22 novembro 2011

Gávea negocia com Hermes Pardini

A gestora de recursos Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, está perto de concluir a compra de 30% do capital do laboratório mineiro Hermes Pardini, segundo o Valor apurou. Além da fatia acionária, a Gávea também indicará um nome de um executivo para assumir o posto de diretor financeiro do laboratório.

Ainda de acordo com fontes próximas às negociações, o laboratório foi avaliado pela Gávea em R$ 900 milhões. Levando-se em consideração essa quantia, o fundo injetaria na empresa de medicina diagnóstica cerca de R$ 330 milhões. Na semana passada, a Gávea concluiu a captação de seu quarto fundo de private equity, com recursos que somam US$ 1,9 bilhão disponível para investimentos. Procurada pelo Valor, a Gávea não atendeu ao pedido de entrevista.

O diretor presidente do Hermes Pardini, Roberto Santoro, nega que esteja em negociações com a Gávea. "Nós não confirmamos a operação. Não tenho essa informação", disse o executivo.

No ano passado, os herdeiros do fundador, o médico Hermes Pardini, chegaram a pedir R$ 1,5 bilhão entusiasmados com duas grandes transações envolvendo empresas de medicina diagnóstica. O Fleury desembolsou R$ 1,1 bilhão pela carioca Lab''s e a rede de laboratórios MD1, de Edson Bueno, foi avaliada em R$ 1,5 bilhão em uma transação com a Dasa.

Porém, a família Pardini não tinha interesse em vender o controle da empresa o que emperrou as negociações com vários interessados, entre eles o concorrente Fleury e o fundo de private equity Pátria. No começo do ano, o laboratório mineiro iniciou uma profunda reestruturação, com demissão de diretores, conselheiros e cerca de 500 funcionários a fim de prepará-la para a venda. "A entrada de um private equity é interessante para eles porque capitaliza a empresa e, ao mesmo tempo, a família não sai da operação", disse uma fonte do setor de saúde. Normalmente, os fundos de private equity indicam executivos e aprimoram a governança corporativa da empresa.

Apesar do endividamento entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões, segundo Santoro, o Hermes Pardini é atualmente um dos laboratórios mais cobiçados do mercado. A empresa conta com uma moderna unidade de processamento, capaz de realizar 3 milhões de exames, tem faturamento na casa dos R$ 400 milhões e domina o mercado mineiro. É uma praça em que Fleury e Dasa não atuam. A empresa ainda tem uma forte atuação no processamento de exames para outros laboratórios.

O mercado de medicina diagnóstica tem gerado interesses de outros fundos de private equity. O Pátria, por exemplo, criou no ano passado uma empresa de medicina diagnóstica chamada Alliar. Desde então, a nova empresa do fundo já adquiriu pelo menos quatro laboratórios de exames de imagem e seu faturamento é de cerca de R$ 200 milhões. Um desses laboratórios é o mineiro Axial.

O interesse do Pátria pela área de medicina diagnóstica é antiga. O fundo de private equity ingressou na Dasa em 1999 e, em parceria com o fundador Caio Auriemo, abriu o capital da companhia em 2004. Dez anos depois, o fundo deixou o capital da empresa, com vendas escalonadas em bolsa. Pr Ana Paula Ragazzi e Beth Koike
Fonte:Valor22/11/2011

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