Com o prolongamento da crise da dívida na Europa, muitos analistas preveem que 2012 registrará uma queda no número de fusões e aquisições entre empresas. “Não há como negar que a atividade será influenciada pela macroeconomia”, avalia Ricardo Reis, líder de fusões e aquisições da Ernst & Young Terco. “No entanto, há razões fundamentais que mostram que a prática de fusões e aquisições pode ser mais robusta do que se espera.”
O relatório 12 for 2012, elaborado pela multinacional de auditoria e consultoria com base em pesquisas com executivos de corporações e em informações de mercado, aponta os motivos pelos quais é possível esperar um ano forte em termos de fusões e aquisições.
1. Confiança em face de um grande desafio - A confiança na economia global é surpreendentemente forte – dois terços dos executivos de grandes corporações consideram-na, pelo menos, estável, segundo Capital Confidence Barometer da Ernst & Young, de outubro de 2011. Essa segurança é particularmente forte em setores como energia e distribuição, petróleo e gás, metais e mineração.
2. Novo ano, velho apetite por deals - O valor de fusões e aquisições subiu em todo o mundo 7% no ano de 2011, e o número poderia ter sido ainda maior se o risco de crédito dos EUA não tivesse sido rebaixado e o desdobramento da crise na zona do euro na segunda metade do ano não tivesse resultado em uma queda de 24% nos deals em comparação com os primeiros seis meses. No entanto, 41% das grandes corporações mundiais planejam aquisições neste ano.
3. Fundos de reserva disponíveis - Enquanto a redução de crédito é uma possibilidade real para várias empresas em decorrência da situação na Europa, grandes corporações globais com grau de investimento ainda têm acesso a linhas de crédito. Mas muitas companhias podem nem precisar disso, pois possuem grandes fundos de reserva com os quais podem contar. Globalmente, as empresas hoje dispõem de mais de US$ 2,3 trilhões em caixa, segundo análise da Ernst & Young. O número é quase o valor de todas as transações de fusões e aquisições em 2011.
4. O lucro por meio da cura - Nos últimos três anos, houve grande enfoque na adequação operacional. As empresas têm reforçado seus balanços, cortado custos e reduzido os riscos financeiros. Grandes corporações melhoraram suas estruturas de capital estendendo prazos e reduzindo juros. As dívidas totais diminuíram – segundo o relatório da Ernst & Young Capital, Confidence Barometer, em 61% dos casos a relação entre dívida e capital chega a menos de 25%.
5. Setores maduros para consolidação - O ganho de liderança de mercado será um desencadeador de negócios em determinados setores. O valor de fusões e aquisições na área da saúde cresceu em 2011, bem como a atividade no setor de tecnologia, com transações como o entre Microsoft-Skype ganhando destaque. Em 2012, a convergência entre telefonia móvel, redes sem fio e tecnologia de nuvem (cloud technology) criará um interesse crescente em garantir propriedades intelectuais inovadoras e patentes valiosas.
6. O Private Equity pode voltar - Fusões e aquisições por meio de fundos de Private Equity aumentaram em um terço – para US$ 306 bilhões – no ano de 2011 e viram um forte quarto trimestre, apesar da turbulência econômica gerada pela crise na zona do euro. Setores como saúde, tecnologia, petróleo e gás, que permaneceram ativos mesmo durante a crise, podem ser particularmente atraentes para esse tipo de atividade em 2012.
7. Barganha nas vendas de ano novo? - Há uma convergência crescente no preço dos ativos. Mais de 80% das grandes corporações acreditam que a valorização dos ativos permanecerá próxima ou nos níveis atuais durante a maior parte de 2012.
8. Mais empresas decididas a alienar - O relatório Capital Confidence Barometer revela que, em 2012, 26% das companhias de grande capitalização de mercado planejam alienação, trazendo mais vendedores ao mercado. Em 2011, os EUA viram as alienações crescerem, tanto em volume, quanto em valor. “Nós podemos esperar mais alienações e spin-offs de governos, bancos e corporações na Europa em 2012, com essa tendência se movendo para o Leste,” diz Ricardo Reis. “Problemas de dívida soberana provavelmente irão gerar privatizações e aumento da venda de ativos públicos, enquanto bancos vão, possivelmente, vender ativos para melhorar a capitalização de balanços,” afirma.
9. Reposicionamento por meio de reestruturação - O atual cenário macroeconômico mundial pode levar a um aumento na reestruturação financeira e operacional neste ano, fornecendo uma fonte de ativos de qualidade para as empresas que buscam aquisições. Os bancos sofrerão pressão para reestruturar seus portfólios, devido a mudanças regulatórias e aumento das necessidades de capital.
10. Resolução de Ano Novo: comprar para garantir liderança? - Quase dois terços das grandes corporações dizem que o principal motivo para se fazer aquisições é ganhar mais market share em mercados novos ou já existentes, adquirir novos produtos ou ainda, consolidar sua base de produto já existente, de acordo com o Capital Confidence Barometer. Nas atuais condições de mercado, o movimento de fusão e aquisição é visto como uma opção mais barata para atingir esse objetivo do que seria investir organicamente.
Fonte:genteemercado18/02/2012
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