27 janeiro 2020

Empresa de entregas compra rivais e dobra aposta no e-commerce

Com 250 caminhões e clientes como Via Varejo e Magazine Luiza, OnTime aposta que irá dobrar de tamanho em 2020

E-commerce: principal motivo que ainda aumenta os prazos são os pequenos lojistas do marketplace, que têm estrutura menos robusta para entregas

De olho no crescimento do comércio eletrônico, a OnTime, empresa de logística e transporte, adquiriu duas rivais.A companhia, que atua há dez anos com entregas de cargas, voltada principalmente ao comércio eletrônico, anunciou a compra das transportadoras BGS e SOLIS. A primeira, especializada em logística de pesados e a segunda, em transferência de carga fechada.

Entre os clientes da OnTime, estão gigantes do comércio eletrônico brasileiro como a Via Varejo, Magazine Luiza e suas marcas Netshoes e Zatini, Madeira Madeira, de móveis, e Wine, de vinhos.

Em 2019, a OnTime realizou 3 milhões de entregas e atingiu faturamento de 100 milhões de reais. São 230 colaboradores e uma frota de 15 caminhões próprios. Para ter mais flexibilidade nas entregas, aluga ainda outros 15 caminhões e trabalha com outros 200 veículos operados por terceirizados.

A OnTime Log atua em 5.500 municípios brasileiros com centros de distribuição em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco e Paraíba. Possui também sete operações dentro de centros de distribuição dos clientes. A maior parte do fluxo de entregas acontece no estado de São Paulo, onde 120 caminhões da OnTime circulam diariamente.

Diversificação

A OnTime nasceu para atender o comércio eletrônico e entregar produtos na casa de clientes, divisão que é responsável por 90% de seu faturamento.

Hoje, a empresa busca ampliar o leque de produtos oferecidos, trabalhando também com entregas para empresas, em centros de distribuição e abastecimentos de loja. Os negócios B2B ajudam a companhia a ter receitas maiores e mais recorrentes.

As aquisições devem ajudar nesse objetivo. “Há muito espaço para consolidação no mercado”, diz Carlos Figueiredo, diretor-presidente da OnTime Log.

A companhia, que surgiu há 10 anos, acompanhou o desenvolvimento do comércio eletrônico no país. De um negócio pequeno, o e-commerce se tornou mais relevante para as empresas, mais acelerado nas entregas e mais acirrado, com a entrada de novos concorrentes e o crescimento do marketplace, que trouxe dezenas de milhares de vendedores para o mundo digital.

Nesse período, os prazos para entrega foram sendo encurtados, por exigência do consumidor, diz Figueiredo. A entrega expressa, em até dois dias, é feita principalmente por motos. Em abril de 2019, a empresa passou a atuar também com cargas pesadas, com a abertura de um novo centro de distribuição em Cajamar, SP.

Em julho de 2019, a OnTime Log recebeu um aporte do fundo Fip Ávila, da Vinci Gestão de Patrimônio. Com o aporte, o fundo ampliou sua fatia na empresa de 15% para 91%.

Para o futuro, a OnTime aposta em logística reversa, modalidade relevante principalmente para o comércio eletrônico de moda, em que é preciso devolver peças com mais frequência.

O setor de transporte de carga está aquecido. Na semana passada, a Sequoia Logística anunciou que chegou a um faturamento de 1 bilhão de reais, após seis aquisições de rivais. A empresa espera abrir capital na bolsa este ano e atingir receitas de 1,25 bilhão de reais.

O mercado viu, nos últimos anos, o surgimento de diversas startups como Mandaê e CargoX e a asiática LalaMove chegou ao mercado brasileiro. A Uber vai investir 200 milhões de dólares por ano no Uber Freight, serviço para o transporte de cargas no mundo.

Além disso, as próprias varejistas começaram a criar serviços de transporte próprios. É o caso do Mercado Envios, que realiza até a coleta dos produtos nos estoques de certos vendedores, e da B2W, dona da Americanas.com e Submarino.com, que criou a divisão criou a plataforma de logística Let’s, que faz fulfillment e possui ainda o app Voe para conectar entregadores independentes e acelerar as entregas para até duas horas.

Cerca de 60% de toda carga que é transportada no país é levada pelas rodovias. Há 147 mil empresas transportadoras de carga, além de 492 mil autônomos, de acordo com a Confederação Nacional do Transporte.

Com a retomada do crescimento econômico, a logística também volta a aquecer. Houve aumento de 3,8% no fluxo de veículos de transporte nas rodovias de janeiro a outubro de 2019. O maior aumento foi no fluxo de transporte de cargas pesadas, de 4,5%, de acordo com a CNT.

Mesmo com o mercado em transformação, a OnTime aposta que sua eficiência e experiência no setor a mantenham pela próxima década. Por Karin Salomão.. Leia mais em exame 26/01/2020

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