Para sócio do braço de estratégia da PwC, fusões e aquisições de empresas do setor agropecuário no Brasil tendem a crescer 15% no ano que vem
O agronegócio brasileiro continuará no foco de investidores nacionais e estrangeiros em 2020. Gerson Charchat, sócio da Strategy&, braço de estratégia da PwC, diz que fusões e aquisições de empresas do setor agropecuário no Brasil tendem a crescer 15% no ano que vem. “Essa projeção está baseada no crescimento do PIB, na performance passada do segmento, taxa de juros baixa, presença de players internacionais e também de empresas pequenas com alta tecnologia, as agritechs”, enumera. Pelos mesmos motivos, a expectativa é de que em 2021 essas transações continuem crescendo dois dígitos. O executivo acrescenta que o País tem recebido demandas de fundos de private equity e de companhias estrangeiras interessadas neste movimento de fusões e aquisições na agropecuária do País.
Levantamento realizado pela PwC mostra que pelo menos 270 negócios desta modalidade foram fechados nos últimos cinco anos. “Do total, 130 envolveram grupos internacionais que vieram ao Brasil e adquiriram empresas locais e 45 tiveram a participação de fundos de private equity”, conta Charchat.
Os setores de produção e processamento responderam por 169 das operações de fusões e aquisições em cinco anos. Depois, vieram transporte e armazenagem, com 35; nutrição animal, com 21; e bioenergia, com 14. Somados, esses segmentos representam 85% do que foi realizado desde 2014, diz a pesquisa da PwC.
Do mundo
A norte-americana MSD Saúde Animal acaba de adquirir a Vaki, companhia de equipamentos de monitoramento de vídeo para peixes, da companhia de tratamento de água Pentair. “Com a compra da tecnologia, a empresa reforça o posicionamento no setor e amplia seu portfólio de aquicultura”, diz a MSD à coluna. O valor da transação não foi informado.
Em frente
Aquisições fazem parte da estratégia da MSD. Em dezembro de 2018, a companhia anunciou a compra do Grupo Antelliq para ampliar as soluções de identificação, rastreabilidade e monitoramento digital de animais. Já em março de 2019, adquiriu a Scan Aqua AS, empresa de saúde e bem-estar de peixes com sede na Noruega. Somente o negócio com a Antelliq envolveu 2,1 bilhões de euros.
Proteção
A Bayer espera crescimento das operações de barter no Brasil em 2020. “Tornou-se uma ferramenta de redução de risco tanto para o produtor quanto para as empresas”, diz Gerhard Bohne, presidente da divisão Crop Science da empresa no País, sobre a operação em que o produtor recebe insumos para o plantio e paga na colheita com grãos. Bohne, porém, não dá números. A incerteza com a negociação entre Estados Unidos e China e a volatilidade do câmbio contribuem para que agricultores façam barter.
Ponto crítico
A Bayer está avaliando as consequências do aumento das recuperações judiciais de produtores rurais e da decisão judicial que inclui dívidas assumidas antes do registro empresarial no processo. “Ainda não está totalmente claro o efeito disso no crédito no Brasil”, afirma o executivo. “Já vimos um questionamento maior dos bancos e estamos analisando o impacto que isso pode causar no nosso negócio.”
Incógnitas
Apesar das projeções positivas para as áreas de grãos, carnes e cana-de-açúcar, o coordenador da GV Agro e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, alerta que o setor carrega para 2020 dúvidas que podem influenciar os preços das commodities agrícolas. As principais são o desfecho das negociações entre EUA e China e o acordo entre Mercosul e União Europeia.
Ao natural
A startup norte-americana Provivi vai investir R$ 25 milhões no Brasil para oferecer, até 2020, uma solução natural de controle de pragas. O alvo é a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), que ataca milho, soja e algodão. Será empregada uma solução à base de feromônios, que interferem na reprodução do inseto. O brasileiro Pedro Coelho, um dos fundadores da Provivi com Frances Arnold, Prêmio Nobel de Química, e Peter Meinhold, diz que a técnica já é bastante usada na fruticultura. Entre os investidores, cujo aporte já soma US$ 140 milhões desde 2013, estão Corteva e Basf Venture Capital. COLABORARAM LETICIA PAKULSKI E TÂNIA RABELLO. Coluna do Broadcast Agro, O Estado de S. Paulo. Leia mais em estadao 23/12/2019
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