Mais uma empresa se posiciona para atender à demanda por insumos necessários à exploração de petróleo na camada pré-sal.
A brasileira Brastec, produtora de equipamentos para fabricação e manuseio de tubos flexíveis, comprou a holandesa SAS. A aquisição será financiada com a colocação em esforço restrito de R$ 80 milhões em debêntures e põe a empresa, desde já, em condições de disputar o mercado offshore.
Segundo o presidente da Brastec, Fábio Romano, a empresa domina a tecnologia de produção dos itens que já fabrica também para embarcar, mas o portfólio conta muito, nesse ramo, e a SAS agrega essa experiência em alto mar.
"O risco é tão grande que exige experiência", explica Romano, que controla a empresa, com 65% do capital. Para John Michael Streithorst, gestor do fundo de participações Óleo e Gás FIP, do Banco Modal, que detém 45% da Brastec, com a aquisição, a empresa brasileira ganha 4 anos. "A Brastec estava entrando no jogo devagarinho, e a aquisição a põe no jogo rapidamente", conta Streithorst.
O tempo é crucial para a estratégia da empresa, pois, no prazo em que se prepararia para ter condições de competir por contratos offshore, estaria se desenhando o mapa de fornecedores de equipamentos para a extração de petróleo no pré-sal, o que fará a demanda de tubos flexíveis e materiais de manuseio embarcados crescer muito.
"Estamos olhando para um mercado de R$ 1 bilhão, só no Brasil", diz Streithorst, se referindo ao volume de faturamento anual esperado para o segmento quando as operações em torno do pré-sal tiverem se aquecido, daqui a cerca de três anos. Nesse prazo, o gestor do FIP acredita que a Brastec já tenha adquirido porte para fazer uma oferta pública de ações.
De largada, com a aquisição da SAS, a Brastec eleva seu faturamento de R$ 75 milhões, no ano passado, para aproximadamente R$ 300 milhões, já neste ano. Antes da união com a SAS, a Brastec já tinha R$ 275 milhões contratados até 2013, dos quais R$ 155 milhões para 2012.
Com o crescimento do faturamento, a empresa passa a se situar entre os fornecedores de maior porte da Petrobras, que demanda, aproximadamente, metade dos tubos flexíveis produzidos no mundo. No Brasil, se torna a única produtora de alguns dos equipamentos necessários à fabricação e ao manuseio dos tubos flexíveis. Na Europa e na Ásia, passa a ter proximidade com clientes da SAS.
Para produzir no Brasil os itens embarcados que a SAS já desenvolve na Holanda, a Brastec, sediada em Jundiaí (SP), busca unidade com acesso ao mar. Segundo Romano, está quase fechado que será no porto de Açu, no norte do Estado do Rio de Janeiro, área onde o grupo EBX, de Eike Batista, investe em projeto de criação de um complexo industrial, com diversas empresas. "Ficaríamos perto dos nossos clientes", explica o presidente da Brastec.
O investimento na nova unidade está incluído nos R$ 80 milhões que serão captados pela empresa. A unidade de Jundiaí continuará servindo a demanda por produtos feitos em terra.
Segundo Romano, há condições para produzir os itens offshore com 70% de conteúdo local e a Brastec conseguirá ser competitiva nessa nova área de atuação, mesmo com custos um pouco mais elevados no Brasil. Dependendo do câmbio, segundo ele, essa desvantagem pode até ser revertida.
A direção da SAS, que tinha 45% do capital, continuará na nova empresa, agora com opções de ações. Os outros 55% pertenciam a um fundo de private equity europeu. Por Marcelo Mota
Fonte: Valor Econômico 30/04/2012
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