27 janeiro 2020

Metade do volume de IPOs de 2020 deve vir da Caixa Econômica

A abertura de capital de alguns setores da Caixa Econômica Federal deve ser responsável por metade do volume de IPOs (oferta pública inicial, na sigla em inglês) deste ano.

Dos cerca de R$ 50 bilhões previstos pelo mercado nestas ofertas, analistas calculam que R$ 25 bilhões venham da Caixa Seguridade, da operação de cartões da estatal e da Caixa Lotéricas.

O processo faz parte do plano de desestatização do banco para alavancar recursos e pagar a dívida de cerca de R$ 30 bilhões com o Tesouro Nacional.

O setor de gestão de recursos (Caixa Asset Management) também deve ir a mercado, segundo o planejamento do presidente da instituição, Pedro Guimarães. No entanto, de acordo com analistas, esse quarto IPO deve ficar para os próximos anos.

O mais encaminhado é o da Caixa Seguridade, que já conta com um sindicato de bancos para coordenar a oferta, seguido das estatais de saneamento. No setor privado, empresas de construção lideram a corrida para a Bolsa.

Especula-se que 25 empresas abram capital neste ano, 8 delas estatais. Os cinco IPOs de 2019 movimentaram R$ 10 bilhões, segundo a Anbima (entidade do mercado de capitais).

A primeira oferta inicial de 2020 será a da construtora Mitre, uma empresa familiar, que começa a ser negociada na Bolsa em 5 de fevereiro.

A abertura está em fase de reserva de ações, período no qual o investidor sinaliza à sua corretora quantos papéis deseja comprar quando iniciarem as negociações.

A companhia projeta captação de R$ 763 milhões, caso a ação seja negociada no preço médio estipulado de R$ 16,80. No melhor cenário, com preço acima da média e oferta adicional de papéis, pode superar R$ 1 bilhão.

Em 6 de fevereiro estreiam as ações da Locaweb, empresa de hospedagem de sites, que prevê captação de R$ 942 milhões e preço médio de ação de R$ 15,75. Caso o lote adicional seja ofertado, o IPO superaria a marca de R$ 1 bilhão.

Ainda em fevereiro, no dia 12, a incorporadora Moura Dubeux também pode chegar a casa do bilhão com seu IPO, com preço médio por ação de R$ 19.

No dia 17, a Priner, prestadora de serviços industriais para empresas de óleo e gás e mineração, vai à Bolsa em menor escala. Sua oferta deve movimentar R$ 200 milhões (R$ 11,50 por ação).

Segundo André Rosenblit, diretor da Santander Corretora, a tendência é que mais companhias menores busquem a Bolsa. "As grandes já abriram capital, e as médias estão tendo mais facilidade de se capitalizar por meios tradicionais com juros baixos", diz.

"É a vez de empresas de faturamento menor e não tão conhecidas. A demanda não vai ser absurda, como em 2019, mas vai ser boa, cerca de 125% da oferta", diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo.

As aberturas de capital em 2019 tiveram uma alta procura pelo pequeno investidor, o que levou a demanda a ficar muito acima da oferta.

Com o crescimento do mercado de ações brasileiro, empresas menores veem uma boa oportunidade de se capitalizar rapidamente. Em 2019, o número de CPFs na Bolsa mais que dobrou, de 813 mil para 1,7 milhão, com investidores procurando alternativas à renda fixa após as quedas dos juros para 4,5% ao ano.

As ofertas subsequentes de ações (follow-on) também devem crescer. A Santander Corretora estima R$ 150 bilhões de follow-ons neste ano, dos quais 75% deve vir do governo. Em 2019, foram R$ 80 bilhões em follow-ons.

A maioria dessas ofertas secundárias viriam do BNDES, que pretende se desfazer de participações em Petrobras --que pode gerar até R$ 23,5 bilhões--, JBS e Copel. Em janeiro, o banco vendeu todas as ações que detinha da Light, com estimativa de arrecadação de cerca de R$ 400 milhões.

"A carteira do BNDES tem R$ 100 bilhões. Pode vir grande parte [à mercado], mas nem tudo neste ano. Eles são cuidadosos para não fazer pressão nos ativos", diz Rosenblit... folhapress Leia mais em yahoo 27/01/2020


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