29 junho 2020

Como era a situação financeira da TAM antes da fusão com a LAN?

Em meio à Recuperação Judicial do grupo LATAM, muitas pessoas têm questionado se a fusão entre TAM e LAN foi algo bom, e se realmente era necessária.

O ano era 2010. A então brasileira TAM e a chilena LAN anunciaram uma fusão, vista como o negócio do ano na aviação, que iria unir duas gigantes do setor na América Latina.

As empresas tinham uma longa relação, com um code-share amplo, que praticamente dominava por completo os voos entre Brasil e Chile.

Vale lembrar que este acordo foi mantido mesmo depois da entrada da TAM na Star Alliance, meses antes do anúncio da fusão no ano de 2010, enquanto a LAN pertencia a outra aliança, a oneworld.

Esse fato, na época, já alimentou rumores sobre uma possível sinergia das empresas, que continuavam parceiras mesmo sendo de alianças opostas.

O acordo das empresas foi feito em agosto de 2010 e concluído em 2012. A nova marca foi anunciada em 2015 e, desde então, a empresa tem se chamado oficialmente LATAM.

Agora, com a Recuperação Judicial solicitada pelo grupo em todas as suas subsidiárias com exceção de Brasil, Argentina e Paraguai, surgiram várias teorias sobre se a fusão teria fortalecido mesmo as duas empresas ou não.

Decidimos voltar no tempo e analisar como era o desempenho das empresas antes da fusão, no período de transição e depois como uma só empresa.

Para isso, consultamos os balanços financeiros da LATAM e da TAM Linhas Aéreas S/A, disponíveis no site da LATAM e também no arquivo da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).


Os dados e gráficos

Como referência exposta pela própria empresa nos seus relatórios, utilizamos na análise o Lucro Líquido após todos os descontos, incluindo impostos, participação de acionistas, etc.

 
Destacamos que podem existir pequenas diferenças entre o que foi publicado em alguns documentos e o refletido nos gráficos abaixo, por questão de auditorias e ajustes feitos pela companhia que só se refletem em relatórios seguintes.

A única exceção será referente ao último trimestre de 2011 (4Q11), no qual os arquivos disponíveis na página da LATAM estão mostrando o resultado do mesmo período de 2010 (4Q10), possivelmente por alguma falha de upload de arquivo no sistema.

Abaixo, visualizamos o lucro líquido da TAM de 2007 até o segundo trimestre de 2010, quando então o acordo foi selado para formar a LATAM. Logo em seguida, o mesmo referente à LAN.



Vale lembrar que os valores expressos nos resultados da LATAM são em reais brasileiros, e os da LAN em dólares americanos, uma vez que o objetivo é apenas identificar lucros e prejuízos de cada uma. No caso da chilena, nota-se que ela não apresentou prejuízo nos anos anteriores à fusão, mas apenas em um único trimestre (2Q09).

A maior queda em ambas foi no período pós-crise financeira de 2008, e houve ainda um retorno da tendência de queda no período pré-anúncio de fusão. Pelo gráfico da TAM, é possível notar que a brasileira sempre esteve oscilando em torno da linha que separa prejuízo e lucro.

LATAM Airlines Group

Abaixo está o desempenho das duas empresas no período entre o anúncio da fusão (agosto de 2010) e o início da listagem nas bolsas de valores como empresa unificada em 2012:



Vale lembrar que, como já citado antes, no gráfico acima excluímos os dados de ambas as empresas sobre o 4Q11 (os valores estão no zero) pelo fato da TAM não disponibilizar os mesmos, porém, a título de referência, o da LAN é da cifra de $112,5 milhões de dólares de lucro líquido. Para os valores da TAM que são dispobinilizados em reais, utilizamos o dólar médio do período, de R$1,78.

Por fim, abaixo temos o nosso último gráfico, do desempenho (ano a ano) da empresa após a sua fusão, com dados em dólares americanos:


Neste último, é notável o efeito da crise pela qual o Brasil passou de 2014 até 2016, com o auge da recuperação em 2018 e 2019 no período de pré-crise da atual pandemia.

Conclusões

Pelo comparativo entre períodos pré e pós-fusão, fica claro que as companhias buscavam uma maior solidez, o que é o caso da maioria das empresas que buscam uma fusão com concorrentes diretas ou indiretas.

Pelo gráfico antes e depois, é possível ver que isso foi atingido, já que a empresa teve um desempenho bem melhor após a fase de transição do que os máximos que ambas tinham individualmente antes.

Mesmo com a crise de 2015 sendo pior que a de 2008 no Brasil, a empresa unificada teve um prejuízo menor do que a TAM teve sozinha na depressão da década anterior, assim como seu lucro líquido foi recorde em 2018.

De qualquer maneira, a análise financeira acima foi feita de forma simplificada apenas para dar uma luz a mais sobre um questionamento que ainda é pertinente e polêmico em qualquer roda de conversa sobre aviação comercial: Se a TAM tivesse continuado independente, seria melhor para seus funcionários e clientes?..Leia mais em  AEROIN 28/06/2020



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