27 agosto 2020

Torres da Oi chamam a atenção da Piemonte

O grupo de investimentos Piemonte Holding está analisando se avança em seus planos para disputar ativos da Oi que serão leiloados. Depois de fazer uma oferta

vinculante pelos centros de dados da operadora em recuperação judicial, a Piemonte volta sua atenção agora para a unidade produtiva isolada de torres. A UPI está com preço mínimo fixado em R$ 1,06 bilhão.

A infraestrutura digital é composta por centros de dados, cabos de fibra óptica e torres. Por isso, a Piemonte está avaliando proativamente os ativos de torres, disse o fundador e CEO do grupo, Alessandro Lombardi. O empresário destacou que esses ativos precisam de investimentos pesados, mas que são interessantes. Já a UPI InfraCo, que concentra a rede de fibras, está fora de seu “patamar”. Lombardi disse que só entraria no negócio de fibras se fosse convidado para uma parceria.

Com volume de capital autorizado para aquisições em torno de R$ 2 bilhões, a Piemonte, por meio da Titan Venture Capital, seu veículo de private equity, não teria dificuldade para investir em um negócio pouco acima de R$ 1 bilhão. Mesmo com recursos próprios, Lombardi disse que seria preciso alavancar, por isso para um eventual negócio desse porte recorreria a financiamento bancário

A unidade de torres da Oi é composta por 657 sites de telecomunicação “outdoor” e 225 “indoor”. Para o executivo, torres são “caríssimas”, mas o negócio é fácil de gerir, por isso o ativo funciona bem para fundos. A UPI Torres já recebeu uma oferta firme de R$ 1,08 bilhão da Highline, do grupo Digital Colony, controlado pela americana Colony Capital.

Já a gestão de centros de dados é mais complexa. A Piemonte possui o centro de dados GBT S.A, que está sob sua holding Elea Digital, em Brasília. A GBT atende o mercado financeiro, com clientes como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. De acordo com o executivo, o centro de dados da Caixa opera com 100 milhões de contas correntes. Se cai o sistema, isso gera um grave problema. Por isso, a certificação dessa infraestrutura é Tier 4 - padrão para hospedar sistemas computacionais de missão crítica. Os centros de dados da Oi são Tier 2, mas terão que evoluir para Tier 3, disse Lombardi.

O preço de compra oferecido pela Piemonte às cinco unidades da Oi foi de R$ 325 milhões, sendo R$ 250 milhões no fechamento, à vista. Mas o total da transação pode chegar a R$ 425 milhões devido ao compromisso de investimentos que assumiu na proposta. Ao Valor, Lombardi destacou que os aportes podem atingir R$ 300 milhões, para ampliar o espaço disponível para locação - clientes podem alugar a infraestrutura de centros de dados para suas operações e instalação de servidores.

Segundo o executivo, os centros de dados da Oi são antigos e precisam de atualização. Como o grande custo de uma infraestrutura desse tipo é a eficiência energética, terá de renovar o conjunto de ar condicionado, instalado há 20 anos.

Pelo aditamento ao plano de recuperação judicial da Oi, o leilão para a UPI Torres e UPI Data Center (ou centro de dados) deverá ocorrer entre outubro e novembro, com alienação dos ativos em dezembro. Isso se for mantida a assembleia geral de credores da companhia (AGC) para o dia 8 de setembro e correr tudo bem no evento - bancos vêm tentando suspender o encontro.

Lombardi espera que o leilão seja realizado no prazo e o processo se encerre até 31 de dezembro, tendo sua proposta vencedora. “Temos dinheiro comprometido e não pode ficar parado”, disse ele.

Procurada pelo Valor, a Oi respondeu que não comentaria sobre outras propostas, uma vez que já está definida a preferencial - ou “stalking horse”, caso da Piemonte. “Mas destacamos que outras propostas poderão ser apresentadas como parte do processo competitivo judicial para concluir o processo de venda, uma vez aprovada a AGC, e que a Piemonte terá a prerrogativa então de cobrir outras propostas que porventura sejam recebidas como parte desse passo final”, informou a Oi.

 Lombardi disse que empregou muito esforço para apresentar logo sua oferta, a primeira vinculante entregue à Oi, ainda no começo da pandemia. Ele sabia que a competição seria complicada para um grupo brasileiro, de capital próprio, frente a grandes investidores internacionais. Além disso, opinou que foi mais simples para a Oi lhe dar atenção comparado à UPI Ativos Móveis, agora com preço mínimo de R$ 20 bilhões.  Valor Econômico -Leia mais em abinee  27/08/2020




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