19 agosto 2020

Fundo de participação da XP compra fatia da BlueMacaw

A XP Inc. acertou a compra, por meio de um fundo de participações, de uma fatia minoritária da gestora de recursos BlueMacaw, especializada em investimentos alternativos. Comandada pelo ex- Blackstone Marcelo Fedak, a casa tem aproximadamente US$ 250 milhões investidos nos segmentos de escritórios, shoppings, galpões logísticos e hotéis.

Os detalhes da associação não foram revelados e Fedak seguirá à frente da estratégia.

“Dentro desse acordo, a XP sela um contrato de governança mas mantém a BlueMacaw com extrema liberdade porque acredita ser um player importante no mercado de real estate”, diz Gustavo Pires, sócio da XP responsável pela diretoria de fundos de investimentos.

Com a parceria, antecipada para o Valor, a ideia é auxiliar no desenvolvimento de novos produtos e também dar suporte na distribuição dos fundos nas diversas segmentações da plataforma da XP, do varejo ao private banking. “A gente fez um investimento primário na gestora e tem o compromisso de longo prazo. Boa parte dos fundos lançados, e até os existentes, têm compromisso de investimento da XP.” há uma hora Finanças Criada há cerca de um ano e meio, a BlueMacaw atua em duas frentes. Tem um fundo imobiliário listado, o BlueMacaw Office Fund, com foco na renda de dividendos, além de atuar numa linha mais oportunista, com o perfil mais próximo de um “private equity”.

No fim de 2019, a gestora esteve envolvida na disputa com a Hedge Investments e o J.Safra pelo Tower Bridge Corporate, um prédio de alto padrão na região da Berrini. Um fundo do J. Safra acabou arrematando o ativo por R$ 1,055 bilhão. Foi um passo que mostra o tamanho da ambição.

“Estou muito animado com o que pode acontecer no Brasil, o mercado de fundos alternativos em participações imobiliárias é muito pequeno”, diz Fedak.

Enquanto lá fora o segmento de Real Estate Investment Trust (REIT, na sigla em inglês) reúne mais de US$ 1 trilhão em portfólios listados, no Brasil o valor de mercado dos fundos negociados na B3 era de R$ 100 bilhões em julho, com 269 carteiras, segundo dados da bolsa. Com o benefício da isenção de Imposto de Renda (IR) no recebimento do dividendo decorrente do aluguel, mais de 950 mil pessoas físicas compunham a base de investidores.

Com um histórico de dez anos no segmento, Fedak diz que já liderou investimentos da ordem de US$ 3 bilhões, em suas passagens pela Blackstone e BTG Pactual. Ele calcula que com a infraestrutura da XP pode ultrapassar essa marca.

“É um sócio que faz todo sentido, tem domínio do acesso e é formado por desbravadores, empreendedores motivados”, afirma Fedak. “Os ‘skills’ são complementares (), dá para replicar o que foi feito por anos e anos. A expertise da XP vai potencializar esse movimento, colocar na frente um monte de investimentos que demoraria muito mais por outro caminho.” Nos planos já há um fundo de fundos imobiliários e um portfólio com ativos do setor de logística, que deve nascer grande, com volume da ordem do R$ 500 milhões. Fedak cita que, em São Paulo, o setor conta com 11 milhões de metros quadrados em galpões logísticos, enquanto cidades como Chicago, nos EUA, ou Toronto, no Canadá, têm mais de 60 milhões.

“É um segmento que se mostrou mais resiliente na crise com o aumento das compras on-line, acho que tem muita expansão para acontecer”, diz Fedak.

Essa é a segunda gestora que a XP traz para o seu ecossistema como sócia. Em fevereiro, anunciou a compra de um terço da Augme, especializada em fundos de crédito “high yield”, com mais risco e potencial de retorno, com patrimônio na casa dos R$ 660 milhões.

Com esses dois lances, a XP reforça a linha de produtos alternativos. Dentro da XP Asset já há veículos destinados a investimentos em infraestrutura, precatórios, crédito, fundos imobiliários e de private equity. Na distribuição, a plataforma tem atuado com nomes como Vinci, GTIS ou RBR.

“Tem apetite do investidor. Muito se fala nos órfãos do CDI, os rentistas por muito tempo se beneficiaram dos juros altos no Brasil, não só a pessoa física, mas também as fundações, os clientes de várias segmentações”, diz Pires. “Com a nova taxa de juros [a Selic em 2% ao ano], naturalmente se fala da renda variável, mas é pouco provável que o Brasil tenha 50%, 60% da população com investimento em bolsa como se vê nos Estados Unidos.” Com os fundos imobiliários, afirma Fedak, há uma alternativa no meio do caminho.

“Entre CDI e bolsa há um espaço mal ocupado. Os produtos de renda talvez sejam um elemento, nos próximos anos, que vão estar na composição do patrimônio do investidor”, diz ele...Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 19/08/2020


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