20 outubro 2011

Cibrasec e Brazilian desistem de fusão

Em andamento desde o fim do ano passado, o processo de fusão das securitizadoras de créditos imobiliários Cibrasec, que tem como acionistas os maiores bancos do país, e Brazilian Securities, controlada pelo grupo Ourinvest, não vai mais acontecer.

As companhias atribuem a desistência a diferenças de "práticas e modelos operacionais", sem detalhar o significado disso. Embora reconheça uma certa frustração, o presidente da Cibrasec, Fernando Brasileiro, diz que a complexidade encontrada para unir as operações não compensaria os ganhos potenciais do negócio. "A dificuldade na implementação da fusão poderia colocar em risco dois modelos de sucesso", argumenta. Procurada, a Brazilian, que também tem o megainvestidor imobiliário dos Estados Unidos Sam Zell entre seus sócios, não se manifestou.

O objetivo da operação era formar uma grande companhia securitizadora, que tivesse capacidade de transformar os créditos imobiliários dos bancos em títulos para investidores. A capacidade de vender esses papéis no mercado de capitais seria importante para gerar novos recursos para o financiamento imobiliário num momento em que se discute a possível escassez de recursos da poupança.

As emissões de certificados de recebíveis imobiliários (CRI) atingiram R$ 7,7 bilhões entre janeiro e setembro deste ano, um crescimento de 45% em relação ao mesmo período de 2010.

Em tese, a fusão faria todo o sentido, já que a Brazilian Securities tem forte presença no mercado residencial, o que daria vazão aos financiamentos originados pelas instituições financeiras. Internamente, porém, a avaliação foi a de que o negócio não traria a complementaridade esperada.

O revés na união pegou o mercado de surpresa. Apesar de nenhum compromisso formal ter sido assinado, as negociações estavam em fase avançada, a ponto de as companhias discutirem o nome que seria dado à nova marca e, em atas públicas de assembleias, terem revelado que apresentariam a operação ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

O processo já havia, inclusive, chegado à fase de auditoria, a chamada "due diligence", quando foi interrompido. O executivo da Cibrasec nega, contudo, qualquer divergência nos números das companhias. "O potencial do mercado é espetacular. A fusão seria um catalisador, mas as empresas têm uma posição tão boa que podem crescer de forma independente."

Com a desistência da fusão, a Cibrasec continua com um dilema societário. Com o processo de fusão no setor financeiro, vários bancos passaram a deter uma participação acionária superior a 10%, o que os impede de operar com a companhia, conforme norma do Banco Central.

Brasileiro diz que a empresa estuda alternativas, inclusive internamente com os sócios, embora nenhum mostre disposição em se desfazer de sua posição. Ele considera, porém, que esse problema tende a ser minimizado com a tendência de crescimento das carteiras imobiliárias, que reduz a necessidade de compra de créditos pelos bancos para o cumprimento da aplicação dos recursos da poupança. "Queremos resolver a questão, mas não há estresse." Por Vinícius Pinheiro e Carolina Mandl
Fonte:ValorEconômico20/10/2011

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