17 novembro 2011

Private equity tem captação recorde

O Brasil segue como bola da vez dos investimentos dos fundos de private equity - que compram participações em empresas. O volume de recursos captados para investimentos no país atingiu US$ 4,5 bilhões entre janeiro e setembro deste ano.

O valor é recorde e supera os US$ 3,5 bilhões levantados durante todo o ano de 2008, até então o maior da série histórica, de acordo com dados da Emerging Markets Private Equity Association (Empea). A captação dos fundos dedicados ao país representou 78% dos recursos destinados para a América Latina e Caribe, que somaram US$ 5,7 bilhões no período.

Na comparação particular entre os países do chamado BRICS, grupo que inclui também Rússia, Índia e China e África do Sul, o Brasil já é o segundo em atração de recursos, atrás apenas da China e superando pela primeira vez a Índia. No total, os fundos captaram US$ 32,3 bilhões para investir em mercados emergentes entre janeiro e setembro deste ano, o que representa um crescimento de 38% em relação a 2010 e de volta a níveis pré-crise, segundo a Empea.

O aumento das captações destinadas ao Brasil tem relação direta com a melhora dos fundamentos da economia, em contraste com as dificuldades enfrentadas pelas economias maduras, na avaliação de Clovis Meurer, vice-presidente da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap). "Investimento tem relação direta com confiança", resume.

Embora a crise seja positiva em um primeiro momento, já que leva os investidores a buscar alternativas em outros mercados, um possível agravamento deve prejudicar o setor de private equity no país, segundo Meurer. Ele lembra que, em 2009, apesar de o Brasil ter passado bem pela crise financeira, o volume de recursos captados pelos fundos recuou.

O interesse crescente no país começa a mudar o perfil do investimento em private equity, de acordo com a advogada Marina Procknor, sócia do escritório Mattos Filho. "Com a chegada de grandes gestoras internacionais e da tendência de fundos locais captarem recursos no exterior, o estrangeiro passou a ocupar o lugar dos fundos de pensão como principais investidores", diz.

O ritmo de investimentos dos fundos, no entanto, não tem acompanhado o das captações. De janeiro a setembro, as compras de participações de empresas por gestoras de private equity no país foram de US$ 1,7 bilhão. Dificilmente esse valor atingirá o do ano passado, quando os negócios fechados pelos fundos atingiram US$ 4,6 bilhões, ou o recorde de US$ 5,3 bilhões registrado em 2007. Por esse critério, o Brasil fica à frente apenas de Rússia e África do Sul entre os BRICS.

Apesar do descompasso, o vice-presidente da Abvcap, que também é sócio-diretor da CRP Companhia de Participações, afirma que os fundos têm muito espaço e oportunidades para investir no país. "É natural que as negociações levem mais tempo para acontecer após o período de captação", diz. Meurer descarta a tese de que as empresas estejam caras, principalmente após a queda recente das ações na bolsa, que serve como referência para os negócios. "Os valores me parecem justos, tanto para os investidores como para as companhias", considera.

Além da questão do preço, a advogada do Mattos Filho credita a demora entre o período de captação e de investimento a questões burocráticas tanto dos gestores como das empresas, incluindo questões fiscais e trabalhistas. A avaliação da especialista, no entanto, é otimista. "Nunca fizemos tantas operações de fusões e aquisições como neste ano, e muitas delas envolvendo capital de fundos de private equity", afirma. Por Vinícius Pinheiro
Fonte:Valoreconômico17/11/2011

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