20 julho 2011

Dono do Galileo planeja comprar mais escolas

Grupo tem Gama Filho e UniverCidade e prevê faturar R$ 260 milhões

Pouca gente conhece o grupo Galileo Educacional, mas sabe bem quem são as duas universidades adquiridas recentemente pela empresa, a Gama Filho (UGF) e a UniverCidade. O grupo, que deve faturar R$ 260 milhões em 2011, deve chegar ao fim do ano comprando mais outras duas. É o que revela seu maior acionista, o advogado Márcio André Mendes Costa. Sua meta: construir um grupo de universidades de alto padrão no Rio de Janeiro, capaz de atrair não só alunos do Estado, mas do país e até da América Latina.

Professor de Direito, advogado do escritório que leva seu sobrenome e também juiz do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Costa tem como objetivo ter, até 2014, 100 mil alunos, dos quais 60 mil presenciais. Hoje, as duas escolas têm 60.700, dos quais 26.500 são alunos de pós-graduação a distância da Gama Filho.

Costa foi professor na Gama Filho, coordenador do curso de Direito até dezembro de 2009. Depois, seu escritório, que é especializado em direito educacional, passou a prestar serviços para a universidade.

No início do ano passado, quando leu nos jornais a notícia de que a Gama Filho estava sendo vendida para o grupo Campos Andrade, de Curitiba, Costa percebeu que a família dona da universidade estava disposta a negociar o controle.

"Primeiro procurei o Paulo Gama Filho e me apresentei como alguém que queria viabilizar uma operação para adquirir o controle", conta o executivo. Foram seis meses até que a operação estivesse terminada. Com a ajuda do Banco Mercantil, que fez um empréstimo inicial, cujo valor Costa não revela, foi montada uma emissão de debêntures de R$ 100 milhões. Em fevereiro deste ano, Costa assumiu o controle da Gama Filho. A emissão foi concluída no mês passado. Segundo ele, todos os títulos foram vendidos a fundos de pensão, cujos nomes ele prefere não revelar.

Costa ficou com 80% do capital da Galileo. O restante está dividido entre uma empresa de comércio eletrônico, a IDTV, e a W.Educacional, de ensino distância. Estes dois sócios são considerados estratégicos pois atuam em áreas que Costa pretende usar para expandir os negócios da Galileo.

Enquanto tomava pé da Gama Filho, Costa teve acesso a um estudo mostrando uma possível sinergia entre Gama, UniverCidade e Unipli, de Niterói. "As três escolas já tinham pensado em se unir". Como também já tinha advogado para Ronald Levinson, até então dono da UniverCidade, Costa iniciou a negociação. Em maio, a Galileo adquiriu a segunda escola, com 16 mil alunos.

O maior acionista da Galileo está montando, agora, uma estrutura única de administração para o grupo. Contratou a Totvs Consulting para implantar um sistema que vai ser capaz de gerenciar várias escolas ao mesmo tempo. "Posso plugar tantas quantos quiser", diz ele.

Para atingir o objetivo de transformar o grupo em sonho de consumo de alunos recém-saídos da escola, Costa começa a contratar nomes de peso para dar aula nas suas universidades como o ministro do Supremo Tribunal Federal, José Antonio Dias Toffoli, e o economista e ex-secretário de Fazendo do Estado do Rio, Tito Ryff.

Costa também estuda reformular os cursos, torná-los mais atrativos aos estudantes e atualizados ao mercado de trabalho. Hoje, a UniverCidade, tem nota 2, no Índice Geral de Cursos (IGC), considerada pelo Ministério da Educação uma nota insatisfatória. A Gama Filho tem nota 3, razoável.

Enquanto reestrutura cursos e passa dias ajustando disciplinas para adequá-las às necessidades do mercado de trabalho, Costa precisou sanear as contas das duas universidades. A Gama Filho tinha um endividamento total de R$ 230 milhões, sendo R$ 160 milhões de longo prazo e o restante até dois anos. Segundo Costa, tudo foi renegociado e o passivo trabalhista, que era de cerca de R$ 20 milhões, praticamente quitado.

O mesmo está sendo feito na UniverCidade, que tinha uma dívida de R$ 130 milhões, dos quais R$ 50 milhões em até dois anos. Neste caso, está sendo montado, com o Banco Mercantil, um FDIC (Fundo de Investimentos de Direitos Creditórios) de R$ 63 milhões para financiar parte da operação.

Costa observa que assumiu apenas a dívida de curto prazo, principalmente trabalhistas e tributárias. "O passivo de longo prazo não fica sob a responsabilidade da Galileo, mas sim dos antigos controladores, que assumem inclusive pessoalmente a responsabilidade pelo mesmo. Assim, a Galileo não terá a sucessão de tais débitos porque estão submetidos a regime legal de parcelamento e vinculados aos antigos donos," explica.

Não está nos planos unir as duas universidades sob uma única marca. "A marca UGF é forte, especialmente nos cursos de saúde e de engenharia, enquanto o da UniverCidade sempre teve boas práticas naqueles ligados a comunicação, artes e tecnologia criativa."
Fonte:ValorEconômico20/07/2011

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