O Brasil se transformou num grande canteiro de obras. Hoje, há em andamento no país quase 13 mil projetos na área de infraestrutura, em diferentes estágios de desenvolvimento.
Os investimentos somados atingem a impressionante cifra de R$ 1,5 trilhão, o equivalente a quase meio PIB brasileiro.
Os números constam de um alentado levantamento da Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema), que acaba de sair do forno. Leve-se em conta que diversos empreendimentos prometidos, mas não executados, não estão incluídos nessas estatísticas.
É o caso da expansão dos aeroportos, vitais para eventos como Copa do Mundo e Olimpíada e que, de uma forma ou de outra, sairão do papel. Pela primeira vez, o Brasil volta ao estágio dos anos 70, quando o milagre econômico levou a taxa de investimento a um patamar inédito.
Há, porém, pelo menos duas diferenças fundamentais entre os dois períodos. Um: a atual safra de grandes projetos ocorre durante o período mais democrático do país em seus mais de 500 anos de história. Ou seja, essas obras, a maioria com enorme impacto ambiental e social, foram concebidas respeitando instituições e leis vigentes e sob vigilância de uma imprensa livre. Durante o milagre econômico, projetos como esses eram impostos goela abaixo da sociedade.
Segunda grande diferença: a maior parte do montante de R$ 1,5 trilhão vem da iniciativa privada. Na década de 70, o Estado era a principal fonte de investimentos. Há uma ponderação a se fazer, é verdade: boa parte dos projetos da iniciativa privada conta com um bom empurrão do dinheiro vindo do BNDES, embora no frigir dos ovos, a conta vá parar realmente no balanço das empresas. É uma boa notícia, pois revela o vigor do mundo corporativo no país. Isso se deve a uma mudança no perfil dos investimentos em infraestrutura.
Na época do milagre econômico, predominavam as obras faraônicas de necessidade duvidosa, cujo símbolo maior foi a Transamazônica, a "estrada da integração nacional", como gostavam de bradar os generais do poder. Hoje, destaca o setor da construção civil, sobretudo de moradias. Em outras palavras, o dinheiro de investimentos é canalizado para obras com impacto social imediato.
A participação minoritária do Estado no montante de investimentos representa uma péssima notícia: setores vitais, como educação e saúde, continuam carentes de recursos financeiros para atender às necessidades do país.
Nesse departamento, a iniciativa privada só contribuiu de maneira episódica - o grosso dos investimentos deve vir mesmo dos governos federal, estadual e municipal. Ignorar esses setores foi um dos erros cometidos. Por Joaquim Castanheira
Fonte:brasileconômico19/10/2011
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