19 setembro 2011

Após aquisições, Transit busca serviços e software

A operadora nacional Transit Telecom já não quer mais que a área de comunicação seja a única atividade pela qual ela é conhecida. A companhia - que pode ser considerada uma das últimas operadoras a atuar de forma independente, depois da venda da GVT para a Vivendi, e da Intelig e da Atimus para a TIM - quer ganhar espaço também em software e serviços de tecnologia da informação (TI). A empresa atua em 15 Estados mais o Distrito Federal.

A integração de TI e telecomunicação é a base da estratégia da Transit como operadora 2.0, em curto e longo prazo, diz Allan Sato Horita, que há três meses assumiu a diretoria de operações da companhia. "Toda a nossa rede de telecomunicação que foi construída e implantada nos últimos anos está preparada para integrar as soluções de TI ou qualquer SVA [serviço de valor adicionado] para as teles, dentro de nossa própria estrutura."

Para entrar no segmento, a Transit adquiriu nove empresas de áreas como pagamentos eletrônicos, gestão e etiquetas inteligentes (RFID), nos últimos 16 meses. De acordo com Horita, a área de TI pode representar de 10% a 12% do faturamento em 12 meses.
Para este ano, a operadora tem a meta de atingir uma receita de R$ 300 milhões, cerca de a 25% mais do que em 2010.

Embora seja uma das últimas teles que não entrou na onda de fusões, companhia admite avaliar propostas

Além de crescimento, o resultado da Transit em 2011 também apresentará mais eficiências, afirma o executivo. Horita conta que nos últimos 12 meses a operadora vem fazendo ajustes internos que resultaram em redução de custos operacionais e aumento das margens. Em alguns produtos, a rentabilidade chegou a subir 40% em um ano. "Empresas na fase de maturidade têm que procurar eficiência operacional, não só faturamento", diz.

Porém, um dos reflexos mais perceptíveis da nova fase da companhia, provavelmente, tenha sido o fim da parceria com o Skype. Iniciado em 2006, o acordo previa que a Transit seria a provedora de toda a infraestrutura de telecomunicações para a prestação do serviço no Brasil. No começo do ano, entretanto, o negócio foi desfeito, o que causou problemas para alguns usuários no país. "A parceria foi boa enquanto durou. Mas não faz mais sentido. No momento, temos outros focos", justifica.
Entre as prioridades está a execução do plano de investimento de R$ 200 milhões até 2012 que a companhia iniciou no ano passado.

Impulsionado pelo caixa extra gerado com as mudanças feitas na companhia nos últimos meses, o projeto prevê o lançamento de novos produtos, como os da área de tecnologia de informação, automação residencial, serviço de televisão pela internet (IPTV) e TV por assinatura - o que dependia de sanção do projeto de lei de comunicação, conhecido como PLC 116, assinado pela presidente Dilma Rousseff, semana passada -, e a ampliação da rede de fibra óptica da Transit. O objetivo é ampliar os atuais 800 quilômetros para 2 mil quilômetros até março do ano que vem - incluindo estrutura construída pela própria Transit e trechos contratados de outras operadoras, o chamado swap.

"A fibra hoje é dinheiro vivo. Por conta da demanda por internet banda larga, onde essa estrutura passa você consegue vender [tanto para empresas e outras operadoras, quanto para clientes residenciais]", afirma Horita.

A estrutura de fibra será complementada por um sistema de comunicação via radiofrequência, que tem custo mais baixo e maior rapidez na instalação. Com isso, diz o executivo, a Transit terá uma rede com cobertura nacional até meados de 2012. "Por não ser uma operadora grande, em que as decisões demoram a ser tomadas; nem uma tão pequena, que não tem caixa suficiente para investir, temos essa capacidade ampliar nossa atuação", diz.

Na avaliação do executivo, a trajetória da Transit tem muitas semelhanças com a da Geodex, empresa comprada pela GVT em dezembro de 2007, por R$ 108 milhões. Criada em 2000, a companhia investiu mais de R$ 200 milhões em sete anos para construir uma rede de 11 mil quilômetros. De acordo com Horita, grande parte dos recursos veio das receitas de swap com outras operadoras.

Ao contrário da Geodex, no entanto, Horita afirma que os planos da Transit não vislumbram uma negociação de venda. "Temos muito potencial de crescimento", diz. Mas a opção não está totalmente descartada. "Se uma grande companhia fizer uma proposta interessante, podemos conversar", acena ele.
Fonte:valoreconomico19/09/2011

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