As start-ups de saúde mental estão a passar por uma fase positiva, com o investimento global a ultrapassar largamente a fasquia dos 500 milhões de libras (595 milhões de euros). Conheça nove das empresas que estão a dar cartas nesta área na Europa.
Um dos maiores fundos de capital de risco da Europa, o Octopus Ventures, relatou numa pesquisa recente que nos últimos seis anos o financiamento global nas start-ups de saúde mental aumentou fortemente, passando de 120 milhões de libras (142 milhões de euros) em 2014 para 580 milhões de libras (690 milhões de euros) em 2019.
Porém, 14% desse investimento foi atribuído a start-ups europeias. Este setor é liderado por start-ups americanas como a Big Health que desenvolveu aplicações como a Sleepio (para o sono) e a aplicação para meditação Clam. Mas existem histórias de sucesso na Europa e start-ups que pretendem desenvolver soluções que promovem a saúde mental.
Conheça as strat-ups europeias que estão a dar cartas neste setor, segundo o Sifted.
1. Unmind: A plataforma de saúde mental no local de trabalho
Origem: Londres, Reino Unido (2016).
Financiamento: 14,8 milhões euros.
Números: crescimento de receita de 300% em 2019. Já 350 mil pessoas acedem aos serviços da Unmind.
A Unmind é uma plataforma de saúde mental destinada ao local de trabalho que visa ajudar as organizações e os funcionários a melhorarem de forma mensurável o seu bem-estar mental. A solução assenta no Unmind Index – uma avaliação desenvolvida com inputs clínicos que ajudam as pessoas a acompanhar e a conhecer o seu bem-estar mental. Ao recolher informação sobre vários elementos fundamentais para o bem-estar mental (entre eles satisfação, sono, felicidade, calma e saúde), os funcionários tornam-se mais conscientes do caminho que devem percorrer, já que lhes são sugeridos conteúdos e recursos com base nas suas necessidades pessoais.
Os dados são agregados de forma anónima, o que permite aos empregadores entender as tendências de bem-estar da sua equipa, com vista a reduzir fatores de stress organizacional. A empresa pretende expandir internacionalmente o seu negócio, tendo como meta melhorar o bem-estar mental de 10 milhões de pessoas em empresas e organizações de todo o mundo.
2. Panion: A aplicação que combate o isolamento social
Origem: Malmo, Suécia (2018).
Financiamento: 350 mil euros atribuídos por David Helgason (fundador da Unity), Klaus Nyengaard (ex-diretor executivo da Just Eat), Sune Alstrup e Alexey Levin (do microfundo Unconventional Ventures).
Números: 110 mil utilizadores registados, 150 mil downloads, 4 mil “encontros” programados e mais de 37 mil conversas iniciadas.
A app Panion consiste num motor de pesquisa para encontrar pessoas com ideias semelhantes numa área geográfica próxima. As pessoas podem ser encontradas com base nos seus interesses, valores e experiências, tendo sido desenvolvido um algoritmo de correspondência para ligar os utilizadores com base na sobreposição de palavras-chave (ideias, interesses) e a localização geográfica. Os utilizadores partilham os seus interesses com outros nas proximidades, procuraram pessoas com base em palavras-chave específicas e criam ou participam em “encontros” espontâneos na sua região (cidade)
A start-up vai começar a testar a aplicação de Comunidades B2B, uma solução para ser lançada em empresas, instituições e universidades, com atividades e experiências incorporadas fornecidas por parceiros. A solução deverá ser ainda lançada em Londres, Berlim, Amsterdão, Nova Iorque e Los Angeles, onde a empresa detetou um crescimento orgânico e angariou mais fundos.
3. Flow: Os criadores de headset e aplicação para a depressão
Origem: Malmö, Suécia (2016).
Investimento: 2,3 milhões de euros da Hax, Khosla Ventures, SOSV, Daniel Andersson (fundador de Vembi).
Números: 10 mil pessoas já usam a aplicação Flow no Reino Unido e Suécia (obteve a classificação de 4.6 rating na App Store e 4.1 no Trustpilot), duas patentes registadas e várias a aguardar decisão.
A Flow apresenta-se como um tratamento sem medicamentos para a depressão, inclui auscultadores para a estimulação cerebral e um programa de terapia. É, até ao momento, o primeiro (e único) tratamento aprovado na Europa para fazer em casa para a depressão. O auscultador Flow usa estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS), um leve sinal elétrico, para estimular e reequilibrar a atividade neural. Para maximizar a recuperação durante o processo de estimulação cerebral, os utilizadores complementam o processo através de uma aplicação de “terapeuta virtual” baseada nas mais recentes pesquisas em psicologia e neurociência.
A Flow tem como objetivo chegar a toda a Europa. A solução está a ser testada em mais de 20 clínicas do Reino Unido. Algumas clínicas estão a apresentar esta solução aos seus pacientes como um tratamento complementar.
4. Spill: A aplicação tipo “Slack” para apoio ao bem-estar dos funcionários
Origem: Londres, Reino Unido (2018).
Investimento: 910 mil euros da Passion Capital e Seedcamp.
Números: 30 clientes (incluindo Totally Money e Whitehat), 1.200 pessoas usam Spill — 80% das quais nunca tiveram acesso a apoio de saúde mental anteriormente.
Através de um “slackbot” todos os funcionários de uma empresa recebem um conjunto de perguntas sobre a sua saúde mental. Aqueles com pontuação alta podem clicar na aplicação para fazer um conjunto de sessões por vídeo de terapia. Todos os funcionários podem fazer perguntas diretamente a um terapeuta através do Slack ou obter recomendações de leitura e ferramentas de saúde mental dos bots do sistema.
A start-up Spill está a construir um banco interno de conhecimentos de psicoterapia partilhado, tendo começado a procurar terapeutas internacionais com o intuito de expandir para a América do Norte, onde pretende ter 300 empresas clientes até o final do ano.
5. Meru Health: O parceiro de inteligência artificial para terapia
Origem: Helsínquia, Finlândia (2016).
Investimento: 4,8 milhões de euros da Lifeline Ventures, Y Combinator, Freestyle Capital, IT-Farm, Bonit Capital entre outros.
Números: 700 pacientes tratados até ao momento, numerosos estudos clínicos publicados com o apoio de UC Davis e Stanford Medicine.
Um programa terapêutico digital de 12 semanas que assenta numa aplicação dirigida a pessoas com depressão, ansiedade ou burnout. O sistema inclui um dispositivo de medição de frequência cardíaca (HRV-biofeedback) que liga a aplicação através de Bluetooth e que permite que as pessoas pratiquem, por exemplo, respiração profunda ao obterem feedback instantâneo.
A Meru Health vai continuar a trabalhar com a Stanford Medicine e a Stanford Health Care, na Califórnia, além de continuar a trabalhar com o sistema de saúde estudantil finlandês. A start-up tem estabelcedido também parceria com várias companhias de seguros dos EUA e pretende expandir para dois novos países da Europa.
6. Institute for Mental Health: O hub de saúde e o chatbot de inteligência artificial
Origem: Zurique, Suíça (2016)
Investimento: 50.000 euros do European Innovation Council
Números: Mais de 100 clientes tratados.
A start-up da suíça testa diversos tipos de software, ferramentas e equipamentos, e presta serviços a clínicas de saúde mental e a clientes nas suas próprias instalações, por exemplo terapia através de realidade virtual contra a ansiedade, EEG-neurofeedback, oficinas de demonstração para profissionais de saúde e empresas sobre jogos terapêuticos. A empresa também desenvolveu o HYGGii, o psicoterapeuta e coach “de bolso”. O HYGGii é um chatbot assente num mecanismo de inteligência artificial. A solução junta um conjunto de jogos e exercícios terapêuticos.
A start-up pretende encontrar novos investidores de relevo este ano e quer candidatar-se ao programa H2020 EU SME Accelerator Grant, para que até ao final do ano o HYGGii entre em funcionamento.
7. BlueCall: A solução que quer diminuir as baixas por doença mental
Origem: Estocolmo, Suécia (2016).
Investimento: 1,7 milhões de euros do Punkt B International e Poularde.
Números: Mais de 40 clientes, incluindo duas empresas de seguros privadas. Estudos internos sugerem que a utilização do BlueCall durante três sessões diminui o risco de baixa por doença em 75%.
Uma aplicação que junta pessoas que precisam de aconselhamento a pessoas que podem oferecê-lo diretamente através do telefone. A solução permite três níveis de aconselhamento para que o utilizador possa escolher que tipo de apoio deseja e ligar diretamente da aplicação. Para este ano, a BlueCall tenciona crescer entre 100 a 150%.
8. Psylaris: O serviço de terapia em realidade virtual
Origem: Maastricht, Países Baixos (2017).
Investimento: 110.000 euros do Y Combinator.
Números: Está presente em dois países (Países Baixos e Bélgica).
Esta é uma solução de terapia autónoma de realidade virtual. A empresa, através dos produtos que desenvolve, permite que os pacientes possam receber terapia personalizada em qualquer altura, sem a necessidade da presença de um terapeuta. O primeiro produto que a empresa desenvolveu permite aos pacientes desempenharem um papel mais ativo no tratamento de transtorno de stress pós-traumático. A empresa acredita que a tecnologia pode desempenhar um papel de destaque na saúde mental. Em 2020, o objetivo da start-up é expandir internacionalmente o seu negócio.
9. Ahum: Soluções de terapia cognitivo-comportamental
Origem: Estocolmo, Suécia (2015).
Investimento: 750.000 euros provenientes do Schibsted Growth e Almi Invest.
Números: Investigações internas indicam que sete em cada dez utilizadores não apresentam sintomas psicológicos após três meses desta terapia.
A solução é baseada num algoritmo de correspondência que liga os pacientes ao psicólogo mais adequado, para que estes possam marcar uma sessão de tratamento. Os psicólogos usam o software da Ahum para agendar todas as consultas, manter registos e realizar sessões de vídeo. A start-up está a juntar mais funcionalidades à solução como, por exemplo, a capacidade de oferecer tratamentos baseados em texto através dos programas de chatbot e terapia cognitivo-comportamental digital (TCC).
A empresa quer divulgar as vantagens da terapia comportamental cognitiva on-line para aumentar as vendas da solução. E tenciona obter mais financiamento até ao final do ano, com vista a reforçar a equipa... Leia mais em linktoleaders 02/03/2020
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