O mercado vai monitorar nos próximos dias as especulações de que a Amazon estaria negociando a compra da JC Penney — ironicamente, um negócio que ela ajudou a matar.
O Women’s Wear Daily, um site especializado em varejo, reportou na segunda-feira passada que executivos da Amazon estavam na sede da JC Penney em Plano, no Texas, conversando sobre algum tipo de transação.
A notícia veio três dias depois da JC Penney entrar em recuperação judicial, depois de anos de erros estratégicos, encolhimento do varejo físico como um todo e a pá de cal da pandemia.
Uma eventual aquisição reforçaria a tese de que o futuro do varejo é um híbrido de online com offline e poderia levar os investidores a reavaliar o potencial de redes de varejo com centenas de lojas.
Uma aquisição da JC Penney viria três anos depois da Amazon entrar pela primeira vez no varejo físico com a compra da Whole Foods.
Segundo um artigo da Forbes, um dos motivos mais prováveis para uma aquisição seria a logística (uma consideração importante também na compra da Whole Foods).
Hoje com 865 lojas nos EUA (e planos de fechar 240 na concordata), a JC Penney tem uma capilaridade que ajudaria a baixar o custo do ‘last-mile’ da Amazon, que hoje diminui a rentabilidade das empresas de ecommerce.
“Imagine as economias que a Amazon teria caso seus consumidores (por escolha própria) resolvessem o ‘last-mile’ visitando os ‘Amazon Drive-up’ — um serviço de coleta e entrega altamente automatizado e sem contato,” disse a Forbes.
A JC Penney também poderia se tornar uma vitrine para as marcas próprias de moda da Amazon, que têm tido dificuldade para ganhar tração no marketplace.
Apesar das potenciais sinergias, o mais provável parece ser que a Amazon compre apenas alguns ativos da JC Penney, e não toda a operação.
“Por que a Amazon precisa pagar pela JC Penney?”, diz um investidor que acompanha o setor. “A marca, ao contrário da Whole Foods, parece velha e pouco identificada com o jeito Amazon. Na crise do varejo, com Sears e JC Penney quebrando, se uma empresa como a Amazon quiser espaço de âncora de shopping ela consegue isso facilmente sem ter que arcar com o legado dessas empresas.”
Analistas especulam que a Amazon pode simplesmente querer comprar alguns CDs da JC Penney ou converter algumas de suas lojas em centros de distribuição.
Segundo a Forbes, a JC Penney tem 30 lojas grandes — fora de shoppings — que poderiam ser convertidas em mini CDs ou operar como tal.
Nas últimas semanas, também surgiram boatos de que a Amazon estaria negociando a compra da AMC Entertainment, uma rede de centenas de salas de cinemas nos EUA (e outra empresa colocada de joelhos pela pandemia). Leia mais em Brazil Journal 25/05/2020
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