A falta de competitividade do Brasil está garantindo investimentos para a Argentina.
Um dos maiores fabricantes mundiais de implementos rodoviários, com faturamento esperado de R$ 5,9 bilhões em 2011, o grupo Randon começa a usar sua pequena unidade no país vizinho para atender o mercado brasileiro e exportar a outros países, como Bolívia, Chile e Paraguai.
A Randon Argentina, com fábrica em Alvear, perto de Rosario, deve faturar US$ 38 milhões em 2011, aproximadamente 1% da receita global do grupo. De lá saem basculantes, carga seca graneleira e reboques. A perspectiva é a de que o faturamento dobre com o investimento de US$ 8 milhões iniciado em 2010 e que deve fazer a capacidade de produção passar de cinco para dez unidades por dia. Cerca de 300 unidades por ano, o equivalente a um mês de atividade, estão sendo enviadas ao Brasil.
"Hoje, a mão de obra na Argentina não está mais cara do que no Brasil e o aço está mais barato. O câmbio está relativamente desvalorizado e a inflação de custos não é um grande problema. O grande problema são os cortes de energia. Com a rede de fornecedores que estamos montando, vamos ter um diferencial de custo da ordem de 3% a 4% a menos que o brasileiro", disse o diretor executivo da Randon, Norberto Fabris. Segundo o executivo, o índice de nacionalização da produção argentina deve chegar a 70% neste ano.
A forte desvalorização do real nos últimos dias é vista com frieza. "A cotação do dólar passar de R$ 1,60 a R$ 1,70 ou um pouco mais não nos autoriza pensar que está em curso uma mudança estrutural. Nos últimos quatro anos, o peso caiu 30% e o real subiu", comentou. De todo modo, Fabris afirmou que a empresa tem flexibilidade para mudar o fluxo da comercialização caso o cenário se altere. "Os produtos feitos na Argentina também são fabricados em Guarulhos e Caxias do Sul. Temos como nos adaptar rapidamente a qualquer movimento da demanda".
A presença da Randon no país não é nova: a empresa se instalou na área de Rosario em 1994, com a produção em modelo CKD de peças trazidas do Brasil. Mas há muitos anos não havia investimento. A guinada não foi exclusividade do grupo gaúcho. "Isso está acontecendo em diversos setores. Em grande parte, trata-se de um processo de substituição de importações fomentado pelo governo, mas nas indústrias cuja matéria-prima é o aço, a balança está pendendo para a Argentina", disse o presidente da Câmara de Comércio Argentina-Brasil, Jorge Aparicio.
Outro setor dependente de aço que está sendo revitalizado é o automotivo. Segundo dados da associação argentina de fabricantes (Adefa), as exportações em 2011 superaram o resultado de 2010 em todos os meses até setembro, atingindo em agosto a marca de 54 mil veículos. O Brasil representa 81,1% das encomendas.
Fonte:Valoreconômico19/09/2011
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