Uma das maiores empresas do mundo em nutrição animal, a holandesa Nutreco aumentou sua participação no capital da Nutreco Fri-Ribe, joint venture formada com a brasileira Fri-Ribe. Criada em 2009 para atuar no pulverizado mercado de alimentação e nutrição animal no Brasil, a Nutreco Fri-Ribe se estrutura para dobrar o faturamento e a capacidade de produção de rações em quatro anos baseada em uma forte estratégia de aquisições.
De olho em um segmento que movimenta R$ 16 bilhões anuais e que se encaminha para um intenso processo de consolidação - o mercado brasileiro é composto por cerca de 2 mil empresas - a Nutreco, com faturamento global de € 5 bilhões, elevou sua participação na joint-venture de 51% para 97%. O restante ficou com os irmãos Camila e Eduardo Amorim, que permanece como diretor-presidente da Nutreco Fri-Ribe. "Essa mudança acionária dará mais velocidade aos investimentos dos próximos anos", afirma Eduardo.
"O negócio permite ampliar nossa participação no Brasil", afirmou ao Valor o holandês Johan van der Ven, diretor da Nutreco. O objetivo do grupo é transformar a companhia em uma das três maiores fabricantes de ração do Brasil, posição já alcançada nos mercados de camarão e tilápia. No ano passado, o faturamento da Nutreco Fri-Ribe avançou 22% em relação a 2010, para R$ 185 milhões. "Vamos mais que dobrar o faturamento em quatro anos", disse o diretor-presidente da companhia.
Para concretizar suas ambições, contudo, a empresa deve abrir os cofres para além dos R$ 15 milhões já programados com a modernização das linhas de produção da empresa. Atualmente, a Nutreco Fri-Ribe conta com fábricas nos Estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Ceará e Piauí. Juntas, as cinco plantas têm capacidade para produzir 200 mil toneladas de ração. "Algumas dessas unidades já tem sua capacidade instalada bastante ocupada", diz Amorim. Em quatro anos, esse volume precisa dobrar para 400 mil toneladas. "E o crescimento da companhia ao longo desses anos será 50% via aquisições", revela o executivo.
Atenta às oportunidades de negócio, a empresa ainda não definiu seus alvos. "Acreditamos que o mercado vai saltar para uma consolidação. Mas para dançar, precisamos de um par, o que ainda não temos", brinca Van der Ven, para quem a companhia não terá dificuldades para financiar suas aquisições, ainda que não tenha definido o orçamento exato para esse fim. "A Nutreco é uma empresa com posição de caixa sólida, o que nos permite captar para futuras aquisições. Definitivamente, não teremos problemas de financiamento", assegurou o executivo holandês.
Responsável por 35% do faturamento da empresa, a aquicultura é um das áreas que mais desperta interesse por seu imenso potencial. Com 510 mil toneladas de ração produzidas no ano passado, o segmento representa apenas 0,7% da produção nacional, e deve crescer de quatro a cinco vezes nos próximos anos, conforme estimativas. Em 2011, a produção de rações para esta finalidade cresceu 18,4%, segundo dados do Sindirações, entidade que representa as indústrias do segmento.
A Nutreco Fri-Ribe também mantém boas expectativas nos mercados de gado de corte e leite, que podem avançar, conforme Van der Ven. O crescimento da produção de rações para suíno e frango, por sua vez, segue em processo de desaceleração.
Além da Nutreco Fri-Ribe, o grupo holandês controla outras duas empresas no Brasil, a Selko, de aditivos nutricionais, e a Sloten, especializada em animais jovens (bezerros e leitões). Juntas, Nutreco Fri-Rive, Selko e Sloten faturam R$ 220 milhões por ano. Por Luiz Henrique Mendes
Fonte:Valor16/03/2012
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