04 outubro 2011

Foz do Brasil entra no controle da Saneatins

Empresa de saneamento controlada pelo grupo Odebrecht, a Foz do Brasil passou a integrar o bloco de controle da Companhia de Saneamento do Tocantins (Saneatins).

Toda a composição acionária privada da Saneatins (76,52% do total) será transferida da Empresa Sul Americana de Montagens (Emsa), grupo familiar de Goiás, para a recém-criada Foz Centro Norte - de composição societária igual entre Foz e Emsa. Com a associação, a Foz do Brasil agrega 1 milhão de habitantes ao seu portfólio, passando a operar em 125 municípios do Tocantins e em cinco do Pará.

"Queríamos a Saneatins por ela ser a única empresa estadual de controle privado. É nosso maior salto [desde a criação da Foz, em 2008]", disse o presidente da Foz do Brasil, Fernando Reis, ao Valor. A Saneatins registra R$ 200 milhões anuais de faturamento. Em seis anos, pode chegar a R$ 450 milhões, informou Reis - o que corresponde, atualmente, à metade do faturamento da Foz do Brasil (R$ 915 milhões).

Os termos da negociação determinam que, em troca da entrada na participação, a Foz fará (com recursos próprios) um aporte de R$ 200 milhões na operação da Saneatins. Em 90 dias, os dois participantes do bloco privado podem negociar se a Emsa continua na participação da companhia estadual ou vende suas ações à Foz. Reis não descarta o interesse na compra.

Com o montante aplicado, Reis espera que a Saneatins possa se tornar apta a fazer investimentos de cerca de R$ 700 milhões, somando o aporte próprio e com empréstimos e financiamentos. Ele traça como objetivo a universalização de serviços de água e esgoto nos municípios, onde a Saneatins atua, até 2017 - antes da meta traçada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que tem a universalização dos serviços como principal diretriz e previsão para alcançá-la em 2019.

Hoje, a Saneatins entrega água para 92% das residências e os serviços de coleta de esgoto alcançam 19% da população. "Queremos fazer com que o Tocantis seja o primeiro Estado a universalizar o saneamento", disse Reis.

O presidente não descarta que a Foz adquira participação em mais empresas estaduais de saneamento do país. Sobre a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), por exemplo, cuja venda de até 49% foi aprovada pela Assembleia Legislativa de SC há duas semanas, Reis diz que a Odebrecht pode avaliar a disputa pelas ações.

Com três anos de existência, a Foz do Brasil atua em projetos ambientais em três segmentos: água (concessões públicas de saneamento básico, como a de Blumenau, SC), indústria (terceirização de unidades em fábricas) e ambiental (remediação de áreas contaminadas e outros serviços). O FI-FGTS tem 26,5% das ações da Foz do Brasil. Outros 73,5% são de propriedade da Odebrecht.

As negociações da Foz com a empresa familiar de 42 anos Emsa duraram cerca de três anos e aconteceram em meio a um processo de sucessão que envolve quatro irmãos, filhos do fundador Annibal Crosara. O presidente da Emsa, Annibal Crosara Júnior, explica que a empresa aceitou o negócio porque precisava se capitalizar. "Com o crescimento da demanda por infraestrutura no país, vimos que precisávamos de recursos para aproveitar o momento", diz. Ele ainda explica que somente dois irmãos continuarão a ter ações da Saneatins, por meio da Foz Centro Norte - ele e Maria Elvira Crosara.

Com atuação inicial forte em infraestrutura no Estado de Goiás, a empresa aproveitou a cisão do Estado, em 1988, que deu origem a Tocantins, para passar a atuar hoje em um leque de atividades - que incluem obras rodoviárias, pontes, construção pesada, saneamento, irrigação e construções eletromecânicas. No ano de 2010, o grupo faturou R$ 632 milhões.

Já a Saneatins foi fundada em 1989, após a criação do Estado do Tocantins e o consequente desmembramento da Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago). Em 1998, o governo estadual buscou sócios privados, tornando a Saneatins empresa de controle privado. O governo do Estado ainda detém 23,48% da companhia.
Fonte:Valor04/10/2011

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