Para economistas do banco, ruídos relacionados à equipe econômica podem atrapalhar percepção de avanço na agenda de reformas e piorar confiança dos investidores O Itaú espera o avanço de uma reforma tributária apenas pontual no segundo semestre deste ano. Para a primeira metade do ano, o banco vê o avanço da agenda de reformas microeconômicas, como o marco regulatório do saneamento, além da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, do chamado Plano Mansueto de ajuda aos Estados e do novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
“A situação fiscal está hoje muito mais condicionada à retomada da atividade econômica do que no passado”, disse o economista Pedro Schneider, durante o evento Macro em Pauta, promovido pelo Itaú Unibanco para apresentação de suas estimativas. O banco prevê crescimento de 2,2% neste ano.
“Até a reforma da Previdência, tudo girava em torno do fiscal, era ele quem determinava o PIB, agora é mais o contrário.”
Segundo Schneider, se a economia consolidar sua retomada e começar a crescer com mais força, as varáveis fiscais vão melhorar na margem. Isso vale tanto para o déficit primário, como para a dívida pública, avaliou.
O economista do Itaú, Pedro Schneider, vê a situação fiscal mais atrelada à retomada da atividade
“Há uma estabilização cíclica da dívida bruta que, se for mantida a política econômica e a agenda de reformas, pode se converter numa estabilização estrutural”, disse.
Quanto à reforma tributária, o economista avalia que ela deverá ser apenas “pontual”, com a simplificação de impostos federais, como a PIS/Cofins.
Questionado sobre os efeitos das falas polêmicas do ministro Paulo Guedes ou até de uma possível saída do ministro para a economia brasileira, o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, disse que o que mais preocupa é justamente a influência de qualquer distúrbio sobre o andamento da agenda de reformas.
“Temos uma agenda de reformas que é muito importante para resolver o problema fiscal, que é a PEC Emergencial, e para crescer mais, que é a reforma tributária”, disse Mesquita. “Qualquer coisa que ameace o avanço dessa agenda deve gerar reação negativa, com impacto sobre confiança.”
O banco projeta um déficit de 1% do PIB em 2020 e 0,5% em 2021, consistente com a melhora gradual esperada das contas fiscais.
Privatizações
O banco prevê que a agenda de privatizações e concessões deve seguir em linha ao observado no ano passado, com venda de subsidiárias de estatais, enquanto privatizações de fato como a da Eletrobras ainda exigem amadurecimento maior.
Schneider espera que a venda de ativos gere R$ 85 bilhões em receitas este ano, similar aos R$ 90 bilhões do ano passado. Ele lembrou que a venda de subsidiárias gera receita primária indireta ao governo, via pagamento de dividendos pelas estatais.
Outra contribuição esse ano deve ser a devolução de recursos do BNDES ao Tesouro, estimada em R$ 100 bilhões, ante R$ 125 bilhões em 2019. Assim, os dois efeitos somados devem gerar R$ 185 bilhões. Embora nem todo esse valor se converta em resultado primário, as medidas vão na direção correta, avaliou Schneider. Valor Econômico Thais Carrança Leia mais em yahoo 19/02/2020
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