Um ano após a entrada do fundo americano Capital International, o Ibmec iniciou 2011 com uma série de mudanças. As novidades vão desde a troca do presidente, à criação de cursos em áreas em que não atuava e até a interrupção das aquisições – um dos focos do Ibmec até o ano passado.
“Vamos deixar de ser apenas uma escola de negócio e nos tornar uma universidade politécnica com cursos de engenharia, arquitetura e, possivelmente, design e gestão de saúde”, disse VanDyck Silveira, novo presidente do Grupo Ibmec. Desde fevereiro, Silveira substitui Eduardo Wurzmann, que ocupou o cargo durante uma década e vinha trabalhando fortemente nos processos de aquisição.
Nessa nova fase, o Grupo Ibmec interrompeu a estratégia de expansão via aquisições – que eram realizadas por meio de sua outra marca, a faculdade Veris, que cobra mensalidades mais baratas em relação ao Ibmec. Entre 2005 e 2010, a Veris comprou cinco faculdades, que demandaram investimentos de pelo menos R$ 50 milhões. “Nesse momento, a Veris fica como está. Só retomaremos após a expansão do Ibmec”, disse Silveira.
Já dentro da nova estratégia, a Veris vendeu em março as faculdades Uirapuru e Imapes para a Anhanguera. “Foi um erro ter comprado essas faculdades”, afirmou o executivo. Segundo ele, o posicionamento de preço das duas é inferior ao que o grupo pretende manter na Veris.
Silveira passou boa parte de sua carreira nos Estados Unidos, onde se formou economista e trabalhou no mercado financeiro. Aos 38 anos, o executivo já teve duas passagens pelo Ibmec. A primeira delas em 2000, como professor e a outra, entre 2004 e 2007, como diretor da instituição de ensino.
O novo presidente tem metas ambiciosas para o Ibmec. Uma delas é chegar em 2014 com faturamento de R$ 340 milhões, o que representa o dobro da receita registrada no ano passado. Para atingir tais metas, ele planeja ter 25 mil alunos presenciais contra os atuais 12 mil e abrir novas unidades em várias regiões do país. “Há 15 cidades brasileiras com potencial para abrigar nossos campi. Buscamos regiões em que é possível ter unidades com pelo menos 2 mil alunos”, explicou Silveira. Atualmente, o Ibmec tem campi próprios no Rio, em Belo Horizonte e Brasília. Segundo o executivo, esse modelo de negócio, com várias unidades, é inspirado na instituição de ensino mexicana Tecnológico de Monterrey, que tem mais de 30 unidades distribuídas no México.
Outro projeto é a abertura, em 2016, de um campus na cidade de São Paulo, praça em que o Ibmec não está presente. A abertura da unidade paulistana só pode ocorrer daqui cinco anos por conta do acordo fechado com o Insper, que até 2009 operava também com o nome Ibmec. “Esse é o tempo necessário para o Insper consolidar seu [novo] nome no mercado. A partir 2016, podemos abrir unidades em São Paulo e eles nas praças em que atuamos”, explicou Silveira.
Os recursos para a expansão serão provenientes de geração de caixa e de recursos próprios do Ibmec, que tem disponível cerca de R$ 100 milhões por conta do aporte de R$ 130 milhões feito pelo fundo Capital em fevereiro do ano passado. Uma possibilidade que também está sendo estudada é um IPO [oferta inicial de ações] dentro de oito anos.
Os maiores acionistas do Ibmec são o fundo Capital International, que detém cerca de 30%, e o empresário Claudio Haddad, que tem uma participação semelhante e ocupa uma cadeira no conselho do Ibmec, além de ser presidente e controlador do Insper. Os outros 40% são divididos entre Michael Perlman, um dos fundadores da instituição de ensino, e um grupo de executivos como o próprio Silveira e o ex-presidente Eduardo Wurzmann, que adquiriram ações do Ibmec por meio de “stock options”.
Outra novidade é a implementação de um crédito estudantil administrado pela própria faculdade, que cobra mensalidades entre R$ 1,3 mil e R$ 2,5 mil. Pelo sistema, o aluno paga metade do valor das mensalidades durante o curso e a outra parte, mais os juros, após o seu encerramento.
Fonte:ValorEconômico22/07/2011
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