Uma nova onda de avanço da covid na Europa e nos Estados Unidos provocou um forte estrago ontem nos mercados globais. As Bolsas de Valores americanas e europeias fecharam em quedas que passaram de 4%, a cotação do petróleo também recuou 5% e até o ouro teve queda de 1,65%.
O Brasil não escapou à onda mundial de pessimismo. O índice Ibovespa, da B3, fechou o dia com queda de 4,25%, aos 95.368 pontos, a maior baixa porcentual desde 24 de abril (-5,45%).
O dólar chegou a ser cotado a R$ 5,79, recuou após uma intervenção do Banco Central (ler mais na pág. B3), mas acabou voltando a subir e fechou em R$ 5,76 com alta de 1,39%. É o maior nível desde 15 de maio. O CDS brasileiro (credit default swap) de 5 anos do Brasil, um termômetro do risco país, subiu de 212 para 223 pontos.
Os mercados já vinham mostrando uma certa desconfiança com o ritmo de recuperação da atividade econômica global, por conta de uma segunda onda da covid na Europa. Isso ontem ficou mais claro com anúncios de novos bloqueios na Alemanha e na França e cresceu o temor de que a atividade econômica fique enfraquecida por mais tempo. “Estamos imersos na aceleração da pandemia”, declarou o presidente da França, Emmanuel Macron.
O chefe de gestão e especialista em câmbio e moedas da Galapagos Capital, Sérgio Zanini, avalia que, com a proximidade da eleição presidencial nos Estados Unidos, na próxima terçafeira, a expectativa já era de que esta semana houvesse uma redução da exposição a ativos de risco no mercado internacional.
Mas a aceleração de casos de covid na Europa acabou antecipando esse movimento, provocando as fortes quedas em meio ao aumento do temor de piora da atividade global.
“A expectativa é de que a volatilidade continue e, caso a pior combinação se concretize, o Ibovespa pode tomar o caminho dos 80 mil pontos”, diz Renato Chain, economista da Parallaxis Economia. “Além da segunda onda na Europa, a pandemia segue em curso nos EUA, com piora no centro-sul do País”, acrescenta.
Na B3, nenhuma ação do Ibovespa fechou o dia em alta. Petrobrás caiu 6% e os bancos também tiveram quedas expressivas.
A CVC caiu 9,88% e a empresa área Azul perdeu 9,58%.
Câmbio. No mercado de câmbio, além do cenário externo, a pressão para desvalorização do real vai permanecer nos próximos meses, em meio ao aumento do risco fiscal do Brasil, a falta de reformas estruturais e o juro real negativo, avalia o banco Société Générale. A previsão é de que o dólar deve fechar 2020 em R$ 5,80 e vá para mais perto de R$ 6,00 em 2021.
Nesse ambiente, o real corre o risco de repetir em 2021 o fraco desempenho deste ano, sendo novamente a moeda de país emergentes com pior desempenho ante o dólar. O estrategista do Société para países emergentes, Dav Ashish, prevê que, nesse ambiente de falta de reformas e desempenho fraco do PIB, a expectativa é de fluxos de capital externo “tímidos” para o Brasil em 2021, ajudando a manter o dólar alto..Estadao . Leia mais em portal.newsnet 29/10/2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário