. "Com a expansão pela América Latina, podemos virar uma referência regional". Hoje a Eurofarma mantém acordos de licença com 25 empresas de países como Argentina, Espanha, Estados Unidos, França e Índia.
Fundada em 1972, a Eurofarma faturou R$ 1,6 bilhão em 2011. Cerca de 60% das receitas vieram do segmento de prescrição médica - segundo dados da IMS Health, a empresa ocupa a segunda posição no ranking de receituário médico no País. O laboratório atua ainda nas áreas de genéricos, hospitalar e licitações, oncologia e veterinária. Com 4,5 mil funcionários, a companhia tem dez fábricas - sete no Brasil e três em outros países da América Latina. Por Cátia Luz
Fonte:OEstadodeSP03/04/2012
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