“Já eram tendências que identificávamos e vínhamos investindo. A crise acelera essas transformações de hábito e de regulação”, diz Luiz Henrique Noronha, sócio da DNA, responsável por venture capital.
Entre março e abril, a DNA investiu cerca de R$ 100 milhões em três companhias. O maior aporte foi na Sanar, plataforma de conteúdo educacional para médicos. A gestora também entrou na Memed, especializada em transcrição médica digital, e fez um segundo investimento na Feegow, empresa de software de gestão de clínicas de médio e grande porte no Brasil, usado por mais de 20 mil médicos.
Durante a pandemia, universidades de medicina que tiveram que interromper aulas presenciais passaram a usar os recursos da Sanar. “A Sanar criou um tipo de Netflix para ajudar na formação do médico, com material de preparação para residência, depois para especialização e conteúdos sobre tomada de decisão no dia a dia”, diz Noronha. Na Beep, empresa de vacinação em domicílio em que a DNA investiu em 2017, a demanda dobrou no último mês. “O coronavírus força uma mudança de cenário.”
A escolha do setor não foi aleatória. A DNA foi fundada em 2012 por Pedro Bueno, acionista das redes de laboratórios Dasa e de hospitais Ímpar, e filho do fundador da operadora de saúde Amil, Edson Bueno. Ele juntou um grupo de sócios para fomentar negócios na área de saúde por meio de fundo de private equity, com capital proprietário e gestão profissional.
Hoje tem composição diversificada de investidores nos fundos e acionistas - são 12 sócios que vieram de gestoras como Angra e Gávea. Bueno continua sendo o maior acionista da DNA, mas a família tornou-se minoritária nos veículos de investimento, que têm capital de fundos soberanos e family offices.
A área de venture capital nasceu em 2017, com a vinda de Noronha e a captação de um fundo de US$ 150 milhões (cerca de R$ 750 milhões). “Temos abordagem global e nos mais diversos segmentos de saúde. Dos nossos 14 investimentos, seis foram no Brasil e os outros nos Estados Unidos, China e Reino Unido. Também temos olhado negócios na Índia e Israel”, diz.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o fundo de venture capital tem participação na farmácia digital Alto Pharmacy - fundada na Califórnia por dois engenheiros de software que trabalhavam no Facebook, a rede faz entregas gratuitas de medicamentos nas casas de pacientes.
Noronha ressalta que algumas companhias já tinham recebido rodadas anteriores de investimento, sem conseguir deslanchar, e que o efeito exponencial da DNA se deve à carteira de ativos - como eles se complementam, tanto em private equity quando em venture capital. Ter uma grande rede de laboratórios entre as investidas ajuda na aceitação de prescrições digitais, enquanto ter uma distribuidora de medicamentos ajuda a assegurar a prestação de serviços em domicílio, por exemplo.
A DNA tem feito de três a cinco investimentos em startups por ano, em um processo de análise que começa com quase mil companhias. Os aportes vão desde capital semente a série C - o que permite injeção de US$ 150 mil ou de US$ 15 milhões, por exemplo. As demandas e oportunidades se diferenciam em cada mercado. Nos Estados Unidos há mais startups buscando capital para acelerar desenvolvimento de tecnologias de ponta e, no Brasil, mais empresas voltada a digitalização e ganhos de eficiência nos processos médicos.
No private equity, a DNA monta um fundo a cada tese - assim não fica com dinheiro parado ou com pressão de investimento, na visão dos sócios. São nove fundos, que investem em empresas como a Ímpar, a distribuidora de medicamentos Mafra e os laboratórios Dasa. No venture capital, a estrutura já é de fundo único. “Alocamos uma parte pequena, ainda temos espaço para fazer, com tranquilidade, mais dez investimentos e reservamos capital também para rodadas subsequentes nas empresas do portfólio”, diz Noronha. A gestora já investiu R$ 8 bilhões, com portfólio que passa de R$ 20 bilhões de valor de mercado . Leia mais em valoreconomico 15/04/2020
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