Companhia uniu operações por região e agora padroniza processos, moderniza fábricas e ajusta administração.
A lista de compras do grupo JBS dos últimos cinco anos tem pelo menos sete nomes no Brasil e no exterior.
Ao cruzar fronteiras, o gigante do processamento de carnes se instalou nos Estados Unidos, México, Argentina, Paraguai e Uruguai. A integração de tantos ativos - cerca de 130 unidades hoje - foi feita inicialmente por região.
A chegada no início do ano do novo presidente, Wesley Batista, marcou também uma nova etapa nessa estratégia, a da integração global. Agora falta pouco, garante o ex-ministro Marcus Vinícius Pratini de Moraes, conselheiro do JBS.
As sinergias estimadas até o momento somam R$ 1,5 bilhão. Pela frente, o grupo tem ajustes na área administrativa, padronização de serviços, modernização de algumas operações e mudanças nos sistemas de tecnologia da informação, elenca o executivo.
Nos últimos meses, a empresa vem remanejando e fechando unidades com a dispensa de funcionários e algumas contratações em outras praças. São Paulo é o estado na rota de saída do grupo. O motivo é tributário.
"São Paulo não quer mais frigoríficos e está fazendo o oposto do que fazia há dez anos, não devolve os tributos", afirma Pratini de Moraes.
O JBS também está identificando os pontos fortes de cada unidade e formas para multiplicar essas vantagens. Os Estados Unidos, por exemplo, são mais eficientes no abate e na desossa e, enquanto a equipe mantida para cuidar de questões tributárias lá soma 4 pessoas, no Brasil são 45, informa.
Reflexo positivo
Toda essa movimentação tem sido vista de forma positiva por analistas. Um sinal de que o grupo está arrumando a casa, baixando custos, reestruturando sua dívida, destaca Pedro Herrera, do HSBC. "O JBS criou uma grande plataforma de produção e agora trabalha para ganhar eficiência na distribuição e nas marcas", diz.
Nos Estados Unidos, afirma, como as demais companhias da área, o grupo enfrenta os altos custos e a baixa demanda provocada pelo excesso de oferta.
Barreiras internacionais
As compras de operações no exterior são fundamentais para um grupo desse porte.
"Só é possível ser global pela somatória das ações locais", afirma Osler Desouzart, da OD Consulting, especializado na área. "As aquisições foram importantes para conciliar a estratégia de participação de mercado e minimizar os riscos", reforça Pratini de Moraes. Um desses riscos, os efeitos das barreiras não tarifárias que, destaca o ex-ministro, aumentam quando as empresas brasileiras crescem.
"As restrições aumentaram à medida que os países emergentes cresceram. A aftosa não faz mal para as pessoas, a vaca louca nunca chegou aqui e não precisamos queimar florestas. Nos últimos dez anos aumentamos nossa produção por hectare e podemos triplicar ainda", afirma Pratini considerando que o país precisa por em xeque os muitos impedimentos sanitários e ambientais impostos.
Para o ex-ministro da Agricultura, o Brasil tem de mudar de postura, recuperar os acordos internacionais que deixou de lado em prol do Mercosul, sem que o bloco rendesse as devidas compensações.
"É natural que o maior país do bloco tenha uma ação de desenvolvimento, mas tem de ter retorno".
"Já que Doha fracassou é preciso fazer acordos com grandes mercados", diz Pratini de Moraes avaliando que alguns abusos que recaem sobre a agricultura e a pecuária brasileira acontecem por falta de entendimentos.
"Temos de nos acostumar a ser grandes. O Brasil tem de ter maior participação na Organização Mundial do Comércio e na Organização Internacional de Saúde Animal. O Brasil nunca conseguiu uma palavra da FAO, nunca fomos considerados."
Desouzart concorda que o Brasil deve ter ação mais efetiva, até mesmo proibindo a entrada de produtos de países que abusam nas barreiras. "Eu estou protecionista porque sou menos competitivo", afirma. Por Rita Karam
Fonte:brasileconomico25/10/2011
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