As fusões e aquisições no Brasil vem crescendo desde 2018
O amadurecimento do ecossistema brasileiro não está refletido apenas no número de unicórnios que o país contabiliza e na quantidade de startups que se internacionalizam. O tipo de investimento que as jovens empresas recebem também retrata o potencial delas no mercado. E neste quesito, o Brasil está bem posicionado. Levantamento realizado pela plataforma Crunchbase mostra que aproximadamente 7 em 10 (69%) startups adquiridas na América Latina de 2019 até maio deste ano são brasileiras. Em todo continente americano, esse percentual é de 10%.
Segundo Gustavo Gierun, cofundador da empresa de inovação Distrito, o mercado de fusões e aquisições está crescendo desde 2018, resultado do amadurecimento “natural do mercado de tecnologia e inovação”. Dados do hub mostram que nos primeiros cinco meses deste ano foram realizadas 35 operações neste modelo — um aumento de 53% em relação ao mesmo período do ano passado, quando ocorreram apenas 23.
“Fusão e aquisição são formas de as empresas crescerem e dominarem o mercado com mais rapidez. Quando duas empresas se unem, por exemplo, atingem um setor com mais agressividade. Neste caso, um mais um não é dois, é muito mais”, explica Gierun.
Uma das aquisições citadas pelo executivo foi a da Vitta, de planos de saúde corporativo, pela fintech Stone em junho. “O ecossistema de inovação é muito dinâmico e nem sempre as oportunidades estão dentro do próprio mercado da empresa”, complementa.
Com a crise provocada pelo novo coronavírus, operações de fusão e aquisição devem ganhar ainda mais evidência no Brasil dado à necessidade de grandes empresas acelerarem processos de digitalização, afirmam especialistas.
A Weg, por exemplo, anunciou na terça-feira (23) a compra de 51% da startup Mvisia, de visão computacional e inteligência artificial, para atender as demandas da indústria 4.0.
“Muitas startups estão fragilizadas, com menos caixa e acesso a capital de investidores. Ao mesmo tempo, grandes empresas estão comprando soluções transformadoras para aumentar a capacidade de atender digitalmente seus clientes”, compara Antonio Rodrigues, sócio-executivo da BRQ e líder do BRQ Innovation Hub, programa de investimentos em startups da empresa de tecnologia.
Ciclo completo da inovação
Na avaliação de Flavio Pripas, investidor na Redpoint eventures, grandes empresas compram startups para adquirir tempo, pessoas, tecnologia e acessar novos mercados. “O ambiente de inovação possui soluções sólidas que podem garantir o futuro das companhias. Quando uma startup é adquirida, o empreendedor atua como executivo da grande empresa por alguns anos e geralmente sai para abrir outra startup. É um ciclo completo”, argumenta ele, que foi diretor do Cubo Itaú, maior hub de empreendedorismo da América Latina.
Esse cenário, pondera Pripas, não é novo. Na década passada, a Intel e a Cisco chegaram a comprar de três a quatro startups por mês para acelerar o processo de inovação nos EUA. Não à toa, o relatório da Crunchbase aponta que 38% de todas as companhias adquirentes de startups da América estão no país norte-americano.
“O empreendedor é um ser inquieto e não se satisfaz facilmente. Esse movimento circular de criação e venda de startups ajuda o ambiente de negócios do país porque distribui riqueza e cria valor para a sociedade. Precisamos disso no Brasil”, pontua o investidor.".. Por Patrícia Basilio, especial para GazzConecta Leia mais em gazetadopovo. 23/06/2020
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