28 janeiro 2020

Vectis entra no varejo com fundo imobiliário de R$ 581 milhões

A Vectis lançou seu primeiro fundo destinado ao investidor de varejo. Batizado de Vectis Juros Real Fundo de Investimento Imobiliário, o produto estreia hoje para negociação na B3. Na oferta primária, ele foi distribuído pelo Itaú somente para clientes private e do segmento Personnalité do banco.

O fundo captou R$ 581 milhões para investir mais de 50% do patrimônio em empreendimentos imobiliários, como certificados de recebíveis (CRI), letras de crédito imobiliário e também hipotecárias. A rentabilidade alvo é NTN-B mais um prêmio, que pode variar entre 1% e 3% ao ano. Até o momento, fechou uma operação de R$ 120 milhões; e há outros dois mandatos, de R$ 210 milhões.

A Vectis trabalha com operações de crédito estruturado com viés "high yield" e surgiu há três anos. Nesse período, diz o sócio Alexandre Aoude, construiu um histórico de operações e levantou junto a investidores cerca de R$ 1,2 bilhão. Até captar esse fundo imobiliário, a gestora possuía apenas um fundo de investimentos em direitos creditórios (FIDC), usado como funding das operações de crédito.

No ano passado, os sócios entenderam que era o momento de buscar uma parceria para acessar investidores de varejo, mas com a preocupação de encontrar cotistas adequados ao perfil do investimento, que busca mais retorno, tem menos liquidez e, também, mais risco. Aoude e Laercio Boaventura, sócios fundadores da Vectis, trabalharam no Itaú e, segundo eles, já conheciam bem todo o cuidado deles na forma de vender os produtos. A Vectis é a primeira gestora a ter um fundo distribuído exclusivamente pelo Itaú em sua plataforma, à exceção dos produtos do próprio banco e da Kinea.

As cotas do fundo foram compradas por 2.649 pessoas físicas, que ficaram com 95,5% do total. O restante ficou com pessoas ligadas à Vectis - é norma da casa investir junto com os clientes.

A estratégia do fundo, explica Aoude, será focar operações nas grandes capitais, lugares em que poderá haver recuperação mais rápida, caso haja alguma volatilidade de mercado. Também haverá atenção aos ciclos de crédito. A avaliação da Vectis é que, no aspecto macro, o país vai ficar um pouco mais estável, o que deve equivaler a ciclos mais longos.

Nesse quadro, faz sentido pensar em alongar os prazos ou, seja, estender o "duration" do fundo. "Podemos fazer isso via amortização, empurrando os pagamentos para a frente, ou com prazos mais longos na estruturação. Vai depender da qualidade do recebível, do colateral", diz Aoude. Boaventura destaca que o fundo poderá trabalhar melhor a questão de prazos por não estar exposto a volatilidades - não tem prazo definido e nem resgates.

A intenção da Vectis é participar da estruturação das operações investidas, mas não está descartado comprar operações de terceiros.

Segundo o sócio Rafael Catelli, a casa já é conhecida no mercado pela agilidade de desembolso, oferta de prazos longos e customização das operações. O fundo já tem tamanho razoável, mas que eles consideram escalável - quanto maior ele for, terá mais relevância nas operações, avaliam.

Por seis meses, a taxa de administração cobrada será de 0,30% ao ano. Após esse prazo, quando o fundo já terá feito todos os investimentos, passará a 1,60% ao ano. Valor Econômico, Ana Paula Ragazzi, Leia mais em ademi 28/01/2020

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