A gestora de resíduos urbanos Haztec começará a dar outro destino às 15 mil toneladas de resíduos depositadas em seus aterros diariamente. Vai investir R$ 440 milhões para construir duas unidades de geração de energia a partir do lixo.
Comprada da holandesa Waterleau, a técnica de queimar resíduos – tanto de origem residencial como industrial – para a geração de eletricidade (batizada de Waste to Energy) ainda não é aplicada comercialmente no país.As unidades funcionarão como uma geradora térmica (mas com o lixo como matéria-prima, em vez de petróleo e seus derivados).
O lixo é queimado e o calor oriundo da combustão é usado para aquecer uma caldeira – cujo vapor movimenta uma turbina, que gera eletricidade. Os gases gerados na queima são filtrados antes de serem lançados no ambiente. A cinza e outros materiais resultantes são destinados a reservatórios. O processo faz com que dez caminhões de lixo sejam transformados em apenas um de resíduos provenientes da queima, segundo Paulo Tupinambá, presidente da Haztec. “Vamos substituir os aterros por unidades industriais”, diz.
Segundo Tupinambá, o processo já é usado em 400 usinas pelo mundo, inclusive em países emergentes como China e Índia, e é diferente do usado em outras usinas de geração de energia que usam somente o gás dos resíduos – como o metano. “Queimar o lixo, em vez de usar somente os gases dele, é mais proveitoso. Pode-se gerar muito mais energia por tonelada”.
Os dois projetos estão em fase “avançada” de estudos, segundo Tupinambá, e serão erguidos no Estado do Rio de Janeiro. O presidente não revela a localidade exata, mas diz que serão próximos de municípios em que a Haztec possui concessões de aterros. São eles: Nova Iguaçu, São Gonçalo, Barra Mansa, Seropédica, Belford Roxo e Magé. Além disso, a empresa tem uma unidade em Candeias, no Estado do Pernambuco.
Uma das usinas terá capacidade instalada de 18 MW e exigirá R$ 180 milhões de investimentos. O projeto conta com recursos provenientes de uma emissão de debêntures de R$ 250 milhões – que também serão usados em outras operações. A segunda terá 30 MW e custará R$ 260 milhões. As unidades devem começar a ser construídas até o fim do ano e devem entrar em operação até 2014. “Podemos vender a energia para clientes como a indústria ou simplesmente jogar no sistema de distribuição com remuneração.”
Os investimentos ocorrem depois de a Haztec registrar prejuízo de R$ 20,1 milhões em 2010. Para Tupinambá, a fusão de oito empresas nos últimos anos – inclusive os ativos da Biogás, com atuação em geração de combustível e energia a partir de resíduos – influiu no resultado negativo.
Nos próximos anos, no entanto, o objetivo é o crescimento orgânico. Tupinambá diz que a Haztec pretende criar outras usinas de “Waste to Energy” no Brasil. “Depois que as duas usinas estiverem prontas, ainda teremos 13 mil toneladas diárias de lixo para queimar. Então ainda há muito potencial nesse segmento”.
Se para a Haztec o potencial do uso da tecnologia pode ser superior, para o país é bastante significativo. Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o país perde R$ 8 bilhões por ano ao não aproveitar resíduos hoje destinados a aterros e lixões.
Fonte:Valor econômico05/10/2011
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