Vale do Silício: Startups e venture capitals lideradas por brasileiros estão fazendo bons negócios
Levantamento feito pela Bay Brazil – organização que promove interação e negócios entre o Vale do Silício e o Brasil – mostra um volume inédito tanto de captação de investimentos por startups brasileiras que estão no Vale do Silício como de investidores brasileiros atuando na região.
O levantamento considerou as 11 startups lideradas por brasileiros que receberam aportes de mais de US$ 2 milhões no período. Juntas, elas somam perto de US$ 850 milhões de dólares, com destaque para a Brex. A fintech criou um sistema para facilitar o acesso a soluções financeiras para empresas, especialmente outras startups. Do lado dos investidores, são sete firmas de venture capital criadas por brasileiros que já estão atuando no financiamento de projetos inovadores no Vale, não necessariamente de startups brasileiras.
“Parece pouco, mas ter sete brasileiros liderando fundos aqui é algo expressivo. E é a primeira vez que vejo essa quantidade de brasileiros que levantaram esse volume representativo”, diz Margarise Correa, CEO e fundadora da Bay Brazil. “Vejo uma tendência de o brasileiro estar mais disposto a investir em startups”, avalia. “É uma geração nova, destravando com sucesso esse setor tecnológico”, diz Margarise. A CEO ressalta que 2019 já foi um marco em volume de investimentos em negócios no Brasil via venture capital, com US$ 2,1 bilhões.
Um desses brasileiros é Amit Garg, co-fundador da Tau Ventures, que acabou de levantar US$ 17 milhões. O valor será direcionado a startups com soluções que usam inteligência artificial principalmente em três verticais: enterprises, saúde (produtos e gestão) e automação (robótica, drones, carros).
Segundo Amit, a pandemia não foi motivo para travar as apostas em novas empresas. Pelo contrário: segundo ele, essa é justamente a hora de acelerar soluções, visto o que aconteceu nesse período com o e-commerce, a telemedicina e a tecnologia contactless. “Estamos investindo porque inovação cria valor. É o que cria emprego e é o que pode nos tirar da pandemia. Não é o momento difícil que vai impedir investimentos”, acredita.
Amit, que está há 21 anos no Vale do Silício, testemunhou a evolução do ecossistema de inovação da região. Para ele, o levantamento da Bay Brazil mostra o amadurecimento do ecossistema brasileiro de inovação. “É um sinal muito positivo de uma cultura que está florescendo, uma cultura de tomada de risco, pois inovação é risco também. Vejo isso tudo como o testemunho de que o Brasil pode arriscar. Demorou um pouquinho para começar a andar, mas agora está acelerando”.
Maria Fujihara está entre os brasileiros acelerando essa mudança. No Vale há quatro anos e com uma carreira na área de sustentabilidade, Maria acaba de captar US$ 4 milhões na última rodada seed de sua startup, a Sinai, e já tem contrato fechado com três grandes empresas no Brasil. Uma ainda está sob sigilo. As outras são a Arcelor Mittal, maior produtora de aço do mundo, e a BRK Ambiental, maior empresa privada de gerenciamento de efluentes.
Essas grandes empresas se interessaram pela solução criada pela Sinai, de gerenciamento e precificação de carbono. Maria acredita que a próxima demanda de soluções será voltada para a área de mudanças climáticas. “A próxima onda é mudanças climáticas e vai impactar diretamente nos negócios. O timing foi muito bom, porque os investidores estão mais maduros para esse tema. Se fosse cinco anos atrás eu teria mais dificuldade em levantar capital”, avalia.
Maria foi a segunda mulher CEO a participar do programa da Y Combinator, uma das principais aceleradoras do Vale do Silício, que, segundo ela, tem olhado com mais atenção para mercados em desenvolvimento, como Índia e Brasil. Mirando em indústrias com alta intensidade de emissões, – como produção de cimento, alumínio, aço, papel e celulose, logística – o investimento recebido será usado para escalar a solução e reforçar a equipe de 13 pessoas espalhadas globalmente. “Nossa solução ajuda as empresas a precificar internamente o crédito de carbono, o que dá vantagem competitiva, pois, até então, era um processo manual e agora é possível fazer isso de forma mais ágil, precisa e ainda de forma integrada ao sistema, seja SAP ou Oracle, por exemplo. Isso ajuda muito as multinacionais com muitas plantas e divisões”.
Margarise lembra ainda que há outros vários brasileiros engajados dentro das grandes corporações e que atuam como investidores-anjo. “Nunca vi tantos brasileiros aqui no Vale interessados em conhecer e investir em startups. Além do volume monetário, um dos mais valiosos recursos que esses investidores-anjo trazem são suas experiências e conhecimento da indústria da inovação, com muitos deles trabalhando em gigantes da tecnologia que até pouco tempo atrás também eram statups”.
Confirma a lista das startups brasileiros e suas recentes captações (em US$)
- OneSkin – US$ 2,2 milhões
- Brex – US$ 732,1 milhões
- Pipefy – US$ 63,7 milhões
- Back4App – US$ 2 milhões
- Arena.im – US$ 2,4 milhões
- Olivia AI, Inc. – US$ 9,1 milhões
- SINAI – US$ 4 milhões
- Meemo – US$ 10 milhões
- Birdie – US$ 2,1 milhões
- Incognia – US$ 20 milhões
- BovControl – US$ 2,1 milhões
Venture Capitals lideradas por brasileiros atuando no Vale do Silício... Fonte Época negocios Leia mais em foxbe 23/09/2020
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